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O principal índice da Bolsa (Ibovespa) apresentou ganho de 9% em junho, atingindo 118.087 pontos. Com três meses consecutivos de valorização, o desempenho acumulado no primeiro semestre fechou positivo em 7,6%.
Com dados do PIB do primeiro trimestre – que avançou 1,9% frente ao período imediatamente anterior –, inflação perdendo força e horizonte de juros menores no radar, os analistas mais uma vez promoveram diversas mudanças nas carteiras recomendadas de ações.
Neste mês, Totvs (TOTS3) ganhou terreno e agora divide o segundo lugar com o Itaú Unibanco (ITUB4) entre as mais indicadas. Além disso, dois novos papéis figuram entre os destaques: Banco do Brasil (BBAS3), que retorna à lista, e Copel (CPLE6), que aparece pela primeira vez no ano.
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A primeira colocação segue com a Vale (VALE3), presente em oito dos dez portfólios analisados mensalmente pelo InfoMoney.
As ações da Prio (PRIO3) permanecem com quatro apontamentos e fecham a relação de julho.
Em contrapartida, Localiza (RENT3), Multiplan (MULT3) e Petrobras (PETR4) perderam recomendações e deixam o rol das mais citadas neste mês.
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Confira as análises sobre cada empresa:
Em uma perspectiva mais geral, a conjuntura para a Bolsa tem apresentado melhora, comentam os especialistas.
“A menor percepção de risco político/fiscal, iniciada em maio após a aprovação do novo arcabouço fiscal pela Câmara dos Deputados e que continuou em junho, está retirando a pressão dos juros reais de longo prazo (de 6,2% em março para 5,3% em junho), alimentando o mercado acionário”, diz o BTG Pactual.
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Segundo o banco, os cortes nas expectativas de inflação também reforçaram as apostas de que o governo começará a reduzir os juros em agosto.
No relatório deste mês, a instituição traz alguns cenários que balizaram estimativas para o valor justo do Ibovespa em 12 meses.
Em um deles, considerando a taxa de juros real de longo prazo em 4,5% (atualmente é de 5,25%), crescimento real do PIB de 1,5% e inflação de 3,5% (mais próxima do ponto médio da meta), o principal índice da B3 ficaria próximo de 132 mil pontos, calcula o BTG. O patamar representa um potencial de valorização de 12% frente a junho deste ano.
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Todos os meses, o InfoMoney analisa as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais indicadas pelos analistas. O número pode ser maior, caso haja empate, como ocorreu novamente.
Veja a seguir as seis ações mais citadas para julho, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de junho, em 2023 e em 12 meses:
Empresa | Ticker | Nº de recomendações | Retorno em junho | Retorno em 2023 | Retorno em 12 meses |
Vale | VALE3 | 8 | 0,64% | -26,16% | -9,53% |
Itaú Unibanco | ITUB4 | 6 | 9,01% | 16,53% | 33,08% |
Totvs | TOTS3 | 6 | 4,24% | 9,38% | 30,35% |
Banco do Brasil | BBAS3 | 4 | 13,45% | 50,05% | 65,64% |
Copel | CPLE6 | 4 | 11,73% | 4,80% | 26,70% |
Prio | PRIO3 | 4 | 8,45% | -0,35% | 68,62% |
Ibovespa | * | 9,00% | 7,61% | 19,83% |
Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.
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Acompanhe agora os destaques de cada uma das empresas selecionadas para o mês, segundo relatórios divulgados pelas corretoras.
Vale (VALE3)
A companhia sustentou as oito recomendações recebidas no mês passado e segue firme em primeiro lugar.
A Santander Corretora comenta que, apesar da recente queda nos preços de minério de ferro no mercado internacional, de cerca de 10% desde meados de março, mantém uma visão positiva sobre a commodity no médio prazo.
Segundo a instituição, a tese se baseia na restrição de oferta, uma vez que os desafios de suprimento permanecem e devem sustentar os preços do produto acima de US$ 100 a tonelada por mais tempo.
“Embora a Vale não seja mais a nossa Top Pick do setor de Siderurgia & Mineração (para os próximos meses, ressaltamos a preferência por cobre vs. minério de ferro), ainda observamos suas ações negociando a um valuation atraente”, dizem os analistas.
