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Diante da necessidade de obter capital de giro de forma mais rápida e barata, as empresas aproveitaram o momento para captar dinheiro via emissão de debêntures. Em abril, as emissões desse tipo de produto alcançaram R$ 18,3 bilhões e representaram mais da metade (56,4%) do volume total emitido no mercado de capitais no mês, que chegou a R$ 32,5 bilhões.
Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). No acumulado, o volume total de emissões de debêntures chega a R$ 74,2 bilhões.
Além do forte volume emitido, chama a atenção que a remuneração oferecida nas ofertas está quase toda atrelada ao retorno do CDI acrescido de um spread (taxa que é oferecida pelo risco que o investidor corre ao adquirir um título de dívida de empresa, em relação a um título público).
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Segundo os números da Anbima, nove em cada dez (86,0%) emissões feitas entre janeiro e abril deste ano tiveram a remuneração atrelada ao CDI acrescida de um spread. No mesmo período do ano passado, quando a Selic estava em 2,75%, esse tipo de retorno estava presente em 52,9% das ofertas.
Enquanto isso, 26% das ofertas tinham a rentabilidade atrelada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre janeiro e abril do ano passado. Agora, o percentual de ofertas em que a remuneração está indexada à inflação oficial é de 11,7%.
Sobre o destino dos recursos, pouco mais de um terço (31,0%) das emissões foram focadas em captar dinheiro para capital de giro. Na sequência, as empresas emitiram títulos de dívida para refinanciar o seu passivo (29,1%) e investir em infraestrutura (12,0%).
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FIDCs, CRIs e CRAs
Os dados da Anbima apontaram ainda que o volume de emissão de fundos de investimento focados em direito creditório (FIDCs) praticamente dobrou na passagem de março para abril, chegando a R$ 3,6 bilhões no mês passado. No acumulado do ano, as emissões já alcançam os R$ 12,5 bilhões.
Destaque também para as ofertas de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRAs), em que o volume emitido bateu os R$ 3,7 bilhões e R$ 2,2 bilhões em abril, respectivamente.
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No caso dos CRAs, ofertas com remuneração atrelada ao IPCA responderam por mais da metade das emissões (59,6%) entre janeiro e abril deste ano. No mesmo período do ano passado, esse tipo de rentabilidade correspondia a 92,6% das emissões.
Ao mesmo tempo, ofertas com o retorno atrelado ao CDI mais um spread representaram agora 39,6% das emissões. Entre janeiro e abril de 2021, o percentual com a remuneração indexada a esse indicador era de 7,2%.
Fiagros
Outro dado que chama a atenção é o número de pessoas físicas que participaram das ofertas dos Fiagros, fundos que investem nas cadeias produtivas agroindustriais. Segundo a Anbima, as pessoas físicas representaram quase 90% dos subscritores nesse tipo de oferta entre janeiro e abril deste ano.
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Os fundos de investimento, por sua vez, corresponderam a cerca de 10% dos subscritores durante o mesmo período. Isso considerando ofertas do tipo CVM 400 e CVM 476. Já no caso de ofertas públicas do tipo CVM 400, pessoas físicas representaram 93% dos subscritores.
Embora a participação de pessoas físicas seja significativa nessa classe de fundos, o volume de emissões de Fiagros vem perdendo força mês a mês. Em abril, por exemplo, as emissões de Fiagro terminaram em R$ 191 milhões, percentual 48% menor do que o registrado em março.
Trata-se também do valor mensal mais baixo já registrado neste ano. No acumulado de 2022, o volume captado chega a R$ 2,1 bilhões. Esse tipo de produto foi regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em julho de 2021.
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Ações e follow-ons
A situação é complicada para as ofertas iniciais de ações, já que a Bolsa está há três meses sem operações desse tipo. O último registro foi em janeiro deste ano – uma operação de R$ 405,7 milhões do Nubank.
Segundo a Anbima, a expectativa de que os juros aumentem ainda mais e sigam elevados por mais tempo se reflete em um cenário desafiador para uma primeira colocação de ações.
As operações de follow-on (ofertas subsequentes de ações), por outro lado, se mostraram mais resilientes do que os IPOs. Em abril, essas emissões chegaram a R$ 629 milhões. Já no acumulado do ano, o volume alcança os R$ 11,9 bilhões, o que representa 93,6% do total emitido em renda variável no período.