Americanas deixa de pagar juros das debêntures LAMEA7 a investidores após medidas da Justiça

Os papéis são atrelados ao CDI (taxa de referência da renda fixa) e a emissão ocorreu em julho de 2022; na época, captação foi de R$ 2 bilhões

Bruna Furlani

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A Americanas ([AMER3]) informou nesta terça-feira (17) que deixou de pagar os juros remuneratórios da 17ª emissão de debêntures. O pagamento estava previsto para ser realizado na segunda (16), de acordo com o fato relevante assinado pelo diretor presidente, João Guerra.

O papel em questão tem o código LAMEA7, segundo informações disponíveis no site da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Tais papéis são atrelados ao CDI (taxa de referência da renda fixa) e a emissão ocorreu em julho de 2022. Na época, a captação foi de R$ 2 bilhões.

No documento, a empresa informou que a medida é consequência da decisão proferida pela 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Na sexta-feira (13), o juiz Paulo Assed concedeu uma medida de tutela de urgência cautelar a pedido da Americanas contra o vencimento antecipado de dívidas.

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A decisão deu fôlego para a empresa enfrentar uma crise sem precedentes após ter anunciado um rombo contábil de R$ 20 bilhões, podendo chegar a R$ 40 bilhões. Além, disso, após a decisão, o TJRJ deu 30 dias corridos para a Americanas entrar com pedido de recuperação judicial.

Segundo o documento, tendo em vista o que consta na decisão da Justiça, a exigibilidade dos juros previstos na cláusula 4.2.2 da escritura da 17ª emissão de debêntures da companhia encontra-se “suspensa”.

Piora na classificação de risco de crédito

Após a descoberta de “inconsistências contábeis” no balanço da empresa na semana passada, a classificação de risco de crédito (rating) da varejista por agências piorou bastante.

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Ontem (16), a agência de classificação de risco Moody’s cortou a nota de crédito da Americanas (AMER3) de ‘Ba2’ para ‘Caa3’ e colocou o rating em revisão para rebaixamento adicional, acompanhando o movimento de suas pares Fitch e Standard & Poor’s na última sexta-feira.

De acordo com a escala da Moody’s, obrigações classificadas como ‘Caa’ são consideradas especulativas com baixo posição e estão sujeitas a risco de crédito muito elevado. A nota ‘Ba’ também representa obrigações consideradas especulativas, mas sujeitas a substancial risco de crédito.

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A decisão, de acordo com a Moody’s, segue o anúncio de sexta-feira, com as decisões favoráveis da Justiça.

“A Moody’s acredita que, na ausência de um acordo com os credores para salvaguardar a liquidez, é provável que a empresa entre em recuperação judicial dentro de 30 dias a partir do anúncio”, afirmou em comunicado.

Na sexta-feira passada (13), a agência de classificação de risco  Fitch Ratings já havia rebaixado a nota de crédito da Americanas (AMER3) para ‘CC’, de ‘BB’ na escala global e para ‘CC(bra)’ de ‘AA+(bra)’ na escala nacional. O rebaixamento se reflete nos ratings dos bonds e debêntures da companhia.