Publicidade
O Ibovespa encerrou maio com alta de 3,7%, aos 108.335 pontos, e engatou o segundo mês consecutivo de ganhos. Agora, a desvalorização acumulada no ano recuou para 1,3%.
Em meio ao crescimento das apostas de corte nos juros, reduzindo as taxas futuras e animando os investidores em Bolsa, os analistas promoveram várias alterações nas carteiras recomendadas de ações para junho. Em relação a maio, houve um aumento de 24% nas trocas de papéis, resultando em uma média de três substituições por corretora.
O levantamento considera uma base de dez casas de análise monitoradas periodicamente pelo InfoMoney.
Continua depois da publicidade
As revisões não alteraram o topo do ranking, mas permitiram o ingresso de três companhias no rol das mais indicadas neste mês: Totvs (TOTS3), Petrobras PN (PETR4) e Localiza (RENT3). A liderança permanece com a Vale (VALE3) , com oito apontamentos, seguida de Itaú Unibanco (ITUB4), com seis.
Multiplan (MULT3) e Prio (PRIO3) perderam recomendações, mas ainda se mantêm entre as mais citadas. O mesmo, no entanto, não aconteceu com o Banco do Brasil (BBAS3), que ficou de fora em junho.
Confira as análises sobre cada empresa:
Continua depois da publicidade
• Vale (VALE3)
• Itaú Unibanco (ITUB4)
• Totvs (TOTS3)
• Localiza (RENT3)
• Multiplan (MULT3)
• Petrobras (PETR4)
• Prio (PRIO3)
Em termos de conjuntura, a BB Investimentos afirma que a temporada de balanços do primeiro trimestre deixou um saldo positivo, mas recomenda cautela aos investidores.
Isso porque, segundo a corretora, a pressão sobre o lucro das companhias deve permanecer nos próximos resultados, em razão das taxas de juros nominais ainda elevadas e lembrando que o consenso de mercado aponta para o início de redução da Selic somente entre o terceiro e o quarto trimestre deste ano.
Continua depois da publicidade
“Sob o ponto de vista dos fundamentos, não enxergamos alterações relevantes no radar. Seguimos com o preço-alvo de 127 mil pontos para o Ibovespa ao final de 2023.”
Todos os meses, o InfoMoney analisa as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais indicadas pelos analistas. O número pode ser maior, caso haja empate, como ocorreu agora.
Confira a seguir as sete ações mais citadas para junho, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de maio, em 2023 e em 12 meses:
Continua depois da publicidade
Empresa | Ticker | Nº de recomendações | Retorno em maio | Retorno em 2023 | Retorno em 12 meses |
Vale | VALE3 | 8 | -11,86 | -26,63 | -20,17 |
Itaú Unibanco | ITUB4 | 6 | 1,65 | 6,90 | 5,87 |
Totvs | TOTS3 | 5 | 12,08 | 4,93 | 2,52 |
Localiza | RENT3 | 4 | 6,95 | 17,55 | 10,64 |
Multiplan | MULT3 | 4 | 2,43 | 21,76 | 14,27 |
Petrobras | PETR4 | 4 | 10,21 | 19,73 | 36,97 |
Prio | PRIO3 | 4 | -1,61 | -8,12 | 22,15 |
Ibovespa | – | – | 3,74 | -1,28 | -2,71 |
Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.
Vale (VALE3)
Apesar da turbulência recente no mercado de minério, as ações da companhia mantiveram as oito recomendações recebidas no mês passado e seguem isoladas na liderança.
Na opinião da Ágora Investimentos, boa parte dos “fracos” resultados apresentados pela Vale no primeiro trimestre já está refletida nas cotações.
Continua depois da publicidade
A corretora mantém a visão de que os fundamentos do mercado de minério de ferro devem melhorar nos próximos meses, sustentados pelo aumento da demanda na China e pelos baixos estoques do produto, sobretudo por parte das siderúrgicas.
“A Vale deve se beneficiar diretamente desse ambiente positivo, com forte geração de caixa e perspectivas de remuneração aos acionistas.”
Pelos cálculos da instituição, o valuation da mineradora está atraente, com um EV/Ebitda de 2,7 vezes para 2023 – um desconto de 25% em relação às concorrentes australianas, por exemplo. Além disso, é quase metade do patamar de 5 vezes que a Ágora diz considera “justo” nesta etapa do ciclo econômico global.
O EV/Ebitda aponta o valor da empresa em relação à potencial geração de caixa. A leitura do indicador é que quanto menor, melhor.
Totvs (TOTS3)
Com uma estreia e o total de cinco indicações para este mês, a companhia retorna à lista de destaques, ocupando a terceira colocação geral.
“Acreditamos que a Totvs apresenta sólidas perspectivas financeiras e continuará crescendo tanto organicamente, com o lançamento de novos produtos, quanto via aquisição de outras empresas (M&A) com soluções complementares às suas, com enfoque principalmente no segmento de Business Performance [portfólio de soluções focadas em aumento de vendas, competitividade e desempenho por marketing digital]”, diz a Santander Corretora.
A instituição comenta que atualizou recentemente o preço-alvo projetado para a empresa, com um leve recuo de R$ 36 para R$ 35, tendo como horizonte o fim de 2023.
Segundo o relatório, o ajuste decorre de uma redução nas estimativas de receita líquida, Ebitda e lucro líquido para este ano, em 1%, 6% e 6%, respectivamente.
