“Dividendos” em cripto existem e pagaram até 10% em maio; veja riscos e ativos mais rentáveis

Staking remunera alto o investidor que topa manter criptomoedas na carteira — será que vale a pena o risco?

Lucas Gabriel Marins

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Poucos sabem, mas as criptomoedas, assim como ações, fundos imobiliários e alguns BDRs (Brazilian Depositary Receipts), também distribuem “dividendos” — ou pelo menos algo parecido.

No mercado cripto, o processo recebe o nome de staking, um método de renda passiva que cresceu com a chegada das finanças descentralizadas (DeFi) em 2020 e ganhou força em 2023, quando o Ethereum (ETH) concluiu uma atualização que agrega a funcionalidade.

A lógica por trás dos “dividendos” de criptoativos é similar à do mercado tradicional: o investidor compra tokens, os mantêm por um determinado período e, em troca, recebe uma remuneração.

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Há, no entanto, algumas diferenças. No setor de ativos digitais, todo o repasse é registrado na blockchain via smart contracts (contratos inteligentes), que removem intermediários, como bancos e corretoras, e agilizam o mecanismo.

Por outro lado, o setor não é regulado e está cheio de golpistas querendo ganhar dinheiro fácil com projetos sem fundamento, o que eleva muito os riscos e os cuidados necessários na hora de investir.

“As proteções regulatórias que existem em outras classes de ativos não existem nas criptomoedas. Sua acessibilidade e natureza aberta são uma faca de dois gumes: por um lado, você pode se expor a tecnologias inovadoras, mas, por outro, pode ser vítima de hacks ou fraudes”, disse Rogelio Sada, cofundador e CEO da startup Ridian.

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Cuidados e riscos

Para escolher direito e não cair em furadas, disse Sada, alguns fatores devem ser analisados pelo investidor antes de escolher um criptoativo que paga dividendo.

“Observar o histórico da equipe por trás de um projeto é um bom primeiro passo. Em seguida, verificar quem está apoiando/investindo é um segundo filtro comum. Se tiver investidores conhecidos ou tiver recebido subsídios de protocolos de criptografia, isso normalmente também é um bom sinal, o que significa que profissionais que entendem do espaço examinaram e aprovaram o projeto. Obviamente, é fundamental também entender qual é o objetivo do projeto”, falou.

Paulo Boghosian, head de research cripto da TC Pandhora, disse que receber taxa de juros no mercado de criptomoedas não é um tema trivial e nem para iniciantes, pois há diversas nuances a respeito.

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De acordo com ele, o interessado precisa entender por que um protocolo está pagando aquela taxa e de onde está vindo o dinheiro para tal. Além disso, falou, é ideal conhecer as ameaças.

“O primeiro risco importante que o investidor precisa se preocupar é com o risco de mercado, de a moeda que ele coloca em staking se desvalorizar mais do que a taxa de juros que ele está recebendo. O segundo risco é entender se essa economia e esse mecanismo de incentivo de um token é sustentável”, disse.

“Há ainda um terceiro risco que é o de contrato inteligente. Há o risco de haver uma vulnerabilidade no código que permita hacks e ataques a esses protocolos, o que pode resultar em perda dessas moedas”, completou.

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As compras geralmente envolvem o uso de exchanges descentralizadas. Portano, o usuário precisa ter pelo menos conhecimento básico sobre transferência de criptomoedas, disse Eduardo de la Garza, cofundador e CTO da Ridian.

“Para poder aproveitar todas essas oportunidades, é preciso entender como funcionam as carteiras e as transações para poder gerenciá-las adequadamente. A única maneira de fazer isso de forma responsável é educar-se e investir progressivamente em mais protocolos à medida que seus níveis de experiência e compreensão melhoram com o tempo.

5 criptomoedas que mais pagam dividendos

Obter dividendos em criptomoedas não é tarefa fácil e envolve muitos riscos e uma elevada curva de aprendizado, mas as recompensas podem valer a pena, a depender do apetite do investidor.

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Em maio, o indicador IDIV, que mede o desempenho médio dos criptoativos que melhor remuneraram os investidores, subiu 5,17%, e vários tokens entregaram remunerações acima desse patamar. Alguns deles pagaram quase 10% no mês.

Veja abaixo os tokens que mais encheram os bolsos dos usuários no mês passado, segundo o site stakingrewards.

EVMOS

A Evmons (EVMOS) é um projeto cripto que permite a criação de tokens interoperáveis entre o ecossistema Cosmos (ATOM) e a rede Ethereum, segunda maior do mercado.

Em maio, o token entregou 9,47% em dividendos aos investidores. Na prática, significa que uma pessoa que manteve US$ 1.000 em cripto no ecossistema conseguiu ganhar US$ 94,68 no mês.

Para fazer staking desse ativo digital, o investidor deve baixar uma carteira cripto chamada Kepl. Na sequência, precisa enviar tokens EVMOS previamente comprados para dentro da carteira. Esses ativos digitais podem ser adquiridos em exchanges como Huobi e Bitget.

Por fim, após a transferência dos tokens, basta clicar dentro da carteira na opção All Validators (todos os validadores, em português), escolher uma opção e deixar lá. Pronto.

Decimal (DEL)

O segundo projeto cripto que mais pagou dividendo foi o Decimal (DEL), uma blockchain que permite a criação de diversos tipos de tokens. No mês passado, o projeto entregou 9% de lucro. Quem investiu US$ 1000, portanto, embolsou US$ 90 de forma passiva.

Para fazer staking na Decimal, é preciso baixar uma carteira cripto que suporta Decimal e manter tokens DEL nela. Dentro da wallet, basta selecionar a opção Validator (validador, em português) e pronto.

Tokens DEL são negociados exchanges descentralizadas, como a PancakeSwap (CAKE).

AssetMantle (MNTL)

AssetMantle é uma plataforma que permite criar e negociar tokens não fungíveis (NFTs). No mês passado, o investidor que manteve seus ativos “presos” no sistema conseguiu lucrar 8,82%.

Assim como no caso da EVMOS, é preciso ter uma carteira Kepl. Dentro da wallet, basta selecionar o validador desejado do token e ficar aguardando os juros.

O MNTL pode ser adquirido em exchanges como Osmosis e MEXC.

ChangeX (CHANGE)

A ChangeX é uma espécie de balcão que permite a negociação de criptomoedas, staking e empréstimos via DeFi. O CHANGE é seu token nativo.

Nos últimos 30 dias, o projeto cripto pagou 7,88% em dividendos para os investidores. Para manter criptos na plataforma, é preciso utilizar um aplicativo próprio chamado ChangeX, disponível na Apple Store e no Google Play.

Depois, é só enviar o token previamente comprado (as exchanges MEXC e Coinstore negociam) para lá e optar pelo staking.

Coti (COTI)

A Coti (COTI) se vende como um sistema blockchain desenvolvido para grupos empresariais criarem suas próprias soluções de pagamentos.

Em maio, o token COTI pagou 3,97% em dividendos para os usuários que mantêm criptos no sistema. Para participar, é preciso usar uma carteira própria do ativo digital.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney