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Após cinco fechamentos seguidos em queda, o dólar à vista atingiu a sua menor cotação frente ao real desde junho de 2022, quando encerrou a sessão em R$ 4,8741. Nesta segunda-feira (15), a moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 4,8891 na venda, com queda de 0,67%.
Segundo analistas, um dos movimentos que favorece a queda do dólar no cenário nacional nos últimos dias é a entrada de investidores estrangeiros na bolsa brasileira.
“O cenário no Brasil está otimista com a expectativa de apresentação do arcabouço fiscal. Além disso, o mercado espera por uma manutenção de juros nos EUA, o que beneficia o real e estimula a entrada de mais capital estrangeiro no Brasil”, diz Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital.
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Se, por um lado, a chegada de investidores estrangeiros ajuda a jogar a cotação do dólar para baixo, por outro, quedas abaixo de certos “níveis psicológicos” despertam os investidores brasileiros para a possibilidade de aumentar as posições em ativos lá fora.
É mais vantajoso fazer remessas de recursos para o exterior quando o dólar está mais barato, já que demanda uma quantidade de reais menor para adquirir um mesmo valor da moeda americana.
Em cinco dias, a divisa dos EUA perdeu 2,37% de valor, saindo de um patamar de R$ 5,00 na venda, para os atuais R$ 4,88. Desde o começo do ano, o dólar acumula 7,5% de queda.
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Vale a pena aproveitar a janela e dolarizar mais a carteira nesse momento? Na visão dos especialistas, sim – mas apenas se, estruturalmente, o investidor tiver predisposição a ter uma parcela maior do patrimônio alocado em investimentos internacionais.
Mal comparando, é como quem decide fazer uma viagem nas férias. Quem já decidiu o destino, quantos dias vai durar o passeio, os hotéis em que pretende se hospedar e quem vai junto pode esperar uma promoção aparecer para então comprar as passagens. Começar pelo último passo, só porque os bilhetes ficaram baratos, não é visto como uma boa ideia.
No mês passado, o dólar já havia flertado com o patamar abaixo dos R$ 5 pela primeira vez em dois meses. “Quando temos um dólar caindo, observamos um patamar muito mais atrativo para começar a aportar dinheiro [em investimentos] lá fora”, disse Jennie Li, estrategista de ações da XP. “Nós defendemos a exposição internacional do investidor doméstico – ou seja, ter parte da carteira atrelada ao dólar – e o momento seria propício para isso”.
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Nesta segunda-feira (15), o recuo da moeda acompanhou o movimento no exterior, onde o dólar também cedeu ante divisas como o peso mexicano, o dólar australiano e o dólar canadense. No Brasil, a expectativa de apresentação do novo arcabouço fiscal fortaleceu o real. Já nos Estados Unidos, a perspectiva de estabilização dos juros nos próximos meses enfraqueceu o dólar.
Até que ponto o dólar pode continuar caindo não é uma visão consensual no mercado. “Se rompermos o patamar dos R$ 4,90, o próximo ponto óbvio é o de R$ 4,80-R$ 4,76. E depois disso, por volta de R$ 4,60”, avalia o economista André Perfeito.
Ele pondera, porém, que o andar da carruagem do corte de juros no Brasil poderá ter impacto mais à frente. “Imagino que o dólar vai buscar patamares mais baixos, mas uma vez iniciados os cortes [da taxa Selic], os investidores irão ponderar com mais peso a influência dos juros na moeda e provavelmente o real irá se depreciar”, diz Perfeito. “Esta depreciação não será forte, uma vez que a economia brasileira terá ganho ‘momento’, mas deve fazer o dólar voltar ao patamar de R$ 5,00 ao final do ano.”
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O Relatório Focus publicado na manhã desta segunda-feira (15) pelo Banco Central indica que a estimativa dos agentes financeiros para o câmbio é de que encerre o ano em R$ 5,20, ante R$ 5,24 há um mês. Para 2024, a mediana passou de R$ 5,25 para R$ 5,20, contra R$ 5,26 de quatro semanas antes.
Comprar dólar X dolarizar os investimentos
Aproveitar as cotações mais baixas pode ser uma alternativa, sim. Mas não se trata de fazer os aportes visando a obter ganhos imediatos. Nem de pensar no dólar como uma classe de ativos. No lugar disso, faz mais sentido procurar exposição à moeda por meio de outros investimentos. “Há uma diferença entre comprar dólar e dolarizar os investimentos”, diz Rodrigo Sgavioli, head de alocação e fundos da XP.
Para quem optar por essa via, Sgavioli afirma que a casa está “menos construtiva” com ações americanas, preferindo maior diversificação geográfica em países que se beneficiam da reabertura e do crescimento da China. “Gostamos também da renda fixa americana, com preferência por títulos do governo de curto prazo e títulos corporativos de alta qualidade [high grade] com vencimentos não muito longos”.