Curva de juros indica que é a hora exata de comprar títulos do Tesouro Direto, entenda

A curva de juros futuros está inclinando para baixo e, quando isso acontece, significa que chegou a hora de comprar NTN-Bs, NTN-Fs e LTNs

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – A curva de juros futuros está inclinando para baixo e, quando isso acontece, é preciso ficar atento, pois indica que chegou a hora de comprar alguns títulos do Tesouro Direto, como as NTN-Bs, que são indexadas ao IPCA, e as LTNs, que são pré-fixadas.

De acordo com Richard Rytenband, economista e especialista em investimentos e métodos quantitativos pela FGV, isso está ocorrendo porque o mercado está preconizando uma troca de governo, o que poderia indicar uma melhora na economia, visto que os oposicionistas são classificados como mais pró-mercado do que a situação.

Para ele, um novo governo, com uma equipe econômica mais ortodoxa, controlaria a inflação com ajustes fiscais e a taxa iria cair no médio longo prazo, se alinhando com a inflação baixa. “O principal erro da atual equipe econômica, entre tantos, foi o de promover um ciclo de afrouxamento monetário em um momento que a inflação já estava beirando o teto da meta. A medida foi eleitoreira, provou a não independência do Banco Central e abalou ainda mais a confiança do mercado para com o governo”, explicou.

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Para operar títulos do Tesouro Direto, ou seja, ganhar com suas flutuações ao invés de segurá-los até o vencimento, o investidor deve ficar atento à curva de juros futuros, que reflete a expectativa do mercado para onde vai a taxa Selic.

Se o juros vai para baixo, as NTN-Bs e os pré-fixados NTN-Fs e LTNs valorizam, afinal, a taxa deles cai e, consequentemente, o PU (preço unitário) sobe. Se o papel está mais caro do que quando o investidor comprou, ele irá ganhar a diferença. Já se as expectativas em relação ao juros forem de alta, os investidores devem comprar LFTs, que são papéis indexados à taxa Selic.

Para se ter uma ideia sobre a importância de saber analisar o mercado e as expectativas em relação ao juros na hora de operar esses títulos, quem comprou NTN-Bs ou LTNs, por exemplo, no início do ciclo afrouxamento monetário, quando a Selic estava em 12,5% ao ano, em 2011, e vendeu no fim do ciclo, com a taxa a 7,25%, em 2012, ganhou 40% do capital investido em um período de um ano. Se o investidor ainda teve o feeling de comprar LFTs logo depois, pegando o ciclo de aperto monetário que levou a Selic de 7,25% para os atuais 11%, provavelmente já pode se aposentar e viver de renda, dependendo do montante investido.

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Ainda segundo o especialista, a comparação da rentabilidade em 2014 e em 12 meses dos títulos já prova que chegou o momento de comprar pré-fixados ou NTN-Bs. Enquanto uma LFT 2017 rendeu 7,4% neste ano e 10,17% em 12 meses, uma LTN com o mesmo vencimento rendeu 10,25% e 11,73%, respectivamente, uma NTN-F 2017 valorizou 9,81% e 11,22%, nesta ordem, e uma NTN-B deste mesmo ano rendeu 10,52% e 12,34%. “Essa diferença irá aumentar ainda mais daqui para frente”, alertou Rytenband.

“Essa diferença ainda vai aumentar, já que uma hora o mercado de juros futuro vai ter que precificar a desaceleração forte da economia, independente de quem vença as eleições, o eleito pegará uma economia muito enfraquecida e cheia de gargalos”, finalizou.