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SÃO PAULO – Não é de hoje que os gestores de fundos de ações têm defendido um discurso positivo para a trajetória da Bolsa brasileira. Com um ciclo de mais de três anos de valorização, a visão de um juro baixo estrutural e de grandes reformas econômicas tem sustentado o otimismo com o mercado de ações. Ainda que parte do mercado defenda que o espaço adicional de apreciação dos ativos esteja mais limitado.
Em painel realizado no último sábado na Expert XP 2019, gestores de ações da XP, da AZ Quest Investimentos e da Apex Capital expressaram suas expectativas para o mercado brasileiro e indicaram suas preferências de alocação, com a cena doméstica em comum.
João Braga, sócio e gestor de renda variável da XP Asset, ressaltou que o Brasil está iniciando um novo ciclo, depois do pior de sua história, o que por si só já é um fator positivo. Há ainda uma expectativa por melhora operacional das empresas e uma avaliação favorável em termos de alavancagem financeira, por conta do patamar de juros brasileiros.
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“Parece que o juro vai ficar baixo e por um tempo maior. Desta vez estamos um pouco mais longe dos gargalos, por isso estou super otimista”, afirmou Braga, para quem a aprovação da proposta de reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara dos Deputados foi mais rápida e melhor do que o imaginado.
Alexandre Silvério, CIO e responsável pela estratégia de renda variável da AZ Quest Investimentos, também se disse muito otimista com o cenário brasileiro, e observou que a Bolsa vive um momento único em sua história. Em sua avaliação, o PIB deverá ter um crescimento moderado nos próximos anos, porém com empresas em melhores situações.
Ele espera uma expansão dos lucros de 20% a 25% ao longo dos próximos anos. Em termos macroeconômicos, Silvério ressaltou que a aprovação da reforma previdenciária não vai acelerar o investimento no país de imediato, mas deverá ter impacto sobre a confiança e, posteriormente, na agenda de investimentos. Há ainda sinalizações favoráveis da agenda micro do país.
“Se houvesse risco de uma nova recessão global, isso faria com que todos os benefícios da retomada brasileira ficassem em risco, mas não é o nosso cenário”, observou Silvério, para quem a acomodação monetária global é muito favorável para os emergentes.
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Um pouco mais cauteloso, Fábio Spinola, sócio fundador e responsável pela gestão dos fundos da Apex Capital, destacou ter um otimismo condicionado à aprovação da reforma da Previdência, que ajudará de forma relevante, mas não resolverá todos os problemas do Brasil.
Spinola vê condições para a Bolsa buscar os 115 mil pontos até o fim do ano, mas acredita que a expansão de múltiplo de grande parte das empresas já aconteceu.
Alocação dos fundos
Questionados sobre suas preferências de alocação no momento, as escolhas recaem sobre teses brasileiras. Braga foi direto ao ponto e afirmou que Via Varejo é a maior posição do fundo, em meio a uma aposta de turnaround (virada de rumo).
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“Não acho que a ação deveria subir tão forte como nos últimos dias, porque os resultados pioram muito antes de melhorar, tem um risco de execução. Mas acho difícil encontrar um case na Bolsa com um risco tão assimétrico.”
Para Spinola, da Apex, o foco está em encontrar novas “piscinas de lucros” que poderão gerar valor. “Inovações de carteiras digitais podem trazer novas formas de monetizar a partir do seu ativo inicial”, destacou o gestor, que colocou Lojas Renner como um dos papéis com potencial para seguir essa linha.
Por fim, Silvério, da AZ Quest, reforçou que empresas cíclicas domésticas que mais se beneficiam do cenário macroeconômico deverão ser as grandes vencedoras na Bolsa. Na lista, constam nomes como Via Varejo, Lojas Renner e Magazine Luiza.
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“Todos vão optar por colocar dinheiro em Bolsa em algum momento. A questão é quais são as empresas e se estão [negociadas] a valores adequados para essa nova realidade de juros baixos”, afirmou. “Vamos experimentar múltiplos muito mais altos e a Bolsa vai parecer cara, mas não é para se assustar. As pessoas têm que estar preparadas para esse cenário.”
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