8 ações de dividendos indicadas para julho; CPFE3 estreia entre os destaques

EGIE3 permanece líder isolada e ITUB4 sobe para o segundo lugar, ao lado de VIVT3 e VALE3

Márcio Anaya

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O índice de dividendos da Bolsa (IDIV) fechou junho em alta de 8,8%, aos 7.819 pontos – alcançando o terceiro mês consecutivo de ganhos. Com o desempenho, o resultado acumulado no primeiro semestre é positivo em 9,3%, superando o Ibovespa, que apresenta valorização de 7,6% no mesmo intervalo.

Em meio à expectativa quanto ao início da redução dos juros – aguardado para agosto – e atentos aos fundamentos das empresas, os analistas fizeram apenas ajustes pontuais nas carteiras recomendadas de dividendos. Neste mês, as trocas de papéis caíram quase 30% frente a junho.

Como resultado, a lista de ações mais indicadas pelas corretoras trouxe como novidade apenas o ingresso de CPFL Energia (CPFE3), com um total de quatro apontamentos.

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A elétrica Engie (EGIE3) segue isolada no topo do ranking, com seis indicações, e o segundo lugar tem agora a presença do Itaú (ITUB4), presente em cinco portfólios selecionados, mesmo número registrado por Telefônica Brasil (VIVT3) e Vale (VALE3).

O bloco seguinte traz os papéis da Auren Energia (AURE3), Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras (PETR4), todos com quatro citações.

Confira as análises sobre cada empresa:

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Em relatório, a BB Investimentos lembra que, desde a segunda quinzena de março, quando ficou pouco abaixo dos 98 mil pontos, o Ibovespa acumula um ganho aproximado de 20% em dólar, perdendo apenas do México entre as Bolsas mais relevantes da América Latina – mas à frente da China.

Segundo a corretora, “a discussão sobre o momento para realização de lucros é válida”, mas é preciso analisar outros aspectos. Do ponto de vista dos fundamentos, por exemplo, os fatores necessários para revisões mais consistentes nos resultados das companhias ainda dão sinais mistos.

“Até finalizarmos a safra de balanços do segundo trimestre, em agosto, não devemos promover alterações em nosso preço-alvo do Ibovespa para 2023, em 127 mil pontos”, diz a instituição.

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“Temos um viés de revisão para cima, mas nossa leitura atual é a de que os resultados de 2023 ainda devem refletir pressão de margens, tanto pela elevação de custos quanto pelas despesas financeiras, em função dos juros médios mais elevados na comparação anual.”

Todo início de mês, o InfoMoney traz um levantamento das carteiras de ações recomendadas para quem tem foco em dividendos, apontando os cinco papéis preferidos dos analistas. O número pode ser maior, se houver empate – como ocorreu mais uma vez.

A análise engloba os portfólios divulgados por dez corretoras.

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Veja a seguir as oito empresas selecionadas para julho:

Empresa Ticker Nº de recomendações Dividend yield em 12 meses (%) Retorno em junho (%) Retorno em 2023 (%) Retorno em 12 meses (%)
Engie EGIE3 6 8,03% 8,71% 25,78% 19,78%
Itaú Unibanco ITUB4 5 6,76% 9,01% 16,53% 33,08%
Telefônica Brasil VIVT3 5 5,16% 8,70% 18,67% -2,27%
Vale VALE3 5 7,43% 0,64% -26,16% -9,53%
Auren Energia AURE3 4 11,01% 1,78% 7,52% 16,29%
Banco do Brasil BBAS3 4 13,49% 13,45% 50,05% 65,64%
CPFL Energia CPFE3 4 6,81% 13,57% 10,60% 18,91%
Petrobras PETR4 4 53,11% 20,46% 44,23% 77,57%

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.

CPFL Energia (CPFE3)

A companhia ingressou em dois portfólios indicados para julho e, com um total de quatro recomendações, é novidade na relação de destaques do mês. Além disso, é a primeira vez no ano que o papel figura entre os mais citados nas análises de dividendos.

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Em relatório, o BTG Pactual afirma que a CPFE3 vem sendo negociada a uma taxa interna de retorno (TIR) real de 10,2%, ao mesmo tempo em que entregou fortes resultados operacionais, que permitiram volumes expressivos de dividendos nos últimos dois anos.

“A CPFL distribuiu um payout [fatia do lucro líquido destinada aos proventos] de 100% nos últimos dois anos, o que foi fundamental para o excelente desempenho das ações em 2022”, afirma a instituição. “Assim, esperamos que o mercado siga de perto as decisões de alocação de capital nos próximos meses.”

Engie (EGIE3)

A empresa perdeu uma indicação frente a junho, mas segue no topo do ranking entre os papéis de dividendos. Neste mês, o ativo está presente em seis carteiras.

“Continuamos a acreditar que a distribuição de dividendos da Engie deva se manter no patamar de 100% dos lucros em 2023, tendo em vista a situação confortável de caixa da companhia”, avalia a XP Investimentos.

A corretora estima um retorno médio com proventos de 12% para os papéis da elétrica neste ano.

Itaú Unibanco (ITUB4)

A instituição financeira ganhou uma recomendação e subiu para o segundo lugar no levantamento deste mês, ao lado de Telefônica Brasil (VIVT3) e Vale (VALE3). Todas têm cinco indicações.

O BTG afirma que o Itaú segue como Top Pick de sua cobertura entre os bancos brasileiros, “apresentando forte crescimento comercial nos últimos 18 meses, impulsionado por uma transformação cultural”.

Para este ano, a casa projeta um crescimento de 15% no lucro líquido do Itaú, após avanço de aproximadamente 20% em 2022.

“Com o status de banco premium, valuation atraente e exposição a uma carteira mais defensiva, reiteramos o ITUB4 como uma recomendação de compra e uma de nossas principais teses no setor financeiro.”

Vale (VALE3)

A empresa segue presente em cinco portfólios de dividendos neste mês.

Para a BB Investimentos, embora o minério de ferro tenha passado por uma correção nos últimos dias, os preços têm se mantido em níveis elevados, o que deve contribuir para que a Vale entregue um resultado “satisfatório” relativo ao segundo trimestre.

A corretora lembra que a companhia recompôs seus estoques e pode capturar com facilidade uma eventual aceleração do consumo na China.

Telefônica Brasil (VIVT3)

A companhia, dona da marca Vivo, encerra o bloco de papéis com cinco recomendações em julho.

Na Santander Corretora, as ações figuram como Top Pick do setor de telecomunicações, após uma atualização recente das estimativas. O preço-alvo dos papéis da Telefônica para este ano, por exemplo, subiu de R$ 52 para R$ 55.

Os analistas explicam que o ajuste deriva de um aumento aproximado de 3% nas projeções de receita líquida e Ebitda para 2023, além de um incremento de cerca de 10% no lucro líquido esperado.

Banco do Brasil (BBAS3)

A instituição perdeu uma indicação neste mês, mas segue entre os papéis preferidos em dividendos, presente em quatro carteiras.

A XP, por exemplo, aumentou de 10% para 15% o peso relativo do BB em seu portfólio recomendado para julho, por entender que o ativo vem sendo negociado a múltiplos excessivamente descontados.

A corretora espera que as ações do banco tragam um retorno com dividendos de aproximadamente 9% nos próximos anos.

Segundo a XP, uma maior capitalização, continuidade da tendência positiva de lucros e manutenção do perfil defensivo da carteira de crédito – refletido em menores índices de inadimplência – devem contribuir para uma distribuição relevante de proventos.

Petrobras (PETR4)

A petrolífera sustentou as quatro escolhas vistas em junho e permanece entre os destaques.

O papel está presente em diversas carteiras recomendadas pela BB Investimentos neste mês, entre elas a de dividendos.

“A Petrobras segue apresentando bons resultados operacionais e financeiros, com perspectivas de aumento na produção e aproveitando a combinação de menores custos operacionais e baixo patamar de alavancagem”, afirma a instituição.

Segundo a corretora, mesmo com eventuais revisões no plano estratégico 2023-27, a companhia deve manter o foco no pré-sal e, portanto, seguir com rentabilidade atrativa, ainda que ocorra uma entrada gradual em segmentos de energia renovável.

Auren Energia (AURE3)

A empresa fecha a lista de destaques de julho, também com quatro apontamentos.

Na opinião do BTG, a companhia apresenta um alto nível, com boa equipe de gestão e muita disciplina de alocação de capital.

O banco lembra que, após uma indenização de R$ 4,1 bilhões relativa ao contrato da usina de Três Irmãos, a Auren divulgou um pagamento de R$ 1,5 bilhão em dividendos, equivalente a um retorno de aproximadamente 10%.

De acordo com a instituição, o anúncio pode ser acompanhado de uma distribuição adicional de mais R$ 1,5 bilhão no fim deste ano, o que resultaria em um yield combinado de cerca de 20%.

Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney