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Em um mês marcado pela crise contábil da Americanas (AMER3), fundos imobiliários que mantêm ligação com a companhia registraram perdas em janeiro. Mas nada se compara ao comportamento do Tordesilhas EI (TORD11) e do Versalhes RI (VSLH11), que, mesmo sem apresentar qualquer relação com a varejista, despencaram mais de 20% no período.
De perfil híbrido, investindo em mais de um tipo de ativo, o TORD11 enfrenta atualmente um cenário desafiador, como classifica o próprio relatório gerencial divulgado pela carteira em janeiro.
Atualmente, 41,8% do portfólio do Tordesilhas EI está concentrado em equities – participação do fundo no desenvolvimento de empreendimentos imobiliários para a futura venda de unidades ou cotas.
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No entanto, a redução do volume de vendas e o aumento na quantidade de distratos – devolução dos imóveis – têm prejudicado de forma significativa as operações do fundo, aponta o documento.
Para se ter uma ideia, o Tordesilhas EI pagou aos investidores, em janeiro, R$ 0,04 por cota – metade do dividendo repassado no mês anterior. A decisão reflete a preocupação com a possível falta de recursos em caixa do fundo.
“Tal decisão reflete a necessidade pontual de manutenção da reserva de lucro caixa acumulada, para mitigar o risco de sua não reposição via resultado caixa positivo futuro”, confirma relatório gerencial da carteira.
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A situação do TORD11 refletiu no desempenho das cotas do fundo, que amargam queda de mais de 24% no acumulado do mês, a maior entre os FIIs que compõem o Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na B3.
Confira as maiores baixas dos fundos imobiliários em janeiro de 2023:
Ticker | Fundo | Segmento | Variação em janeiro (%) |
TORD11 | Tordesilhas EI | Desenvolvimento | -24,63 |
VSLH11 | Versalhes Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | -22,06 |
RBRL11 | RBR Log | Logística | -13,13 |
JSRE11 | JS Real Estate | Híbrido | -11,25 |
VIUR11 | Vinci Imóveis Urbanos | Renda Urbana | -10,42 |
Fonte: Economatica (31/01/23) – A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
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Gerido e administrado pelas mesmas empresas que o TORD11 – R Capital Asset e Vórtx DTVM, respectivamente –, o Versalhes RI (VSLH11) também reduziu dividendos em janeiro para diminuir os riscos de falta de recursos em caixa. Nesta terça-feira (31), o fundo fechou com forte queda de 12%.
Do tipo “papel” – que investe em títulos de renda fixa ligados ao mercado imobiliário –, o fundo tem hoje 83,7% do portfólio composto por CRIs (certificados de recebíveis imobiliários).
Embora reporte que todas as operações do fundo terminaram o mês passado adimplentes, a equipe de gestão sinaliza preocupação com pelo menos dez dos 34 CRIs.
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Os títulos – que recebem um alerta vermelho no relatório gerencial – apresentam problemas do ponto de vista de performance e risco e estão sob um plano de ação para evitar possíveis prejuízos, explica o documento.
Tanto o TORD11 como o VSLH11 atuam principalmente no segmento de multipropriedades – hotelaria, residência, comércio e lazer. Trata-se de setor mais sensível ao aumento da inadimplência ou cancelamento de negócios, como destacou o relatório gerencial do Tordesilhas EI em agosto do ano passado.
Na oportunidade, o FII chegou a cancelar a distribuição de dividendos por receio de inadimplência nos equities e nos CRIs, que hoje representam 17% do portfólio do FII.
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Ifix e o efeito Americanas
O Ifix completou o terceiro mês sem ganhos. Após queda de 4,15% em novembro e estabilidade em dezembro de 2022, o indicador fecha o primeiro mês de 2023 com perdas de 1,6%.
Além da performance do TORD11 e do VSLH11, o índice também sentiu o impacto da crise na Americanas. Pelo menos oito fundos imobiliários – entre os que divulgam os nomes dos inquilinos – mantêm alguma relação com a varejista. O número não considera os FIIs de shopping que, eventualmente, abrigam lojas da empresa.
Do grupo, os que mais caíram em janeiro foram o RBRL Log (RBRL11), com perdas de 13%, e o Max Retail (MAXR11), que não faz parte do Ifix, com queda de 16,5%.
O RBR Log tinha a Americanas como locatária, mas a empresa comunicou ao fundo, no final do ano passado, a intenção de devolver o imóvel locado em Hortolândia, no interior de São Paulo.
Já o Max Retail tem quatro dos nove imóveis do portfólio alugados para a varejista. Nesta semana, o fundo sinalizou que não recebeu da empresa o aluguel referente a dezembro – com pagamento previsto para este mês. O valor foi incluído na lista de dívidas da companhia, divulgada na semana passada.
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Em janeiro, dos 111 fundos imobiliários que compõem o Ifix, 34 fecharam no campo positivo.
Maiores altas de janeiro
Com ganhos acima de 5%, o Banestes (BCRI11) encabeça a lista de maiores altas do mês. Na sequência, aparecem o Riza Akin (RZAK11)e o Barigui (BARI11).
Confira as maiores altas dos fundos imobiliários em janeiro de 2023:
Ticker | Fundo | Setor | Variação em janeiro (%) |
BCRI11 | Banestes | Títulos e Val. Mob. | 5,28 |
RZAK11 | Riza Akin | Títulos e Val. Mob. | 5,26 |
BARI11 | Barigui | Títulos e Val. Mob. | 5,18 |
MFII11 | Mérito Desenvolvimento | Desenvolvimento | 5,01 |
TEPP11 | Tellus Properties | Lajes Corporativas | 3,74 |
Fonte: Economatica (31/01/23) – A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
FIIs que mais pagaram dividendos em janeiro
O fundo imobiliário do segmento de escritório Autonomy Edifícios Corporativos (AIEC11) fechará janeiro com o maior dividend yield entre os principais FIIs da Bolsa. O percentual ficou em 1,94%.
Os dados são da Economatica, plataforma de informações financeiras, e tomam como base os 111 fundos imobiliários que compõem o Ifix – índice que reúne os FIIs mais líquidos da B3.
Entre os fundos monitorados, 48 tiveram este mês dividend yield acima de 1%. O número é superior aos 38 registrados em dezembro.
No início do mês, o Autonomy Edifícios Corporativos (AIEC11) distribuiu R$ 1,32 por cota, equivalente a um retorno mensal de 1,94%. O percentual é o maior para o mês, de acordo com os dados da Economatica.
Confira a lista dos dez maiores pagadores de janeiro:
Ticker | Fundo | Setor | Retorno com dividendos – janeiro (%)* |
AIEC11 | Autonomy Edifícios | Lajes Corporativas | 1,94 |
HGRU11 | CSHG Renda Urbana | Renda Urbana | 1,66 |
RZAK11 | Riza Akin | Títulos e Val. Mob. | 1,45 |
CACR11 | Cartesia Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | 1,44 |
ARRI11 | Átrio Reit Recebíveis | Títulos e Val. Mob. | 1,42 |
HGLG11 | CSHG Logística | Logística | 1,36 |
HABT11 | Habtat II | Títulos e Val. Mob. | 1,32 |
MCCI11 | Mauá Capital | Títulos e Val. Mob. | 1,31 |
OUJP11 | Ourinvest JPP | Títulos e Val. Mob. | 1,28 |
CVBI11 | VBI CRI | Títulos e Val. Mob. | 1,27 |
Fonte: Economatica
O Riza Akin (RZAK11), que o foi o destaque da lista dos maiores pagadores de dezembro, depositou este mês R$ 1,40 por cota, equivalente a um retorno mensal com dividendos de 1,45% – contra 1,54% do mês anterior. O fundo se mantém no topo da lista dos maiores pagadores dos últimos 12 meses, com retorno acima de 19%.
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