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Com a taxa básica de juros acima dos dois dígitos, a busca por aplicações que oferecem rendimento de 1% ao mês voltou a ser um desejo dos investidores de renda fixa. Embora mais factível, uma remuneração dessa magnitude, líquida de Imposto de Renda (IR), não está disponível em qualquer CDB (Certificado de Depósito Bancário) – mesmo com a Selic alcançando 13,25% ao ano.
Cálculos elaborados a pedido do InfoMoney por Camilla Dolle, head de análise de renda fixa da XP, sugerem que para conseguir uma rentabilidade equivalente a 1% ao mês líquido de IR o investidor precisaria realizar aplicações em CDBs que entregassem pelo menos 107% da taxa do CDI (principal indicador de retorno da renda fixa).
O resultado considera um investimento mantido por pelo menos dois anos, que seria tributado com a menor alíquota da tabela regressiva do Imposto de Renda, de 15%. A simulação leva em conta uma taxa do CDI igual à Selic, de 13,25% ao ano, e não desconta eventuais outros custos além do IR.
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Se o investidor quisesse manter os recursos aplicados por menos tempo, precisaria encontrar CDBs com remuneração mais alta para continuar conseguindo uma rentabilidade líquida de 1% ao mês. Para investimentos de um a dois anos, por exemplo, a taxa mínima seria de 110% do CDI. Já para aplicações curtas, de menos de seis meses, a exigência de rentabilidade subiria para 117% do CDI.
Confira a remuneração necessária para obter um retorno de 1% ao mês líquido de IR com aplicações de renda fixa para cada prazo de investimento:
Investimento de até 6 meses | Investimento entre 6 meses e 1 ano | Investimento entre 1 e 2 anos | Investimento acima de 2 anos | |
Alíquota de IR | 22,5% | 20% | 17,5% | 15% |
Remuneração mínima do investimento | 117% do CDI | 113% do CDI | 110% do CDI | 107% do CDI |
Fonte: Cálculos de Camilla Dolle (XP). A simulação considerou uma taxa do CDI igual a 13,25% ao ano.
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Encontrar investimentos com esse nível de retorno pode demandar alguma procura. Uma busca feita na quarta-feira (15) na plataforma Yubb, que compila investimentos oferecidos por diversas corretoras, apontou que o retorno máximo bruto oferecido por um CDB pós-fixado com prazo de seis meses era de 115% do CDI – abaixo do mínimo necessário para obter 1% ao mês livre de IR.
Para os demais prazos, era possível encontrar algumas opções de papéis pós-fixados com juros acima do patamar mínimo. Segundo os dados da Yubb, o Banco Bari e a BRK Financeira ofereciam dois CDBs com retorno bruto de 115% do CDI e vencimento em um ano. As duas instituições, entretanto, não apresentam classificação de risco de crédito (rating).
Levando em conta o mesmo prazo, o investidor também podia acessar CDBs emitidos pelo Banco Original, com rentabilidade bruta de 113% do CDI. Segundo a agência Fitch Ratings, a instituição financeira possui classificação BB+ no rating nacional de longo prazo.
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Ainda que os CDBs apresentem cobertura do Fundo de Garantidor de Crédito (FGC) – espécie de “seguro” que devolve até R$ 250 mil por investidor (CPF) e por instituição financeira, até o teto de R$ 1 milhão renovado a quatro anos – é importante ter cuidado na hora de escolher. Alocadores ouvidos pelo InfoMoney apontam que o investidor deve dar preferência a instituições com ratings AAA, AA, A e BBB, já que produtos a partir de BB possuem grau especulativo e costumam ser mais arriscados.
Além disso, os especialistas fazem um alerta: em caso de quebra do emissor, o dinheiro do FGC pode ficar retido por um período, durante o qual não há recebimento de rendimentos na aplicação. Logo, o ideal é diversificar os emissores para reduzir o risco.
Pós-fixados atrativos
Diante da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a Selic para 13,25% ao ano na última quarta-feira (15), deixando a porta aberta para novos ajustes nas próximas reuniões, títulos pós-fixados seguem atrativos e são uma das apostas dentro do Santander.
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Arley Junior, estrategista de investimentos da casa, recomenda os investimentos, mas afirma que o ideal é combinar CDBs com Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) ou do Agronegócio (LCAs). “As letras têm isenção do Imposto de Renda e oferecem um retorno maior, mas não alocamos somente nelas por conta do prazo de carência [a partir de 90 dias]”, explica.
Poupança x CDBs
Enquanto alguns CDBs conseguem oferecer retorno de 1% ao mês líquido de IR, a caderneta de poupança segue atrás quando o assunto é rentabilidade.
Atualmente, a remuneração da poupança é de 0,5% ao mês – ou 6,17% ao ano – mais a variação da TR (Taxa Referencial). Isso porque desde 2012, quando a taxa básica de juros supera 8,5% ao ano a rentabilidade da caderneta deixa de ser de 70% da Selic mais TR.
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A elevação da Selic pode aumentar o retorno da poupança, pois a taxa básica influencia o desempenho da TR. Porém, simulações de Camilla, da XP, indicam que os ganhos da caderneta seguem abaixo da inflação corrente. Na prática, o investidor continua a perder dinheiro ao deixar os recursos aplicados nela.
No melhor dos cenários, com a Selic a 13,25% ao ano, um investimento de R$ 10 mil na poupança renderia 7,84% – ou R$ 784 – em um ano. Isso levando em conta que a TR média ao longo deste ano estaria em 0,13%, segundo cálculos da XP.
Outro detalhe é que enquanto a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, a remuneração de 0,5% ao mês da poupança fica estacionada, enquanto o retorno das aplicações pós-fixadas continua subindo.
Se o investidor destinasse o mesmo valor a um CDB com retorno de 100% do CDI, por exemplo, teria um retorno de 10,65% no mesmo período, já considerando o desconto de 20% do Imposto de Renda. Se a rentabilidade prometida fosse maior, como 110% do CDI, o rendimento chegaria a 11,84% ao ano.
Confira simulações de retorno da taxa Selic na tabela a seguir:
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