Ações baratas e diversificação: por que vale a pena investir na Europa agora, na visão de Fabio Riccelli, da Fidelity International

Convidado do 23º episódio do Outliers, gestor vê potencial em ações dos setores de saúde, meios de pagamento e distribuição de produtos químicos

Eduardo Rosin

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SÃO PAULO – Além de volatilidade, a pandemia da Covid-19 provocou um rearranjo na carteira da maioria dos investidores ao redor do mundo. As bolsas asiáticas, por exemplo passaram a ser mais procuradas, em razão da recuperação mais rápida dessas economias.

Na visão de Fabio Riccelli, gestor da Fidelity International, porém, os investidores também deveriam considerar o mercado acionário europeu para seus portfólios.

“Existem várias razões para se investir na Europa. A primeira delas é a diversificação internacional no portfólio. A segunda é que a Europa oferece empresas globais de altíssima qualidade, como Roche, AstraZeneca, Danone e Nestlé. Então, quando você está investindo num fundo Europa, você não está só comprando a economia europeia, mas empresas que têm exposição global com uma perspectiva de crescimento muito interessante”, disse Riccelli, no episódio 23º episódio do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, analista de fundos da XP.

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Outro ponto a favor do mercado europeu, ressaltou, reside na avaliação de negociação a múltiplos de preços atrativos na comparação com outros mercados desenvolvidos, como dos Estados Unidos e da Ásia.

Riccelli estudou finanças na The University of Manchester e está há 22 anos na Fidelity International, onde é responsável por fundos de ações europeias. Com sede em Londres, a empresa tem 75 escritórios pelo mundo. Na América do Sul, está localizada no Brasil e no Chile.

Os dois principais fundos sob gestão do brasileiro na Fidelity International são o Fidelity European Dynamic Growth e o Fidelity European Long Biased, sendo este o único produto da casa disponível no Brasil, com parceria da XP Investimentos (clique aqui para investir).

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O Fidelity European Long Biased tem entre 30 e 40 ações na carteira “long” (ou seja, comprada) e de 10 a 20 na parte “short” (que aposta na queda dos papéis). A exposição líquida à Bolsa é próxima de 100% e a bruta chega a 160%. O fundo conta com exposição cambial.

Ricelli explicou que o fundo da Fidelity International não utiliza a análise macroeconômica como ferramenta principal para a seleção dos ativos, mas, sim, a avaliação dos fundamentos das companhias.

“Quando escolhemos uma empresa, procuramos teses de investimentos em que o fator principal seja algo interno. Por exemplo, uma prestadora de serviços para grandes instituições tem uma tecnologia fantástica que é utilizada por apenas 10% do mercado, mas em pouco tempo 50% do mercado vai usar essa tecnologia. Este é o estilo de investimento que buscamos”, afirmou.

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Saúde como destaque no portfólio

Um dos grandes temas na carteira de fundos geridos por Riccelli é o da área da saúde – ações desse setor respondem por cerca de 20% do patrimônio líquido. A maior posição pertence à Novo Nordisk, líder mundial em insulina, com mais de 40% de participação de mercado na área de insulina.

“A diabetes é praticamente uma pandemia. Estima-se que apenas na China mais de 100 milhões de pessoas têm essa doença e que apenas 10% são tratadas. Então, existe um potencial de investimento e crescimento gigante”, disse o gestor.

A tecnologia de pagamentos representa quase 10% do fundo e é o segundo grande tema o portfólio. Riccelli destaca que, na Europa, ocorre uma consolidação de empresas intermediárias no segmento.

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“Existe uma tendência global, principalmente na Europa, de maior uso de pagamentos eletrônicos por celular, e também uma proliferação de meios de pagamentos, como o Google Pay e Apple Pay. A empresa com maior posição que possuímos é a francesa Worlline. Além dela, temos também a italiana Nexi. Essas são as duas maiores empresas europeias em meios de pagamentos, crescendo de 15% a 20% ao ano”, observou.

Uma das grandes apostas também recai sobre a holandesa Prosus, uma das maiores companhias de internet da Europa e que vem realizando investimentos em vários setores. Ela tem fatias de grandes empresas, como a gigante chinesa Tencet e a brasileira iFood.

“Ela possui ativos fantásticos no mercado e acredito que, no curto prazo, como em 18 meses ou um ano, ela tenha potencial para duplicar”, afirmou.

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Riccelli ressaltou ainda na conversa a importância da diversificação. “Um grande analista tem um índice de acerto de 60% no período de um ano. Por isso, acredito na importância de se ter um portfólio diversificado, pois essa é uma maneira de controlar o risco da carteira.”

Confira a entrevista completa com Fabio Riccelli, gestor da Fidelity International, assim como os episódios anteriores do Outliers pelo Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcast.

Eduardo Rosin

Jornalista colaborador do InfoMoney