Circuit breaker “pessoal”: na hora do desespero, como evitar prejuízos maiores?

Segundo especialistas, os investidores devem limitar as perdas com uso da ordem "stop" e repensar as estratégias

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Na última segunda-feira (10), as negociações na Bolsa de Valores de São Paulo ficaram muito próximas de serem interrompidas pelo mecanismo conhecido como circuit breaker, que suspende o pregão durante 30 minutos em caso de queda de 10% do Ibovespa (principal índice da bolsa brasileira).

O circuit breaker tem como objetivo principal acalmar o ânimo dos investidores e reduzir a forte pressão vendedora ocasionada por algum evento que atinja o mercado acionário. “Esse instrumento constitui-se em uma ‘proteção’ à volatilidade excessiva em momentos atípicos de mercado”, diz o manual de procedimentos da Bolsa de Valores de São Paulo.

De acordo com especialistas, assim como a própria bolsa possui mecanismos para evitar perdas muito grandes e diminuir a volatilidade das ações, os investidores também devem traçar as suas estratégias para momentos de grandes quedas no preço dos ativos, o que inclui, em muitos casos, uma “interrupção” das transações para definir melhor as estratégias e evitar agir por impulso.

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Investidores “heavy users”
De acordo com o diretor do Easynvest, Amerson Magalhães, aqueles que operam no dia a dia, comprando e vendendo ações no curtíssimo prazo, são os que mais sofrem com estas fortes baixas da bolsa. Para eles, o especialista recomenda o uso da ordem “stop loss” no home broker, que estipula um limite máximo para perdas e vende automaticamente os papéis que atingirem determinado preço.

“Para este tipo de investidor, é muito importante limitar as perdas. Mesmo porque, na maioria das vezes, eles não costumam ficar posicionados (com ativos na carteira) para o próximo dia. Então, o ideal é definir um limite e ativar a ordem stop”, afirma Magalhães.

Feito isso, segundo ele, o melhor mesmo é parar e repensar a estratégia. Se for o caso, até mesmo sair da frente do computador para evitar mais prejuízos em dias de forte aversão ao risco. “Existem dias de muita volatilidade em que você fica correndo atrás do mercado. Você compra o preço cai, você vende ele sobe. Este pode ser o um indicativo de que você não conseguiu fazer uma boa leitura do que está acontecendo e o melhor pode ser ficar de fora e repensar a estratégia”, afirma Magalhães.

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O economista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira, concorda. “Se fiz uma transação que deu errado, eu saio com um limite predeterminado de perdas e repenso o meu investimento. É importante dar um tempo, rever as estratégias e se for o caso, mudar de papel, de setor, antes de partir para uma nova transação”, afirma Vieira.

Investidor de longo prazo
Já os investidores de longo prazo não devem entrar no chamado “efeito manada” e vender suas ações porque o preço está caindo. “Os momentos de crise são a pior hora para se desfazer da posição”, afirma Magalhães.

Para estes investidores, em momentos de queda generalizada, como aconteceu no início desta semana, o ideal é se acalmar e, se possível, deixar de acompanhar os gráficos, para não entrar no desespero e correr o risco de acabar vendendo as ações em baixa.

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“Este tipo de investidor comprou os papéis porque acredita nos fundamentos da empresa e tem a expectativa de retorno no longo prazo”, afirma Magalhães. “Para ele, vender em momentos como este é um péssimo negócio”, diz.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip