As ações mais recomendadas pelos analistas para comprar em outubro; ABEV3, B3SA3, ELET6 e LREN3 entram

Vale e Itaú lideram a lista de mais citadas, com oito indicações cada

Márcio Anaya

B3  Bovespa  Bolsa de Valores de São Paulo  (Germano Lüders/InfoMoney)
B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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Com uma aceleração na reta final, o Ibovespa conseguiu fechar setembro no azul, com alta de 0,5%, aos 110.037 pontos. O desempenho elevou para 5% o ganho acumulado no ano – e os especialistas já traçam suas estratégias de olho na acirrada disputa eleitoral, no último trimestre de resultados e, sobretudo, nos desafios para 2023.

No mês passado, o governo decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, interrompendo um ciclo histórico de alta da Selic. Nas carteiras recomendadas de ações para outubro, as corretoras monitoradas pelo InfoMoney mudaram 26,4% dos ativos, fatia pouco maior que a do mês anterior (25,5%).

Em linhas gerais, nota-se ainda uma parcela relevante de indicações dos setores de commodities e bancos, mas o segmento de consumo e varejo ganhou força e passou a dividir as atenções.

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Vale (VALE3) e Itaú Unibanco (ITUB4) ingressaram em dois portfólios e dividem o pódio neste mês, com oito apontamentos cada. O Assaí (ASAI3) aparece na vice liderança isolada, com cinco recomendações, uma a menos do que em setembro.

Na sequência, cinco empresas surgem empatadas com quatro escolhas por parte dos analistas: Ambev (ABEV3), B3 (B3SA3), Eletrobras (ELET6), Lojas Renner (LREN3) e Petrobras (PETR4). Com exceção da gigante de petróleo, todas as outras são novidades para outubro.

Já a Totvs (TOTS3), que apareceu entre as preferidas de setembro, foi substituída por três casas de análise e deixou a lista de destaques em outubro.

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Em termos globais, a inflação continua atordoando os mercados internacionais e tornando a missão dos governos ainda mais desafiadora, diz a BB Investimentos. Domesticamente, a situação é diferente, com um cenário de possível fim do aumento de juros, melhora nas expectativas econômicas para 2022 e desaceleração inflacionária.

“Além da situação macro mais favorável, no micro, as empresas se mostram com balanços robustos, no geral desalavancadas e bastante eficientes em termos de custos, o que se traduz em margens mais resilientes”, afirma a corretora do BB.

“Com isso, o Brasil se coloca como a ‘bola da vez’ dentre os mercados emergentes para o investimento em equity, justificado inclusive pelo fluxo de capitais, que atinge mais US$ 13 bilhões de entrada de estrangeiros na bolsa em 2022, versus fluxo negativo nos demais emergentes como China, Índia e Taiwan, fora a própria Rússia que saiu totalmente da rota de alocação global”, aponta.

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O InfoMoney analisa todos os meses as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais citadas pelos analistas. O número pode ser maior, caso haja empate – como ocorreu neste mês.

Confira a seguir as oito ações mais indicadas para outubro, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de setembro, em 2022 e em 12 meses:

Empresa Ticker Nº de recomendações  Retorno em setembro Retorno em 2022  Retorno em 12 meses
Itaú Unibanco ITUB4 8 8,79% 36,42% 21,49%
Vale VALE3 8 11,69% 0,93% 3,21%
Assaí ASAI3 5 -4,57% 36,52% -6,85%
Ambev ABEV3 4 1,77% 0,78% 5,53%
B3 B3SA3 4 10,81% 21,27% 7,39%
Eletrobras ELET6 4 -5,74% 42,17% 21,20%
Lojas Renner LREN3 4 5,87% 16,17% -8,78%
Petrobras PETR4 4 -10,32% 56,68% 83,90%
Ibovespa 0,47% 4,97% -0,85%

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica

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Veja agora os destaques de cada uma das empresas selecionadas para mês, segundo relatórios divulgados pelas corretoras:

Vale (VALE3)

A companhia totalizou oito escolhas por parte de especialistas e manteve-se no topo das preferências, ao lado de Itaú Unibanco. A mineradora chegou a perder indicações por dois meses seguidos, mas voltou agora para o mesmo patamar visto em julho.

