CDB que paga taxa prefixada de 1% ao mês vale a pena?

Prêmio de CDB da Brasil Plural é quase o mesmo de títulos públicos semelhantes, que são menos arriscados e têm maior liquidez

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Na esteira do aumento da taxa básica de juros (Selic), a corretora Geração Futuro, em parceria com o banco Brasil Plural, lançou nesta semana o “Super CDB”, aplicação prefixada que paga rendimento bruto (sem contar imposto de renda) de 1% ao mês (equivalente a 12,68% ao ano, em caso de reinvestimento do juro com a mesma rentabilidade do principal).

Os papéis serão distribuídos exclusivamente pela Geração Futuro, que tem uma base de 90 mil clientes cadastrados, 50 mil deles ativos. Segundo Eduardo Moreira, sócio-fundador do Brasil Plural, a expectativa é que em 2014 a base de clientes ativos chegue 100 mil.

A intenção da corretora é pulverizar o investimento, que exige aplicação mínima de R$ 5 mil e está sendo comercializado pelo site da corretora. De acordo com Moreira, a ideia de estruturar o investimento veio do número “mágico” para os investidores de 1% ao mês de rentabilidade. “Os brasileiros que investem em renda fixa colocam este número como uma meta. Com o aumento da taxa de juros, procuramos adequar nossos produtos a este anseio dos investidores”, disse Moreira.

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CDB X LTN
A rentabilidade prevista por ano é muito próxima daquela oferecida por títulos públicos prefixados negociados por meio do programa Tesouro Direto. As LTN com vencimento em 2017, por exemplo, paga atualmente um rendimento de 12,61%.

No entanto, Moreira ressalta que a principal vantagem do CDB em relação aos títulos do governo é que a LTN paga juro acumulado apenas no seu vencimento, portanto não possui uma característica de renda mensal como o CDB. Ao mesmo tempo, como desvantagem, o investidor do título bancário precisa reinvestir o rendimento da aplicação todos os meses de forma manual, para que a aplicação tenha a característica de juros compostos. O valor muitas vezes é baixo – quem investir R$ 5 mil, por exemplo, teria um rendimento bruto (sem descontar o imposto de renda) de R$ 50 por mês. Para conseguir fazer uma nova aplicação no “Super CDB” teria de acumular rendimentos durante 100 meses.

Além disso, o risco de crédito da LTN é o menor do mercado – os títulos públicos têm risco de crédito do país que os emite. No caso do CDB, o risco de crédito está na ‘quebra’ do banco emissor. Para aplicações de até R$ 250 mil, existe a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que cobre investimentos até este limite se a instituição der calote. Quem investir mais do que este limite corre um risco bem maior.

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Liquidez
Outra característica dos títulos públicos é a liquidez semanal, ou seja, o investidor pode se desfazer da aplicação antes do vencimento, mas a valor de mercado. Isso quer dizer que o preço do título prefixado pode ser maior ou menor do que aquele que foi pago. Normalmente, quando os juros (e as expectativas para os juros futuros) sobem durante o período de vigência do título público, o seu preço no mercado secundário cai. Já se os juros recuam, a tendência é que aquele título prefixado valha mais.

No caso do “Super CDB”, o prazo de aplicação é de 2 a 5 anos. Se houver imprevistos e precisar vender antes deste período, ele terá de se submeter às condições de mercado, com o preço estipulado pela mesa de tesouraria na hora do pedido, assim como no caso da LTN.

Ainda no mercado de títulos prefixados, o investidor tem a possibilidade de comprar as NTN-F, títulos prefixados do programa Tesouro Direto que pagam cupom de juro semestral. Mas atualmente, o programa disponibiliza apenas a NTN-F com vencimento em 2023, que oferece uma rentabilidade de 13,07% ao ano.

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Também é importante lembrar que no Tesouro Direto existem algumas taxas, como de custódia, de 0,3% e de negociação, de 0,1%. Tanto os títulos do Tesouro quanto o CDB cobram imposto de renda, com alíquota regressiva, que varia de 22,5% (para aplicações de menos de 6 meses) até 15% (para investimentos de mais de 2 anos), sempre sobre a rentabilidade.  

Para quem investe pensando no longo prazo e não pretende utilizar a renda da aplicação todos os meses, os títulos públicos valem mais a pena. No caso de necessidade de ganho mensal para pagamentos de contas, por exemplo, o CDB pré pode ser uma opção, mas é muito importante respeitar o limite de cobertura do FGC. Se for investir mais do que isso, também é mais vantajoso optar pelos títulos do governo.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip