Bitcoin sobe 160% em 2023: ainda há espaço para rali até final do ano?

Análise técnica e dados fundamentalistas mostram que criptomoeda ainda pode ter fôlego adicional até a virada do ano

Lucas Gabriel Marins

Bloomberg
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Com o rali dos últimos dias, o Bitcoin (BTC) valorizou mais de 160% no ano, se recuperando de um 2022 marcado por quedas de preços e falências de importantes players do setor. Mas 2023 não acabou e ainda há combustível para o criptoativo subir até o dia 31 de dezembro. Pelo menos é isso que mostra a análise técnica, corroborada por otimismo vindo de dados fundamentalistas.

Em análise a pedido do InfoMoney, o analista Fernando Pereira, da corretora cripto Bitget, disse que os padrões gráficos do BTC indicam que a moeda tem fôlego para ultrapassar os US$ 44 mil alcançados nesta quarta-feira (6) e chegar mais próximo da marca de US$ 50 mil  –ou, mais especificamente, de US$ 49.869, que é a resistência (nível em que pode haver venda) projetada para o mês de janeiro.

Se isso se concretizar, representaria um ganho adicional de cerca de 13% frente ao patamar atual.

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A lógica é a seguinte: no segundo semestre de 2022, explica o trader, o BTC formou um padrão chamado “cunha descente de alta”, que sugere um potencial movimento ascendente dos preços. Na prática, quando ocorre o rompimento da máxima dessa cunha (algo que aconteceu quando a moeda chegou em US$ 26 mil, conforme imagem abaixo), é sinal que os todos os BTCs acumulados nessa região estão positivos.

Movimento de rompimento de resistência do Bitcoin na faixa dos US$ 26 mil (Fernando Pereira, Bitget)

A partir desse rompimento, considera-se como referência os preços-alvos calculados por grandes investidores (baleias) para realização de lucro. Eles se configuram em níveis de resistência, que representam níveis de preço em que o Bitcoin poderia sofrer pressão vendedora. São esses:

As três primeiras foram ultrapassadas nas últimas semanas, e o quarto nível está em jogo nesse momento. “No dia 4 de dezembro, atingimos mais uma resistência, a de US$ 40.387. Ainda nesta semana, batemos a de US$ 44.009, e agora podemos acabar o ano antes de chegarmos na última, em US$ 49.869, que deve ficar para janeiro”, disse Pereira.

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Mas aqui vai um alerta. Se alcançar tal patamar, o mais comum é que boa parte dos investidores que compraram naquela cunha do segundo semestre de 2022 saiam do mercado temporariamente, fazendo o preço da criptomoeda recuar.

“Pode haver uma pernada de alta até próximo de US$ 50 mil antes de experimentarmos novas quedas, que podem variar entre 20% e 40%, até que uma nova alta se inicie em busca da máxima histórica do BTC, perto de US$ 70 mil”, falou Pereira.

Catalisadores fundamentalistas

O rali do Bitcoin tem sido alimentado por diversos fatores, tanto do mercado macroeconômico como da própria criptomoeda. Um dos principais é o avanço do ETF (fundo de índice) com exposição direta ao BTC nos Estados Unidos. Há mais de dez pedidos para análise na mesa da Comissão de Valores Mobiliários do país, a SEC.

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Analistas acreditam que o xerife do mercado de capitais americano dê aval para um primeiro lote de ETFs já em janeiro de 2024. A aprovação iminente do produto, dizem, poderia atrair cerca de US$ 100 bilhões para o setor em pouco tempo, tanto de investidores institucionais como de varejo.

Segundo a casa de análise Glassnode, especializada em ativos digitais, dados consultados na blockchain (rede) do Bitcoin mostram que, ao longo do ano, o movimento de entrada e saída de BTC das exchanges disparou 220% no ano, de US$ 930 milhões para mais de US$ 3 bilhões.

Para além do volume, o que chamou atenção foi outro dado: as transações de maior valor também dispararam, atingindo a média de US$ 30 mil por depósito.

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“Isso indica que depósitos exchanges estão dominados por investidores que movimentam somas cada vez maiores de dinheiro, o que é potencialmente um sinal de crescente interesse institucional à medida que as principais datas de decisão para o ETF se aproximam”, diz a Glassnode em relatório.

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Outro ponto do mercado macro a beneficiar não só as criptomoedas, mas os demais ativos de risco, é a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) acabe, no próximo ano, com o ciclo de aperto monetário. A possibilidade vem sendo ventilada por causa dos recentes dados econômicos do país.

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A economia dos EUA parece que alcançará o “mais suave dos pousos suaves”, disse na semana passada Austan Goolsbee, presidente do Fed em Chicago, destacando o baixo nível de desemprego em meio à desaceleração da inflação.

Por fim, outro catalisador de alta é o halving, atualização da rede da moeda que corta pela metade a emissão de unidades. O evento, que acontece a cada quatro anos, normalmente precede altas. “Enquanto o ETF pode aumentar a demanda por Bitcoin, o halving reduz a oferta de novas unidades. A combinação de ambos os efeitos pode ser muito poderosa”, disse a gestora Hashdex em relatório.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney