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“CDB americano” chega a pagar mais de 5% em dólar, maior taxa desde anos 2000; veja o que são os CDs

Maior remuneração está nos bancos digitais ou instituições de crédito regionais, mas é possível encontrar taxas elevadas também em bancos nacionais

Ana Paula Ribeiro

(Getty Images)
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O processo de aumento de juros nos Estados Unidos possibilita ao investidor encontrar algo impensável há poucos anos: um rendimento de mais de 5% em dólar aplicando em títulos bancários, os CDs (certificates of deposit, ou certificados de depósitos), equivalentes aos CDBs ofertados no Brasil.

O Bankrate, serviço de dados voltados para o consumidor de produtos financeiros nos Estados Unidos, mostra que é possível obter retorno de até 5,5% ao ano em instituições que operam sobre as regras do FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation).

Taxas em torno de 5% não eram encontradas desde o final dos anos 1990 e início dos anos 2000, mas voltaram à prateleira das instituições financeiras em um momento de aperto monetário. A taxa de juros nos Estados Unidos está na faixa de 5% a 5,25% ao ano e a expectativa é de ao menos mais uma alta até o final de 2023 por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

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As maiores taxas são pagas por bancos digitais ou instituições de crédito regional. No entanto, também é possível encontrar atualmente remuneração elevada para os padrões americanos em bancos de atuação nacional.

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Os retornos mais atrativos, independentemente da instituição, estão nos CDs de curto prazo. Isso porque a expectativa é de um afrouxamento da política monetária a partir do ano que vem.

No CFG Bank, que opera no estado de Maryland, a taxa é de 5,38% nos CDs com prazo de vencimento em um ano. No de cinco anos, a taxa cai para 4,41%. Já no Barclays, de atuação nacional, os retornos são de 4,80% e 4,35% ao ano, respectivamente.

Opção para curto prazo

Na avaliação de Guilherme Morais, analista da VG Research, os CDs podem ser uma alternativa para investidores que buscam uma ampliação de curto prazo da parcela da carteira dolarizada, mas é preciso tomar alguns cuidados.

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“É sempre importante buscar bancos seguros e de maior porte. A segurança que o investidor possui nos Estados Unidos é o FDIC, uma espécie de FGC dos Estados Unidos”, explica.

O investidor que aplica em produtos bancários de instituições financeiras ligadas ao FDIC tem seus depósitos garantidos no valor de até US$ 250 mil. É um seguro similar ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que no Brasil garante os depósitos bancários de até R$ 250 mil por CPF caso a instituição financeira passe por algum problema.

No início do ano, os investidores do SVB (Silicon Valley Bank) e do First Republic foram surpreendidos pela quebra dos bancos. Para mostrar a solidez do sistema, o FDIC na ocasião chegou a elevar o limite de US$ 250 mil para que mais investiores ficassem protegidos.

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Antes de fazer a aplicação, o investidor também deve checar os termos do CD, como qual o valor mínimo requerido, prazo e possíveis penalidades em caso de resgate antecipado – quando isso é permitido.

Morais lembra ainda que para quem vai alocar em renda fixa nos Estados Unidos e tem um horizonte de investimento mais longo, o mais adequado são os bonds (títulos emitidos por empresas) ou as Treasuries (títulos públicos do Tesouro americano).

“É preciso fazer essa alocação pensando nos riscos envolvidos, na marcação a mercado e, como usualmente são títulos de alto valor de investimento, na concentração da carteira. Talvez os ETFs sejam um caminho mais simples para o investidor brasileiro que deseja a renda fixa americana”, avalia.

Risco de recessão

A decisão da alocação também deve levar em conta o cenário macroeconômico. Em relatório, o JP Morgan ainda vê um cenário em que a probabilidade de recessão nos Estados Unidos é de 55%, mas tendo início apenas no próximo ano. Já a probabilidade de um crescimento baixo é de 40%.

O cenário traçado para o terceiro trimestre de 2023 é um pouco melhor do que o do trimestre anterior, que dava uma probabilidade de 60% para recessão e de 35% para baixo crescimento.

“Em nossa opinião, o Federal Reserve precisaria ver o núcleo da inflação perto de 2% e o desemprego subindo para 4% antes de cortar as taxas. Embora sejamos céticos de que a inflação possa retornar à meta sem uma recessão, é improvável que comece antes de 2024”, de acordo com o relatório.

O risco desses dois cenários é o Fed resolver apertar os juros além do projetado para colocar a inflação na meta – o que poderia antecipar o cenário de recessão. Por essa razão, a avaliação é de que na renda fixa o melhor é optar por créditos de alta qualidade no caso do cenário de baixo crescimento se confirmar.

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney