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A tempestade perfeita que abalou companhias como Americanas (AMER3), Light (LIGT3), CVC (CVCB3) e Marisa (AMAR3) afastou empresas do mercado primário de crédito e fez cair o volume emitido em debêntures – dos R$ 18,7 bilhões registrados em janeiro para R$ 6,6 bilhões em fevereiro.
O montante emitido também foi o mais baixo nos últimos 12 meses, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) nesta semana.
“O cenário deste início de ano tem sido marcado por incertezas, tanto sobre questões macroeconômicas quanto por conta de alguns eventos específicos. Os emissores estão aguardando um momento mais propício para a retomada de suas operações”, afirmou José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima.
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O rebuliço provocado por grandes empresas do setor de varejo e algumas do setor turismo fez com que os spreads (juros adicionais que um ativo de crédito oferece em relação aos títulos públicos, considerados de baixo risco) tivessem uma alta no mercado secundário, o que levou a uma reprecificação de vários ativos de crédito.
Em relatório mensal divulgado na segunda-feira (6), a gestora JGP informou que, excluindo o efeito da nova precificação de ativos da Americanas e da Light, os spreads médios ponderados das debêntures atreladas ao CDI saíram de 2,03% em janeiro para 2,62% ao ano em fevereiro. Os números são do Idex-CDI, índice desenvolvido pela casa para acompanhar o mercado de debêntures com retorno indexado ao CDI.
O cenário também levou os bancos a restringir a oferta de crédito, o que trouxe preocupação em meio a uma Selic elevada – em 13,75% – e chance de manutenção em patamares altos por mais tempo. Diante de maiores restrições para pegar financiamentos com instituições financeiras e com dificuldade de captar via mercado primário de capitais, as empresas encontram mais dificuldade para rolar dívidas e manter a sua estrutura de capital.
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Não à toa, relatório do Itaú BBA divulgado nesta semana informou que agências de classificação de risco de crédito realizaram uma série de rebaixamentos. Nos cálculos da instituição, entre janeiro e fevereiro deste ano, foram 24 que afetaram 15 empresas e sete revisões negativas no cenário para as companhias.
A avalanche de notícias deixou marcas também nos retornos de fundos de renda fixa. Das 16 subclasses, apenas quatro tiveram desempenho acima do CDI em fevereiro. É o caso das carteiras do tipo “renda fixa indexados”, “renda fixa duração alta soberano”, “renda fixa duração alto grau de investimento” e “renda fixa dívida externa” – com destaque para o último, que obteve ganhos de 1,70% no mês.
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Emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) também registraram uma queda em fevereiro. Segundo a Anbima, o volume emitido caiu de R$ 835 milhões para R$ 545 milhões.
Fundos que investem em direitos creditórios (FIDCs), ou seja, que possuem exposição ao mercado de crédito, também não conseguiram escapar do movimento. Ao todo, o volume emitido em produtos do tipo chegou a R$ 767 milhões, bem abaixo dos R$ 2,2 bilhões registrados em janeiro.
Dentro da renda fixa, apenas Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e notas comerciais conseguiram registrar um aumento nas emissões em fevereiro, com o volume saltando de R$ 1,0 bilhão para R$ 1,9 bilhão, e de R$ 745 milhões para R$ 1,4 bilhão, respectivamente, na comparação mensal.
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Já considerando instrumentos de renda variável e híbridos, as emissões de Fundos Imobiliários (FIIs) chegaram a R$ 1,4 bilhão no mês passado. O resultado representa recuo de 5,8% em relação a janeiro e avanço de 567,5% na comparação anual.
Fundos de Investimento nas Cadeias Agroindustriais (Fiagros), por sua vez, registraram R$ 376 milhões em emissões. Vale destacar que entre as ofertas em andamento até o fim do último mês, 15 foram de FIIs e Fiagros, somando cerca de R$ 4,7 bilhões. Não foram registradas ofertas de renda variável e no mercado externo em fevereiro.
Ao todo, as ofertas de companhias brasileiras no mercado de capitais somaram R$ 13,04 bilhões em fevereiro, resultado que representou recuo de 51,2% em relação a janeiro, quando foram alcançados R$ 26,7 bilhões.
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Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda é de 73,2%. Até o encerramento de fevereiro, outras 21 operações estavam em andamento, com volume estimado de R$ 14 bilhões, e 16 passavam por análise, com cerca de R$ 5,2 bilhões – desconsiderando as ofertas de ações, segundo a Anbima.