“É claro que o real pode desvalorizar mais”, diz Márcio Appel

Os fundos da sua gestora, a Adam, se recuperaram em agosto, e um dos investimentos que deram certo foi a aposta na alta do dólar frente a uma cesta de moedas

Giuliana Napolitano

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SÃO PAULO – Depois de alguns meses complicados, os fundos da gestora Adam Capital tiraram o atraso em agosto. Os multimercados Macro, Strategy e Advanced renderam, respectivamente, 1,9%, 2,3% e 3,7% no mês.

Nos três casos, foi o melhor desempenho desde janeiro de 2018. De lá até julho deste ano, o resultado havia ficado abaixo do CDI em alguns momentos. No acumulado de 2019, todos os fundos estão superando o CDI.

O Macro, principal fundo da Adam, rendeu 5,3% de janeiro a agosto, enquanto o CDI ficou em 4,2%.

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Um dos investimentos que deram certo foi a aposta na valorização do dólar em relação a uma cesta de moedas, incluindo as de países emergentes e o euro, disse ao InfoMoney Márcio Appel, fundador da gestora. A posição continua na carteira.

“A economia mundial deve desacelerar mais que a americana, o que deve manter a tendência de valorização do dólar em relação a diferentes moedas”, afirmou Appel. Uma dessas moedas é o real.

“É claro que o real pode desvalorizar mais”, disse o gestor. Segundo ele, o dólar pode chegar a R$ 4,50 ainda neste ano. “O Brasil está buscando um novo equilíbrio, com juros baixos para estimular a atividade. Isso, combinado ao cenário externo mais complicado, deve levar à depreciação do real”, completou.

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Os outros investimentos da Adam que deram certo foram a aposta na valorização do ouro e na tendência de queda de juros nos Estados Unidos.

Bolsa brasileira: ainda não é a hora

Appel continua reticente com a Bolsa brasileira. Como já havia afirmado em julho, o investimento não compensa o risco. Em termos líquidos, a exposição dos fundos da gestora à Bolsa brasileira é zero.

“A euforia nos assusta. Algumas ações de empresas de menor porte estão sendo negociadas como se estivessem num cassino”, afirmou.

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“Estamos comprados em algumas ações, especialmente do setor de commodities, que ainda estão baratas”, disse. Em sua opinião, os papéis do setor de consumo já subiram muito. “A economia precisa nos dar uma surpresa muito positiva para que essas ações passem a valer a pena”.

Para o gestor, o fato de mais empresas estarem fazendo ofertas de ações indica que os vendedores estão gostando do nível de preço atual do mercado. “A economia brasileira ainda está devagar, não há tantas oportunidades para uma companhia investir o dinheiro que levantar na Bolsa. Se está vendendo ações, é porque acha que o preço está bom.”

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.