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Após uma avalanche de eventos que abalou a indústria de crédito no começo do ano, os fundos de investimento em direito creditório (FIDCs) mostram sinais de melhora.
Levantamento feito pela Uqbar a pedido do InfoMoney apresenta que os atrasos nas carteiras de FIDCs estão diminuindo, assim como as provisões (quantia de capital separada por um fundo destinada a proteger valores que ele deve receber, em caso de inadimplência).
Segundo o estudo, o percentual de atrasos normalizado em relação à carteira do fundo ficou em 8,25% em agosto – menor percentual já registrado neste ano.
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O ápice dos atrasos teria sido registrado em maio quando o percentual atingiu 10,33%. A título de comparação, no fim do ano passado, o número estava em 8,06%.
Já o percentual da carteira que foi provisionado nos FIDCs chegou a 7,06% em agosto. Em maio deste ano, o número alcançou 8,00%.
No estudo, foram excluídos FIDCs não padronizados, fundos em liquidação e produtos com patrimônio menor do que R$ 10 milhões.
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Na avaliação de Dalton Farias, analista de dados e conteúdo da Uqbar, a melhora nos números tem a ver com o início do ciclo de cortes da Selic, que começou em agosto deste ano. Atualmente, a taxa está em 12,75% ao ano após nova queda no mês passado.
A diminuição da Selic melhora a saúde financeira das empresas, ao diminuir o custo da dívida e reduzir o percentual de inadimplência entre as companhias.
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Nova opção de investimento: FIDCs para pessoas físicas
FIDCs poderão ser acessados por pessoas físicas, a partir desta segunda-feira (2), com a entrada em vigor da Resolução CVM 175.
A Resolução foi publicada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em dezembro de 2022 para simplificar o arcabouço regulatório dos fundos de investimentos, ao substituir a Instrução CVM 555 e outras 38 normas. Sua vigência começaria em abril, mas acabou adiada para outubro.
Na prática, as maiores mudanças para os investidores são três: a responsabilidade dos cotistas em caso de perdas, a flexibilização dos investimentos no exterior e a liberação dos FIDCs para investidores de varejo.
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Para Beatrice Ferrari, sócia-fundadora da Blackbird Investimentos, o FIDC é um produto atrativo, mas a especialista alerta para a dificuldade dos investidores em entender os vários riscos associados. “É um produto que vai emplacar, porque tem boa rentabilidade e ajuda a sair do padrão, mas possui riscos. Estamos falando de crédito, onde há inadimplência”, avalia.
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Para dar o primeiro passo, a sugestão de Beatrice é de que os investidores optem por FIDCs de empresas maiores, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4), pelo risco menor de que não honrem os pagamentos.
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“O investidor estaria alocando em um único direito, mas são players grandes. Tende a ser mais estável do que um recebível de uma companhia de tecnologia, por exemplo”, diz. “O ideal é começar pelos mais óbvios”.
Atenção também para os tipos de cotas dos FIDCs. As sêniores, por exemplo, são as de menor risco, porque possuem prioridade no recebimento dos pagamentos. Já as subordinadas têm risco maior, porque funcionam como uma espécie de garantia dada por quem está cedendo o crédito. Justamente por isso, tendem a ter um retorno mais vantajoso.