Bitcoin patina em julho, mas criptos menores aproveitam espaço para subir — uma delas até 90%

Para analistas, julho pode ter marcado começo de rali das chamadas altcoins, que são ainda mais voláteis que o Bitcoin

Paulo Alves

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O Bitcoin (BTC) patinou no mês de julho e encerrou o período em queda de cerca de 4% após ter subido quase 12% no mês anterior. O resultado negativo, entretanto, veio acompanhado de uma disparada em criptomoedas menores, conhecidas como altcoins. Uma delas chegou a avançar quase 90% no período.

Segundo dados do Trading View, o Bitcoin fechou julho a US$ 29.230, em recuo que se acentua no primeiro dia de agosto. Na tarde desta terça (1º), o BTC é negociado a aproximadamente US$ 28.900.

A criptomoeda cedeu em reação à retomada do ciclo de aperto monetários nos Estados Unidos na semana passada, com o aumento de mais 0,25 ponto percentual na taxa de juros no país, aliado à perspectiva de mais altas pela frente para conter a inflação.

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Diante disso, analistas seguem de olho nas próximas divulgações de dados econômicos dos EUA, que irão balizar as próximas decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Thiago Rigo, analista da Titanium Asset, relembra que, apesar da queda, o Bitcoin reagiu em julho de maneira mais branda ao discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, em comparação com meses anteriores. No entanto, pondera, investidores precisam ficar atentos aos cenários projetados pelos dirigentes da entidade, que já admitiram que existe a possibilidade de mais aumentos dos juros em setembro.

Essas projeções são importantes para o mercado cripto porque novas altas dos juros implicam em redução da liquidez da economia, um fator importante de influência no preço dos ativos globais, ressalta Rigo. “Além da elevação da taxa, sua manutenção em patamares elevados por muito tempo também tende a diminuir a liquidez”.

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Segunda maior criptomoeda do mundo, o Ethereum (ETH) seguiu o Bitcoin de perto e recuou também próximo de 4% em julho. Por outro lado, a quinta mais valiosa, XRP, disparou mais de 47% no período após sua emissora, Ripple, obter uma decisão nos EUA considerada favorável em batalha judicial contra a Securities and Exchange Comission (SEC, a “CVM dos EUA”).

Um tribunal federal isentou a Ripple de infração pela venda de XRP para o varejo por meio de exchanges, algo que foi visto como benéfico para criptomoedas como um todo. Com isso, o risco que estava nas altcoins começou a se dissipar e elas foram impulsionadas após ficarem descontadas em relação ao Bitcoin, destaca Vinícius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research.

Confira o desempenho das principais criptomoedas em julho de 2023:

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Criptomoeda Preço Variação
Bitcoin (BTC) US$ 29.230 -4,06%
Ethereum (ETH) US$ 1.856 -3,99%
BNB Chain (BNB) US$ 240 +2,19%
XRP (XRP) US$ 0,6974 +47,31%
Cardano (ADA) US$ 0,3068 +6,57%

Maiores altas de julho

Apesar da disparada de 47%, a XRP não foi a criptomoeda com o melhor resultado do mês. Ela ainda ficou atrás do token BONE, que faz parte do ecossistema em torno da memecoin Shiba Inu (SHIB), registrando alta de 65%.

Já a campeã foi a XDC Network (XDC), uma criptomoeda que alimenta uma plataforma de criação de contratos inteligentes voltada para empresas. Navegando a onda da tokenização de ativos financeiros, ela subiu 89,5% no último mês.

Fecham o top 5 de maiores altas a Stellar (XLM), com avanço de 46%, e a Maker (MKR), do ramo das finanças descentralizadas (DeFi), com ganho de 46%. Segundo analistas, o desempenho do MKR está ligado ao crescimento do lucro da plataforma, que reverteu ganhos obtidos com taxas pagas por usuários à recompra de tokens, impulsionando o preço do ativo.

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“A MakerDAO não paga juros sobre a maior parte da oferta da [stablecoin] DAI, mas seu portfólio de ativos reais e empréstimos cripto produtivos estão gerando lucros de cerca de 4% [ao ano],” conta Kunar Goel, analista da casa de research Messari.

Para especialistas, criptomoedas menores devem continuar com maior ímpeto em agosto. Um fato determinante para saber se o movimento terá continuidade será a taxa de dominância do Bitcoin, indicador que mede participação da maior criptomoeda no valor de mercado total de ativos digitais.

“É esperado que o mercado cripto continue se valorizando devido às circunstâncias macroeconômicas mais favoráveis aos mercados de risco e que as altcoins comecem a ter uma rentabilidade superior após um semestre inteiro se desvalorizando perante o Bitcoin”, explica Antonio Bertuccio, head de estratégia da gestora de investimentos quantitativos iVi Technologies.

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As criptomoedas com as maiores altas de julho de 2023:

Criptomoeda Preço Variação
XDC Network (XDC) US$ 0,059 +89,52%
Bone ShibaSwap (BONE) US$ 1,54 +65,24%
XRP (XRP) US$ 0,6974 +47,31%
Maker (MKR) US$ 1.222 +46,54%
Stellar (XLM) US$ 0,150 +36,13%

Maiores quedas de julho

Mesmo com os fortes ganhos em algumas criptos menores, várias fecharam o mês com baixas de mais de 20%. O destaque negativo vai para a Curve Finance (CRV), um dos projetos de DeFi mais famosos, que despencou nas últimas horas de julho após um hack no protocolo. O token acabou fechando o período com perdas de quase 27%.

“O ataque foi possibilitado por uma falha em pools que usavam uma versão desatualizada da linguagem de programação Vyper”, explica Ayron Ferreira, analista chefe da Titanium Asset.

Logo atrás do CRV aparece a RocketPool (RPL), uma plataforma de staking de Ethereum, com recuo de cerca de 25%, e a criptomoeda meme Pepe Coin (PEPE), que cedeu próximo de 24% — no entanto, ainda preservando parte importante dos ganhos de 50 mil vezes registrados em maio.

As criptomoedas com as maiores baixas de julho de 2023:

Criptomoeda Preço Variação
Curve Finance (CRV) US$ 0,563 -26,98%
RocketPool (RPL) US$ 38,52 -24,94%
Pepe Coin (PEPE) US$ 0,0000012 -23,90%
Fantom (FTM) US$ 0,304 -23,03%
ApeCoin (APE) US$ 1,85 -16,30%

Paulo Alves

Editor de Criptomoedas