Aposta em Selic de 13,75% predomina, mas convicção já foi maior; veja o que indicam as opções de Copom

Mercado precifica 65,75% de probabilidade de manutenção da Selic, número que chegou a alcançar 81% cerca de 15 dias atrás

Mariana Segala

(Getty Images)
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Nos últimos 15 dias, a certeza quase absoluta de que a Selic – taxa básica de juros – seria mantida em 13,75% ao ano na reunião de política monetária que o Banco Central encerra nesta quarta-feira (21) diminuiu, ao menos em parte.

É o que sugere o mercado de opções de Copom, um tipo de derivativo que permite aos investidores tentar “acertar” quais serão as próximas decisões de juros do Comitê de Política Monetária – o Copom. O contrato, que vence sempre no dia de cada reunião, pode ser negociado no home broker e se baseia na expectativa de variação para a Selic naquela ocasião.

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Considerando o histórico de preços a que as opções de Copom vinham sendo negociadas, o mercado chegou a atribuir 81% de probabilidade de a Selic ser mantida em 13,75% ao ano no encontro de hoje. Esse era o cenário de 15 dias atrás. De lá para cá, as chances de manutenção precificadas pelo mercado caíram até 60,5% na sexta-feira (16). Nesta terça, estavam em 65,75%.

Em paralelo, a probabilidade de uma elevação de 0,25 ponto percentual na taxa, para 14% ao ano, aumentou de 15% para 40,29% em dez dias. Ontem, era estimada em 33%.

“Houve um aumento da percepção de risco do aumento da Selic após a última ata do Copom e de comentários do presidente do BC sobre o teto da taxa básica de juros”, diz William Carnevalle de Vuono, coordenador de riscos da Ouro Preto Investimentos.

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No início de setembro, exatamente quando as apostas do mercado se concentravam mais na probabilidade de manutenção, o tom da diretoria do BC em pronunciamentos públicos fez lembrar que, em se tratando de Selic, o jogo só acaba quando termina.

Roberto Campos Neto, presidente da autoridade monetária, retomou as discussões sobre uma possível alta residual da Selic neste mês, ao dizer que a mensagem do encontro mais recente segue válida, e completou afirmando que o comitê não pensava em queda de juros naquele momento. No dia seguinte, Bruno Serra, diretor de Política Monetária, , destacou que o BC já foi muito surpreendido no atual ciclo de aperto monetário e que é preciso cautela no encerramento, apesar de grande parte da alta de juros ainda não ter tido efeito.

Fora isso, há os dados de inflação. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registou dois meses seguidos de resultado negativo – ou seja, de redução de preços na economia. O núcleo, porém, chegou a acelerar.

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Também denominado “inflação subjacente”, o núcleo é calculado desconsiderando distúrbios devido a choques temporários, numa tentativa de capturar a tendência dos preços à frente. No IPCA de agosto, divulgado no início deste mês, os núcleos registraram avanço, na média, de 0,66%, contra 0,53% no mês anterior e expectativa do mercado de 0,54%, como lembra relatório do Barclays.

“O núcleo da inflação acima do esperado mostra que talvez seja necessário um aperto maior pelo BC”, diz Mauro Morelli, estrategista chefe da Davos Investimentos. Sua visão é de que a “Super Quarta” terminará com a Selic fixada em 14% ao ano. “É o necessário para o Banco Central ganhar ainda mais credibilidade, dado que a inflação continua alta, demorou pra cair e ainda não está com sinal claro se seguirá caindo”.

Vuono, da Ouro Preto, por sua vez, mantém a aposta na permanência da Selic em 13,75% ao ano, principalmente após o recente anúncio da redução do preço do diesel pela Petrobras, fora o recuo recente das cotações internacionais do barril de petróleo. Os combustíveis foram um dos principais motores para a inflação ao longo deste ano, dado que os preços do petróleo dispararam após o início da invasão russa à Ucrânia e são repassados aos refinados pela Petrobras.

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Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, também têm a expectativa de que juros fiquem em 13,75% ao ano. “Também esperamos que o Copom indique que fará uma pausa no processo de alta da taxa básica de juros, para aguardar sinalizações mais concretas do que vem à frente. Isso porque há riscos importantes tanto no cenário doméstico quanto internacional em relação ao comportamento da inflação nos próximos meses”, diz em relatório.

Uma pesquisa realizada pela XP com 86 investidores institucionais entre segunda e terça-feira indica que 84% deles apostam também na manutenção da taxa. Considerando os próximos encontros do Copom, a manutenção também é vista como o resultado mais provável para 98% deles em outubro, 98% na reunião de dezembro, 91% na de fevereiro do próximo ano e 81% na de março.

Mariana Segala

Editora de Investimentos do InfoMoney