“A revisão baixista do Ebitda e do lucro líquido é explicada por um cenário de expansão de margem mais desafiador, em parte devido ao descasamento entre o IGP-M e o IPCA”, diz o Santander. “No entanto, o potencial de valorização de 20% em relação aos preços atuais no faz manter a recomendação de ‘compra’ para TOTS3.”
Itaú Unibanco (ITUB4)
A instituição financeira manteve um saldo de seis apontamentos e permanece na vice colocação em junho.
Os papéis estão, por exemplo, entre as novidades escolhidas pelo BTG Pactual para este mês. “A ação subiu ‘apenas’ 2% em maio (vs. 13% do Bradesco), o que significa que teve um desempenho inferior ao de seu principal par no último mês”, comenta o banco, para o qual uma diferença tão grande de desempenho é “injustificável”.
Além de enxergar o Itaú como o banco “premium” do país, executando uma melhor transformação digital, o BTG diz não concordar com o desconto existente hoje quando se analisa o P/L (preço/lucro) antes dos impostos em relação ao Bradesco.
A instituição entende que o Itaú apresentou um resultado sólido nos primeiros três meses do ano, “com métricas de qualidade de ativos muito saudáveis”. Para os próximos trimestres, espera um ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) superior a 20%.
Petrobras (PETR4)
A petrolífera também figura entre as novidades de junho, com quatro recomendações, dividindo quarto lugar na classificação geral com outras três empresas.
A Petrobras contabiliza duas estreias neste mês, uma delas no portfólio da XP, que a considera uma oportunidade lucrativa, apesar dos riscos.
“Acreditamos que a PETR4 deve continuar sendo um investimento sólido em um cenário de preços de petróleo controlados como o atual.”
A corretora lembra que a companhia anunciou recentemente uma nova política de preços para o diesel e a gasolina. Para os especialistas, embora haja incertezas sobre a implementação da nova estratégia em diferentes cenários, a notícia é marginalmente positiva, pois remove – pelo menos temporariamente – uma das principais fontes de risco.
“Na situação atual, ainda vemos a Petrobras como rentável, gerando fluxo de caixa e fornecendo dividendos para acionistas controladores e minoritários.”
A XP destaca ainda que a empresa tem apresentado múltiplos atraentes, como um EV/Ebitda de 2,1vezes para 2023, ante 3,4 vezes no caso das principais concorrentes ocidentais.
Apesar do horizonte positivo, a corretora pondera que o risco político continua sendo a principal preocupação dos investidores, e deve ser considerado, embora entenda que há chances menores de a Petrobras apresentar “drenos de caixa” nas mesmas magnitudes vistas no passado.
Localiza (RENT3)
A companhia também recebeu quatro indicações em junho e faz sua estreia no rol de destaques em 2023.
Ao incluir Localiza na carteira, a BB Investimentos justifica que a demanda aquecida por locação, em especial a corporativa, tem beneficiado a tese da empresa.
“Além disso, a partir de junho, a temporada de férias escolares deve impulsionar a locação individual, que tem ticket maior e contribui para maiores yields das locadoras.”
A corretora ressalta ainda que a Localiza é uma das maiores compradoras de veículos do país, com potencial para obter descontos elevados nas negociações, e deve se beneficiar da redução de impostos (IPI, PIS/Confins), com queda de até 10,9% no valor final desses bens.
Tais condições se somam à perspectiva de redução dos juros, outro fator que deve favorecer as locadoras. Se esse cenário se confirmar, haverá um estímulo da demanda e diminuição no custo de capital, abrindo espaço para eventuais captações de recursos para renovação e expansão da frota, diz o relatório da instituição.
Prio (PRIO3)
A empresa de petróleo perdeu duas recomendações em relação ao mês passado, quando ocupou a vice-liderança, mas permanece entre as mais lembradas em junho – presente em quatro portfólios.
Após o balanço do primeiro trimestre, a Ágora revisou as estimativas para a companhia, elevando de 66 mil para 76 mil barris por dia o pico de produção do campo Albacora Leste.
A corretora citou também os resultados mais fortes do que o esperado dos novos poços no campo de Frade, com uma produção média por poço de 9 mil barris por dia, contra uma previsão de 4 mil.
Os analistas ponderam, no entanto, que o preço do petróleo Brent tem ficado abaixo das expectativas no acumulado do ano, razão pela qual enxergam algum risco de queda na projeção de US$ 90 o barril para 2023.
“No longo prazo, continuamos confortáveis com nossa estimativa de US$ 70 o barril”, diz a Ágora.
Multiplan (MULT3)
A empresa também registra quatro apontamentos, um a menos que maio, e fecha o último bloco de destaques de junho.
Na opinião da corretora do BB, a boa execução operacional da Multiplan tem permitido a entrega de fortes resultados, mesmo diante de um cenário mais lento de consumo.
“A boa seleção de lojas no seu portfólio de shoppings, com mais de 1/3 da área bruta locável exposta aos setores de alimentação e serviços, tem contribuído para maior resiliência das vendas.”
A instituição afirma que a companhia tem mostrado também disciplina financeira, com ganhos de rentabilidade, liquidez elevada e expressiva geração de caixa operacional – fatores que permitem a manutenção da distribuição de dividendos e um payout em torno de 70%.