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Drex é o novo nome do Real Digital, inovação desenvolvida pelo Banco Central com o objetivo de aprofundar a digitalização da economia – que começou com o Pix, em 2020.
A mudança de nome vem a calhar. Mais do que moeda digital, o Drex – previsto para o fim de 2024 – pretende ser uma infraestrutura que deverá integrar, pela primeira vez em um só lugar, tanto dinheiro quanto ativos financeiros, como ações, debêntures, títulos públicos e até certificados de propriedade de imóveis e automóveis.
Entre os efeitos esperados estão produtos financeiros melhores e mais rentáveis para todos os participantes da cadeia (de emissores a investidores), maior agilidade e disponibilidade para investir, sem precisar necessariamente obedecer aos horários bancários, além da possibilidade de surgimento de novos instrumentos.
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Por esses motivos, há grande expectativa de que a novidade represente para o mercado financeiro um salto similar – ou até mais alto – ao que foi dado pelo Pix na cultura de pagamentos do brasileiro.
“O Pix tornou o acesso aos meios de pagamento muito mais fácil, rápido e barato para as pessoas. O Banco Central quer seguir nesse mesmo caminho para o serviços financeiros, para que também possam ser acessados de forma mais simples e barata pelas pessoas”, disse Tatiana Guazzelli, sócia do Pinheiro Neto Advogados e especialista no mercado de criptoativos, em participação no Cripto+, programa semanal do InfoMoney sobre o universo dos ativos digitais (confira a íntegra no vídeo acima).
Investimentos 24 horas por dia
Investir no Brasil pode ficar mais fácil com o Drex, pelo fim das amarras colocadas pelo sistema bancário tradicional, que exige que aportes sejam realizados em determinados horários. Assim como o Pix permite transferências na madrugada, o Drex permitirá fazer investimentos ou resgates de produtos financeiros 24 horas por dia, 7 dias por semana.
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“Existe esse limite de horário [atualmente] porque muita conciliação precisa ser feita manualmente, e os sistemas são lentos. Imagina conciliar toda a troca de dinheiro que existe entre um banco e outro. É muito dinheiro [trafegando] por vários sistemas diferentes”, detalhou Bruno Grossi, gerente de tecnologia do Inter, banco que participa de um dos consórcios do piloto do Drex, ao Cripto+.
Com a nova tecnologia da moeda digital, explica Grossi, a troca de informações é padronizada com dados imutáveis, que podem ser verificados rapidamente — evitando até ligações telefônicas entre tesourarias para confirmar determinadas transações.
“[Com o Drex], toda essa conciliação vai acontecer praticamente em tempo real, 24 horas por dia, automatizada com smart contracts [contratos inteligentes]”.
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Maiores rentabilidades
O otimismo com o Drex passa pela promessa de entregar ganhos de eficiência para empresas do mercado financeiro, abrindo espaço para automatizar e baratear emissões de produtos que hoje são caros demais para serem ofertados ao investidor de varejo.
Há, por exemplo, uma expectativa de redução de custos para emissão de dívidas por empresas e, ao mesmo tempo, maior potencial de rentabilidade para os investidores.
Uma prévia dessa “revolução” já aparece nas poucas ofertas de tokens de recebíveis realizadas no País. O primeiro ativo dessa categoria com aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), lançado em maio, oferecia retorno estimado de 2,25% ao mês, bem acima da média do mercado.
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Especialistas consideram que a chegada do Drex irá impulsionar ofertas como essa, multiplicando a disponibilidade de tokens de renda fixa com altas taxas e maior liquidez que atualmente.
Um dos motivos é regulatório, já que BC e CVM deverão editar normas a respeito desses tokens no futuro. Outra razão é tecnológica: investimentos tokenizados (transformados em tokens, representações digitais) ofertados hoje precisam conversar com a rede bancária tradicional, criando uma limitação para esses instrumentos.
Novos produtos financeiros
O Drex deverá não só melhorar produtos de investimentos já existentes, mas também permitir a criação de novas opções para o investidor e viabilizar arranjos inovadores para instrumentos atuais.
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Com a tecnologia, será possível:
- usar uma ação como garantia para tomar empréstimos em bancos;
- comprar pequenas participações de imóveis fracionados em tokens;
- comprar até 1 centavo de título público;
- ter transações comerciais mais seguras, com entrega contra pagamento automatizada, entre outras inovações.
Um bom exemplo de entrega contra pagamento com Drex se dá na venda hipotética de um carro com documentação digitalizada: o software do banco saberá que só pode entregar o dinheiro ao vendedor se o produto for passado para o nome do comprador, executando a transação sem necessidade de conciliação bancária ou checagem de documentos em cartório.
Atualmente, parte dessas tarefas já é realizada por sistemas automatizados, mas eles não são integrados entre instituições financeiras, e não trazem dados tão confiáveis quanto os prometidos pelo Drex, que usará tecnologia similar à blockchain, que nasceu com as criptomoedas.
Embora o exemplo seja de uma transação comercial, as possibilidades são inúmeras para o mercado financeiro, que poderá beber dessa tecnologia para oferecer produtos mais rentáveis e seguros.
“Para o mercado financeiro há vários ganhos com processos de liquidação mais eficientes, porque o token de um ativo financeiro vai estar na mesma rede do token da moeda, do Real Digital”, explicou ao Cripto+ do InfoMoney Marcos Viriato, CEO da Parfin, empresa especializada em infraestrutura de tokenização para o mercado financeiro, que também participa do projeto-piloto do Drex.
“O direito de propriedade do seu carro, por exemplo, pode estar representado em blockchain, em um token que é único, imutável, que sabe que é seu. O Real Digital também será um token, que é a representação do papel físico”, completa. O piloto do Drex, vale lembrar, testará a entrega contra pagamento de um título público digital.
No Cripto+, os especialistas também explicaram o que é uma moeda digital de banco central, por que diversos países iniciaram seus projetos, e quais as razões que levam o mundo a observar com lupa as ações do BC brasileiro nessa seara. Também comentaram sobre as diferenças entre o Drex e uma criptomoeda, entre outros detalhes da nova apresentação digital do real.
Confira o programa na íntegra e veja episódios anteriores no canal do InfoMoney no YouTube.