Antigo fundo da Infinity Asset fecha pela 2ª vez no ano após iliquidez de ativos

Situação complicada fez patrimônio líquido do produto recuar de R$ 713 milhões em dezembro de 2022 para R$ 290,3 milhões agora

Bruna Furlani

(Shutterstock)
(Shutterstock)

Publicidade

Os imbróglios envolvendo antigo fundo da Infinity Asset parecem longe de terminar – até mesmo depois da troca de gestão, que está nas mãos da Vanquish Asset Management desde abril deste ano.

Segundo fato relevante divulgado na quarta-feira (17), a administradora do fundo voltou a fechar o antigo Infinity Select Renda Fixa Longo Prazo, atual Vanquish Pipa FIRF LP, para resgates e aplicações. A justificativa apresentada é que houve “iliquidez dos ativos componentes da carteira” e necessidade de reavaliação.

No acumulado deste ano até abril, o retorno do fundo está em 7,35% ao ano, contra 4,20% do CDI. Apenas no mês passado, o ganho do fundo foi de 1,60%, acima dos 0,92% do CDI.

Continua depois da publicidade

Em 3 de março, o fundo foi reaberto após deliberação da Assembleia Geral de Cotistas realizada em 28 de fevereiro deste ano e que alterou o regulamento do produto para mudar o prazo de pagamento dos resgates.

Essa é a segunda vez apenas neste ano que o fundo fecha por problemas de iliquidez com os ativos que compõem a carteira. A última vez tinha sido em 7 de fevereiro.

A situação complicada envolvendo o fundo teve como consequência um aumento no número de resgates e uma forte diminuição do patrimônio líquido do produto, que passou de R$ 713 milhões em dezembro de 2022 para R$ 290,3 milhões agora, segundo dados até a última terça-feira (16).

Continua depois da publicidade

Entenda o caso

No começo de fevereiro, a famosa gestora Infinity Asset, que foi fundada em 1999, anunciou o fechamento para resgates e aplicações de três fundos de renda fixa da casa: Infinity Tiger Alocação Dinâmica, Infinity Lotus e Infinity Select.

A medida foi tomada em razão do “aumento repentino e atípico, considerando o histórico do fundo, de pedidos de resgate por parte dos cotistas”, segundo fato relevante divulgado na época. Os saques na gestora começaram após a casa perder o selo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em dezembro de 2022.

De acordo com informações da associação, a casa foi desligada por causa do descumprimento de melhores práticas, como a realização de investimentos em violação aos limites previstos nos regulamentos; falhas no processo de acompanhamento dos riscos de crédito das operações realizadas nos fundos; falhas na administração de potenciais conflitos de interesses; falta de independência na área responsável por gestão de risco e compliance e falhas no processo de rateio de ordens.

Continua depois da publicidade

O julgamento pelo conselho de melhores práticas da Anbima aconteceu em dezembro de 2020, mas os efeitos da decisão estavam suspensos em cumprimento de liminar, que tinha sido concedida à Infinity em ação que tramita em segredo de Justiça no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

A perda do selo da Anbima não impedia a gestora de continuar operando, já que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão responsável por autorizar o funcionamento e registro da instituição.

No fato relevante divulgado na época, a Infinity defendeu que não foi assegurado o seu pleno exercício do contraditório e da ampla defesa na ação judicial. A casa disse ainda que “permanece cumprindo em todos os seus atos as diretrizes contidas nos manuais de melhores práticas e respeitando os códigos da Anbima”.