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As altas taxas de juros estimulam os investimentos em ativos de renda fixa, mas podem acabar desmotivando a emissão desses papéis pelas empresas, em busca de recursos para financiar projetos.
A oferta de novas debêntures no mercado totalizou R$ 36,6 bilhões no primeiro trimestre. O valor é 34,5% menor do que o verificado no mesmo período de 2022.
Mesmo caindo, o terceiro maior da série histórica da Anbima (iniciada em 2012) para um primeiro trimestre. As empresas do setor de energia elétrica lideraram as emissões de debêntures no período, com R$ 15 bilhões.
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“O primeiro trimestre deste ano foi marcado por muita volatilidade e alta dos juros, o que se refletiu em um menor movimento do mercado de capitais em geral, na renda fixa e, principalmente, na renda variável”, afirma José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima.
Outros instrumentos também tiveram desempenho menos promissor entre janeiro e março. As ofertas de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) se mantiveram estáveis em relação ao primeiro trimestre de 2022. Já entre os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e as notas comerciais, houve quedas de 21,1% (para R$ 5,4 bilhões) e de 65,5% (para R$ 3,3 bilhões), respectivamente.
CRIs e CRAs são isentos de Imposto de Renda, assim como as debêntures incentivadas, que servem para captar recursos para projetos específicos, voltados ao desenvolvimento da infraestrutura do País. Foram regulamentadas pela lei 12.431, de 2011, e também são chamadas de debêntures de infraestrutura. Entre os setores prioritários para emissão estão logística, transporte, saneamento básico e energia.
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Após oito meses sem operações de renda fixa de empresas brasileiras no mercado externo, uma oferta de bond foi realizada no primeiro trimestre de 2023, movimentando US$ 1 bilhão.
Vale a pena ter debêntures na carteira?
Debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas e negociados no mercado de capitais. Em alguns aspectos, seu funcionamento lembra o dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto. Só que, em vez de financiar o governo, quem compra debêntures empresta dinheiro para uma empresa construir uma nova fábrica, expandir as operações no exterior ou fazer qualquer outro grande investimento.
Para o investidor, optar por debêntures significa diversificar a carteira, mesmo se a intenção for se manter dentro do espectro da renda fixa. Empresas de diferentes portes, setores e com objetivos distintos emitem esses papéis, o que abre um leque amplo de oportunidades para o investidor.
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Muitas debêntures são negociadas na B3, o que pode facilitar a tarefa. Mas não é raro que a liquidez dos papéis (a facilidade de vendê-los no pregão) seja restrita.
Quando isso acontece, a empresa emissora é obrigada a recomprar os títulos dos debenturistas que não aceitarem as novas condições. Mas se o investidor tiver feito planos considerando as características descritas na escritura de emissão, suas expectativas podem acabar sendo frustradas.
As debêntures “queridinhas” dos fundos de investimento
Uma forma de investir em debêntures sem comprá-las diretamente no mercado é por meio de fundos. Um relatório da plataforma Quantum Finance, elaborado para o InfoMoney, mostra quais são as favoritas dos gestores.
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Papéis da Claro (BCPSA1), que ofereciam uma taxa de emissão equivalente ao CDI (referência para investimentos de renda fixa) mais 1,4% ao ano, concentram o maior volume nas carteiras: R$ 4,3 bilhões. Os ativos estão presentes em 35 fundos.
Logo atrás vêm as debêntures da B3 (BSA316), com rentabilidade na emissão de CDI mais 1,3% ao ano, somando um montante de R$ 3,1 bilhões nas carteiras de 226 fundos.
As debêntures da NCF Participações (NCFP14), uma das holdings controladoras do Bradesco, que ofereciam CDI mais 1,5% na emissão, estão em terceiro lugar no levantamento da Quantum, com R$ 2,9 bilhões. Um total de 325 fundos possui os papéis.
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O estudo considerou todos os fundos que têm debêntures, totalizando um universo de 1.402 carteiras regidas pela instrução 555 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Foi tomada como base a competência de dezembro de 2022. Isso porque estas são as carteiras mais recentes totalmente abertas para análise no site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Confira o ranking das 20 debêntures preferidas dos fundos de investimento, elaborado pela Quantum:
Ticker | Emissor | Vencimento | Taxa na emissão | Volume detido pelos fundos | Nº de fundos que possuem a debênture |
BCPSA1 | Claro | 28/03/2024 | DI + 1,4% | R$ 4,3 bilhões | 35 |
BSA316 | B3 | 05/08/2027 | DI + 1,3% | R$ 3,1 bilhões | 226 |
NCFP14 | NCF Participações | 23/12/2023 | DI + 1,5% | R$ 2,9 bilhões | |
CIEL16 | Cielo | 20/09/2025 | DI + 1,2% | R$ 2,9 bilhões | 195 |
ITSA15 | Itausa | 08/08/2025 | DI + 1,12% | R$ 2,5 bilhões | 100 |
ELET22 | Eletrobras | 25/04/2024 | DI + 1% | R$ 2,1 bilhões | 167 |
TLPP27 | Telefônica Brasil | 12/07/2027 | DI + 1,35% | R$ 2 bilhões | 160 |
EQTL55 | Equatorial Energia | 24/02/2025 | DI + 1,4% | R$ 2 bilhões | 85 |
PALFA2 | Companhia Paulista de Força e Luz | 12/12/2026 | DI + 1,2% | R$ 2 bilhões | 99 |
ASAI14 | Sendas Distribuidora | 26/11/2027 | DI + 1,75% | R$ 2 bilhões | 346 |
HAPV13 | Hapvida | 10/05/2029 | DI + 1,6% | R$ 1,9 bilhão | 283 |
MGLUA0 | Magazine Luiza | 15/10/2026 | DI + 1,25% | R$ 1,9 bilhão | 210 |
CCROA6 | CCR | 15/01/2029 | DI + 1,7% | R$ 1,8 bilhão | 292 |
UGPA16 | Ultrapar | 05/03/2023 | 105,25% do DI | R$ 1,7 bilhão | 77 |
EQTL15 | Equatorial Energia | 15/12/2026 | DI + 1,55% | R$ 1,6 bilhão | 289 |
BRKPA0 | BRK Ambiental | 15/04/2027 | DI + 2,4% | R$ 1,6 bilhão | 240 |
RLOG11 | Cosan | 25/08/2025 | DI + 2,65% | R$ 1,6 bilhão | 338 |
TIMS12 | TIM | 15/06/2028 | IPCA + 4,17% | R$ 1,6 bilhão | 1 |
LCAMA9 | Companhia de Locação das Américas | 15/01/2026 | DI + 2,4% | R$ 1,6 bilhão | 412 |
RDORB9 | Rede D’Or São Luiz | 20/08/2031 | DI + 1,9% | R$ 1,5 bilhão | 317 |
Fonte: Quantum