Segundo a corretora do BB, os papéis da Vale seguem descontados e, diante da melhora nas expectativas para a demanda de minério de ferro na China, com o consequente impulso no preço do produto, devem se valorizar.

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A instituição comenta que, apesar da queda recente na cotação da commodity, por conta da desaceleração da demanda asiática, a provável recondução de Xi Jinping ao terceiro mandato na China neste mês poderá destravar incentivos com vistas ao reaquecimento econômico, em detrimento às políticas sociais.

“Além disso, a Vale acabou de anunciar reorganização das operações de metais básicos, em que prevê a transferência dos ativos de cobre para a Salobo Metais e a transferência dos ativos de níquel para uma nova sociedade a ser constituída pela Vale no Brasil, visando maior eficiência nos processos e na gestão”, diz a BB Investimentos.

“Acreditamos que esse movimento pode ser visto como positivo pelo mercado, pois é um primeiro passo para uma futura abertura de capital da divisão, com chances para destravar valor por ativos que vão em linha com o processo global de transição energética”, aponta.

Itaú Unibanco (ITUB4)

Os papéis estrearam em duas carteiras recomendadas para o mês e dividem a liderança com a Vale, com um total de oito indicações.

Segundo a corretora do BB, a instituição financeira vive um momento operacional melhor em comparação com os demais bancos e, dado seu peso expressivo no Ibovespa, figura como “opção óbvia” para aproveitar a percepção de desconto do mercado brasileiro ante os demais países emergentes.

“Entendemos que o Itaú se mostra como um dos bancos mais adaptados ao novo contexto bancário, com avanços significativos na digitalização de sua plataforma, múltiplas parcerias estratégicas, rígido controle de despesas e um robusto histórico de iniciativas sustentáveis”, diz.

O relatório diz ainda que, apesar do momento de crescente apreensão com a inadimplência, que pode pressionar os resultados do setor financeiro como um todo, o sólido balanço apresentado pelo Itaú no segundo trimestre deve ecoar ao longo de outubro, fazendo com que seja o nome menos arriscado do segmento.

Assaí (ASAI3)

A companhia foi substituída na revisão feita pela Genial, mas se manteve em outros cinco portfólios e figura em segundo lugar entre as mais lembradas para outubro, de forma isolada.

Em sua análise, a XP Investimentos aponta o Assaí como top pick no segmento de varejo alimentar. A corretora acredita que o formato de atacarejo continuará ganhando participação de mercado e que os resultados de curto prazo devem seguir fortes, apesar de um cenário macro desafiador.

A instituição espera ainda que as conversões das lojas Extra Hiper em Assaí criem valor, apesar de afetar os resultados a partir deste quarto trimestre. A XP lembra que a empresa reiterou sua expectativa de entregar no mínimo 40 conversões das lojas Extra até o fim do ano, totalizando pelo menos 52 novas unidades em 2022.

“Acreditamos que as lojas maiores devem permitir ao Assaí oferecer uma melhor experiência, com maior sortimento de produtos e ofertas de alguns serviços, como açougue”, aponta.

Ambev (ABEV3)

A empresa de bebidas abre o terceiro bloco de destaques do mês, que traz cinco companhias empatadas com quatro recomendações.

A corretora do BB afirma que, desde a reabertura das economias pós-pandemia e do aumento do consumo de bebidas fora das residências, as vendas da empresa vêm ganhando impulso – sendo o que o Brasil tem se destacado tanto no volume de vendas de cervejas como de não alcoólicos.

“A estratégia comercial com foco em gestão de receitas, contínuo desenvolvimento das inovações e auxílio das plataformas tecnológicas para a distribuição têm garantido incremento de receitas e ganho de participação de mercado da companhia, mesmo em um ambiente inflacionário desafiador com impacto sobre os custos e despesas, e, consequentemente, sobre as margens operacionais”, indica.

A instituição espera ainda que a combinação de uma estratégia comercial bem executada e do ambiente de negócios favorável no quatro trimestre traga maior atratividade para as ações da Ambev. Daqui até dezembro, além da sazonalidade positiva, por conta das festividades do fim de ano e do clima mais quente, haverá a Copa do Mundo de futebol, todos eventos propícios para o aumento do consumo de bebidas.

B3 (B3SA3)

Entre as novidades de outubro, a B3 lidera em estreias. Os papéis foram adicionados por três instituições.

“Dentre os nomes de nossa cobertura do setor, acreditamos que a B3 deve ser um dos principais players a se beneficiar de uma possível recuperação da atividade no mercado de capitais, com os investidores dispostos a aumentar a alocação para investimentos mais arriscados em um cenário pós-eleitoral – relembramos que, em anos eleitorais, os volumes crescem entre 30% e 50% em outubro frente a setembro”, ressalta da Ágora.

A corretora diz que, recentemente, ajustou seu modelo em relação à Bolsa, incorporando os números do segundo trimestre e assumindo uma projeção de volume médio de negociação diária de R$ 30 bilhões.

Até o momento, os volumes indicam R$ 29,2 bilhões ao dia, mas a Ágora observa que o cenário parece altamente dependente de melhorias nas condições de mercado e econômicas, “o que ainda precisa ser visto nos próximos meses”.

Eletrobras PNB (ELET6)

As ações PNB da gigante de energia elétrica ocuparam o lugar das ON na carteira da Ativa. A troca, segundo a corretora, ocorreu pela percepção de que os papéis preferenciais classe B podem capturar melhor o aumento de dividendos esperado com a privatização.

Na Ágora, a percepção é de que existe ainda muito valor a ser “destravado” após o processo de capitalização da Eletrobras, ocorrido em junho deste ano. Uma das estimativas é de que o Ebitda (excluindo possíveis provisões) suba de R$ 14,9 bilhões, em 2022, para R$ 21 bilhões no próximo ano – atingindo R$ 28 bilhões em 2027.

A avaliação tem como base cortes expressivos de despesas operacionais e ganhos de receita com a reprecificação no segmento de geração. “O crescimento do fluxo de caixa da Eletrobras também se beneficiará de eficiências fiscais e gestão de passivos”, sugere.

Do ponto de vista de alavancagem, a Ágora prevê que a relação dívida liquida/Ebitda fique em 1,3 vez no fim de 2023 e caia para 1,1 vez no ano seguinte. A projeção já reflete um pagamento de longo prazo de 100% do lucro líquido aos acionistas, o que a instituição considera “sustentável”, dada a crescente geração de fluxo de caixa.

Os cálculos da casa apontam ainda para um retorno com dividendos da Eletrobras ao redor de 6,5% em 2023, com potencial de crescimento.

Lojas Renner (LREN3)

Em relatório, o BTG Pactual afirma que a Renner está bem posicionada para ganhar participação de mercado no fragmentado segmento de vestuário brasileiro, dada sua cadeia de abastecimento de última geração, alto nível de execução e iniciativas omnichannel (venda por diversos canais).

O BTG destaca ainda a melhora gradual na rentabilidade da companhia e sua confortável posição financeira, com um caixa líquido da ordem de R$ 1,3 bilhão no fim do segundo trimestre.

Petrobras (PETR4)

Uma das instituições que reiterou a aposta na empresa – que chegou a perder recomendações nesse mês, mas se manteve com quatro apontamentos – foi a Ágora, que diz reconhecer que o papel é sensível não apenas às oscilações do preço do petróleo no curto prazo como ao período eleitoral.

“No entanto, do ponto de vista operacional, a Petrobras segue em um momento muito favorável, com forte geração de caixa e endividamento baixo, o que tem permitido alta distribuição de lucros na forma de dividendos”, afirma.

Daqui para frente, alerta a corretora, é importante que os investidores avaliem as sinalizações dadas pela gestão, para saber ser haverá ou não mudanças nas diretrizes, principalmente quanto à política de preços dos combustíveis e ao plano de investimentos.

Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney