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A menos de uma semana das eleições e a pouco mais de dois meses para o fim do ano, ações ligadas ao setor de óleo e gás e de bancos são consenso entre gestores locais ouvidos pela equipe de análise da XP, juntamente com alguns papéis voltados ao consumo, caso do Assaí (ASAI3). É o que mostra levantamento da XP em que foram ouvidas cerca de 15 gestoras de ações, entre fim de agosto e início de setembro.
Em relatório, Fernando Ferreira, Jennie Lie e Rebecca Nossig, da XP, reforçaram que, apesar das incertezas em torno das chances de haver uma recessão global, a maioria dos gestores disse que está posicionada em papéis como PetroRio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3) e PetroReconcavo (RECV3). O otimismo, porém, não é capaz de esconder certa preocupação com eventuais riscos de execução das três companhias.
Os papéis da Petrobras (PETR3);(PETR4) também foram citados pelos especialistas como posições dentro do setor de óleo e gás, mas segundo a XP, não houve um consenso sobre manter ou não uma posição na companhia.
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“Petrobras e Banco do Brasil foram os nomes mais citados por gestores [entre estatais], que enxergam um movimento de preços muito binário no curto prazo, dependendo do resultado da eleição”, afirmaram. “Não houve realmente um consenso sobre como se posicionar, principalmente no caso de Petrobras”, observaram.
Os gestores também alertaram para o risco político envolvendo eleições estaduais, no caso de companhias como a Sabesp (SBSP3), empresa de saneamento paulista.
Na avaliação de alguns especialistas ouvidos anteriormente pelo InfoMoney, uma eventual vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou de Rodrigo Garcia (PSDB) na disputa pelo governo de São Paulo pode ser mais favorável a uma possível privatização da companhia.
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Mesmo sem um consenso sobre algumas ações de estatais, gestores locais seguiram otimistas com alguns papéis do setor financeiro, caso do Banco do Brasil. Embora não seja possível desconsiderar totalmente o risco político envolvendo as ações da instituição, os profissionais alegaram que os papéis estão “baratos”. Além do Banco do Brasil (BBAS3), outra ação bastante citada pelos executivos foi o Itaú (ITUB4). O Bradesco (BBDC4), por sua vez, foi citado, mas por um grupo menor de gestores.
“Temas como financial deepening (aprofundamento de serviços financeiros) e fintech não são vistos como atrativos no momento”, esclareceram os analistas da XP.
Da mesma forma, gestores apresentam uma visão mais otimista para os papéis de empresas de locação de veículos, como a Localiza (RENT3) e a Vamos (VAMO3), embora alguns tenham ressaltado que as ações da Movida (MOVI3) podem ter desempenho melhor, já que há um risco menor envolvendo o ciclo de renovação da frota com preços de carros mais altos.
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Consumo: cenário macro exige cuidados
Para além de bancos e de ações ligadas a óleo e gás, o setor de consumo também está no radar dos gestores. Mas a seleção está cada vez mais criteriosa. Entre os papéis em que houve consenso estão os da Arezzo (ARZZ3), Grupo Soma (SOMA3), Assaí (ASAI3) e Vivara (VIVA3) – sendo que no caso dessa última os profissionais se mostraram um pouco mais cautelosos, já que há preocupações com a liquidez das ações.
Fora desse grupo, os papéis da Lojas Renner (LREN3) suscitaram dúvidas e a avaliação foi mista: alguns gestores estão com posições vendidas (acreditando na desvalorização dos papéis) devido à possibilidade de menor crescimento.
Por outro lado, a maioria dos gestores está com uma visão negativa para os papéis da Petz (PETZ3) e da Ambev (ABEV3). Nas reuniões, os especialistas afirmaram que as ações da Petz estão com o preço elevado. Os participantes também citaram temores com o uso de capital na Zee.Dog, marca de acessórios para animais mais premium e que foi comprada pela empresa em 2021.
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A Ambev também foi vista com preocupação no longo prazo, embora o cenário de curto prazo seja positivo, com a recuperação da participação de mercado (market share) pela companhia, a chegada da Copa do Mundo, a correção no preço das commodities e a distribuição de benefícios sociais.
Pouco visados
Enquanto se mostraram otimistas com papéis ligados ao setor de óleo e gás, os gestores pareceram mais reticentes com os setores de mineração e de siderurgia, respondendo por alocações menores nas carteiras. A desaceleração econômica na China foi citada como um dos fatores que mais podem pressionar para baixo os papéis.
A explicação é que a demanda por commodities deve se manter fraca no ano que vem, diante de projeções cada vez mais baixas para o crescimento econômico do gigante asiático e de problemas no mercado imobiliário chinês. Hoje, a China é o principal consumidor mundial de minério de ferro e o aço é bastante utilizado na construção civil.
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Embora pareçam mais pessimistas, algumas gestoras indicam que o viés negativo para os papéis pode amenizar se o governo adotar novas medidas de estímulos econômicos no país.
“Alguns gestores também afirmaram ter visão positiva sobre o alumínio. Já para papel e celulose, nenhum gestor mencionou deter posição relevante devido à falta de catalisadores”, destacaram os analistas.
Da mesma forma, papéis ligados a educação, tecnologia, mídia e telecomunicação quase não foram mencionados nas conversas entre os analistas da XP e os gestores. Sem dar muitos detalhes, os especialistas da corretora avaliaram que isso sugere que os profissionais não estão olhando muito para esses setores neste momento.