Carteira da Geral foi a campeã de agosto no ranking InfoMoney

SÃO PAULO – Apesar de fechar o mês de agosto com alta de 1,72%, o Ibovespa vem mostrando sinais de cansaço e terminou a última sexta-feira (31) em sua terceira semana consecutiva no vermelho. O mercado espera por novos anúncios de estímulos por parte dos principais Bancos Centrais internacionais, mas não conseguiu encontrar uma solução aos problemas econômicos no discurso do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, realizado no evento anual de Jackson Hole, organizado pelo Fed de Kansas City.

O economista limitou-se a repetir o mesmo tom da reunião da ata do Fomc (Federal Open Market Committee), reiterando que vai agir confirme o necessário para fortalecer a recuperação econômica do país, mas ainda precisa pesar os custos e benefícios de mais estímulo econômico. A expectativa agora é com a reunião do BCE (Banco Central Europeu) na próxima semana, principalmente depois que o presidente da instituição, Mario Draghi, defendeu a intenção do BCE de reativar o programa de compra de dívida pública dos países em dificuldades para reduzir as tensões na zona do euro.

O reflexo dessa tensão foi visto na performance das carteiras de ações recomendadas pelas corretoras durante o oitavo mês do ano, que apresentou um rendimento médio positivo de 1,50%. Ao todo, 9 dos 21 portfólios compiladas pelo Portal InfoMoney tiveram um rendimento abaixo do benchmark em agosto. Já no acumulado do ano, o rendimento médio das carteiras está em 14,94%, enquanto o Ibovespa subiu apenas 0,54% nesses oito meses.

Quem apostou em imobiliárias se deu bem
Figuraram no topo do ranking as casas de análise que optaram por empresas do setor de imobiliário, como os papéis da Brookfield (BISA3), Rossi (RSID3), JHSF (JHSF3), EzTec (EZTC3), que subiram 32,57%, 30,75%, 28,13% e 12,49%, respectivamente. Além disso, o IMOB, índice que acompanha as ações do setor, mostrou uma forte alta de 9,95%.

Enquanto isso, as companhias do setor elétrico, tradicionalmente  conhecidas pelo seu perfil defensivo, viram suas ações afundarem no mês, levando junto vários portfólios que se expuseram a esses papéis considerados mais conservadores. O setor respondeu, contudo, à intensificação do noticiário de que o governo brasileiro está disposto a baixar as tarifas das elétricas, o que pode afetar a geração de caixa de parte dessas companhias.

Além disso, uma Medida Provisória acalentou as discussões em torno do assunto, após o governo anunciar que pode ser responsável pela prestação temporária do serviço até que novo concessionário seja contratado, afastando possibilidade de recuperação judicial. O anúncio impactou diretamente as empresas que têm concessões para vencer em breve, como são os casos da Cesp (CESP6), Cemig (CMIG4), Eletrobras (ELET3, ELET6) e Transmissão Paulista (TRPL4), sendo que essa última teve a maior desvalorização do setor no mês, de 21,6%. 

Também sofreu bastante nas últimas semanas o setor de mineração, após a surpreendente queda no preço de minério de ferro no período. A Vale (VALE3; VALE5), uma das mais afetadas pelo movimento, prevê retomada dos preços do produto assim que a oferta refletir a saída do mercado de fornecedores de maior custo de produção.

Geral: melhor carteira do mês e do ano
A carteira recomendada da Geral Investimentos liderou o ranking da compilação das carteiras realizadas pelo Portal Infomoney durante agosto, com rentabilidade de +5,05%, 3,33 p.p. acima do Ibovespa. Praticamente empatada, a segunda posição ficou a carteira do BTG Pactual, com +5,03%, seguida pelo portfólio da Gradual Investimentos, com desempenho de +3,03%.

A carteira vencedora conseguiu escolher um portfólio em que quase todos os papéis registraram desempenho positivo, com destaque para o setor imobiliário, que mostrou forte valorização no período, com os papéis da EzTec (EZTC3) e JHSF (JHSF3) respondendo por 10% da carteira cada uma. 

O lado negativo dos porfólio, por sua vez, ficou por conta do setor elétrico e também com as ações preferenciais da Oi (OIBR4), que novamente registraram um desempenho ruim no mês – queda de 21,43%.

Após o resultado de agosto, a carteira da Geral pulou uma posição e assume agora a liderança do ranking anual, com alta de 40,28% no acumulado em 2012, superando em 39,74 pontos percentuais o Ibovespa. Quem perdeu a primeira colocação foi a Souza Barros, que agora ocupa a segunda posição com rentabilidade de 37,39%.

TOV e Inva: destaques negativos
Por outro lado, aparece na última posição a carteira da TOV Corretora, que mostrou rendimento negativo de 3,46% no mês, -5,18 p.p. abaixo do Ibovespa. Apenas outros dois portfólios tiveram desempenho negativo em agosto – Omar Camargo Investimentos (-1,53%) e SLW Corretora (-0,70%).

Em agosto, quatro das sete ações sugeridas pela TOV apresentaram desvalorização. O destaque de queda ficou por conta dos papéis preferenciais da Cemig (CMIG4; -11,56%) e da Vale (VALE5, -8,85%).

Já no ranking anual, a última colocação segue com a carteira da Inva Capital, que acumula desempenho negativo de 3,93%, ou 4,47 p.p. abaixo do benchmark da bolsa brasileira – o único portfólio do ranking com rentabilidade abaixo de zero em 2012. A boutique de investimentos, contudo, vem mantendo ao longo dos meses o seu portfólio inalterado, sendo que entre os maiores pesos estão nos ativos da OGX Petróleo (OGPX3), que já caíram no ano 53,74%.

Metodologia
Para realizar o levantamento de agosto, o InfoMoney utilizou carteiras de ações recomendadas para o período mensal por 21 corretoras e bancos: Ativa Corretora, BB Investimentos, Bradesco Corretora, BTG Pactual, Coinvalores, Geração Futuro, Geral Investimentos, Gradual Investimentos, HSBC, Inva Capital, Rico, Omar Camargo, PAX, Planner, SLW, Socopa, Souza Barros, TOV, UM Investimentos, WinTrade e XP Investimentos.

Importante ainda destacar que:

 1. O InfoMoney considerou a primeira publicação de cada uma destas carteiras nos referidos meses, não levando em consideração eventuais mudanças promovidas pelas corretoras e bancos em suas carteiras recomendadas no decorrer de mês.

2. As cotações consideradas nas comparações de desempenho são as de fechamento do último dia útil de cada mês, considerando sempre a cotação ajustada em um eventual provento que ocorrer no período (dividendo, juros sobre capital próprio, subscrição, desdobramento etc).

3. Utilizando metodologia semelhante à adotada no cálculo da carteira teórica do Ibovespa, o desempenho considerado das carteiras recomendadas em 2012 é cumulativo.

4. A partir de setembro de 2011 passamos a adotar apenas uma carteira recomendada para cada corretora. Após informarmos as corretoras que possuíam mais de uma carteira no ranking sobre essa nova metodologia, decidimos junto com elas qual o único portfólio que seria utilizado e quais seriam excluídos.