Entre os direcionadores do papel da empresa, eles citam a retomada mais forte da atividade industrial na China, distribuição de dividendos e programas de recompra, além de uma possível segmentação ou lançamento inicial de ações da unidade de metais básicos, o que poderia “destravar valor” para a Vale.
Totvs (TOTS3)
Considerada a maior companhia de tecnologia do país, a Totvs ganhou uma indicação neste mês e subiu para o segundo lugar no ranking geral, ao lado de Itaú, com um total de seis apontamentos.
De acordo com a Ágora Investimentos, trata-se de um papel com potencial para se beneficiar de uma eventual melhora expressiva no cenário econômico.
“Os resultados mais recentes da empresa foram consistentes com essa visão, já que o crescimento foi amplamente sustentado pela sua divisão principal [gestão], com bom desempenho de margens.”
Diante disso, a corretora atualizou recentemente o preço-alvo estimado para as ações da Totvs (R$ 34), pois acredita que a companhia seguirá apresentando forte expansão de receita, com bom desempenho de sua divisão principal nos próximos trimestres.
Itaú Unibanco (ITUB4)
Com seis escolhas, o banco permanece na segunda posição do levantamento mensal.
Em relatório, a Ágora ressalta que a margem financeira da instituição continua a apresentar tendências saudáveis, apesar da sazonalidade, com expansão da carteira de crédito e qualidade de ativos estável. O comentário tem como referência o balanço do primeiro trimestre.
Apesar de ter reduzido em 2% a projeção de lucro líquido do Itaú para este ano (R$ 34,1 bilhões), a corretora espera que o ganho líquido recorrente cresça quase 11% em 2023 e também em 2024.
Em relação ao retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), a estimativa aponta para um patamar de 19% neste ano e de 18% no próximo, afirmam os especialistas. Entre janeiro e março, o indicador ficou em 20,7%.
Banco do Brasil (BBAS3)
Após ficar de fora em junho, o banco estatal retornou à lista das ações mais recomendadas. Neste mês, os papéis estrearam em um dos portfólios analisados e abrem o bloco dos ativos com quatro indicações.
“Mesmo após o desempenho de aproximadamente 50% no acumulado do ano, vemos as ações do BBAS3 como atraentes, pois continuamos a acreditar na capacidade e no compromisso do banco em oferecer retornos sólidos aos acionistas”, diz o BTG.
A instituição afirma que, após os resultados do primeiro trimestre, aumentou para R$ 35,5 bilhões a projeção de lucro líquido do BB para este ano, com um retorno via dividendos estimado em 10%.
“Nós entendemos os riscos de uma empresa estatal, mas acreditamos que o BB tem seus ‘anticorpos’ com a assimetria ainda bastante atraente nos níveis de preços atuais.”
Copel (CPLE6)
Ao ingressar em uma das carteiras recomendadas para julho, a companhia elétrica do Paraná atingiu quatro citações e figura entre os destaques pela primeira vez em 2023.
Recentemente, a Ágora calculou um novo preço-alvo para as ações da empresa neste ano, de R$ 12, assumindo a probabilidade de 100% de privatização até outubro.
Segundo a corretora, dois fatores pesaram nessa estimativa: a garantia mínima para prorrogar três das concessões de usinas hidrelétricas do grupo (80% da capacidade) e a liberação de ações que estavam bloqueadas como garantia de dívida do Estado do Paraná com um banco local.
Os analistas da casa citam ainda alguns pontos favoráveis à venda da empresa, como a redução de aproximadamente 17% nas despesas operacionais e a queda no custo de capital.
Prio (PRIO3)
A empresa segue com quatro indicações e fecha a relação de destaques do mês.
Em sua análise, a XP Investimentos conta que aumentou de 5% para 10% o peso relativo da petrolífera em sua carteira recomendada de ações para julho.
A instituição diz esperar uma reação do “setor júnior” de óleo e gás após os impactos vistos nos últimos meses, tanto do ponto de vista externo, com preços mais baixos; como interno, em razão de impostos temporários de exportação.
“Pensando nisso, temos boas perspectivas para a Prio, sendo atualmente nossa Top Pick no setor.”
De acordo com a XP, a companhia combina alguns fatores positivos, como um excelente histórico, crescimento de Ebitda e forte geração de fluxo de caixa livre – que “deve acelerar fortemente para [um retorno de] 18% em 2024”, na avaliação da corretora.