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Ações menos cobertas por equipes de análise de corretoras e menos conhecidas do investidor em geral – como em Kepler Weber (KEPL3), Ânima Educação (ANIM3), Fras-le (FRAS3) e Simpar (SIMH3) – estão as que ajudaram a garantir bons resultados para os melhores fundos de renda variável do ranking InfoMoney-Ibmec de Melhores Fundos, edição 2022.
“Os fundos que tiveram essa disciplina e carregaram posições menos glamorosas conseguiram se dar bem nos últimos anos”, afirmou Octavio Magalhães, gestor da Guepardo, durante painel nesta segunda-feira (31) em que os grandes vencedores foram premiados.
O fundo Guepardo Institucional foi o grande vencedor na categoria Renda Variável, seguido pelo SulAmérica Selection e pelo Tarpon GT. Também participaram do painel Rafael Maisonnave, gestor da Tarpon, e João Saldanha, gestor de renda variável da SulAmérica.
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Ao explicar o bom resultado do fundo, Magalhães, da Guepardo, afirmou que o fundo conseguiu obter bom desempenho com movimentos de reprecificação de companhias como a Cosan (CSAN3) e a Simpar. Ambas eram consideradas “patinhos feios” no mercado e eram pouco cobertas na época.
“Quando houve a reprecificação, nós saímos. No caso da Cosan, ela estava mega descontada, enquanto os pares estavam muito bem precificados. Gostamos de procurar essas coisas mais diferentes”, destacou o gestor.
Mas nem todas as posições que ajudaram o fundo em momentos anteriores foram desfeitas. Magalhães cita que mantém ainda os investimentos em Petrobras (PETR4; PETR3), Klabin (KLBN4), Ânima Educação e Vulcabras (VULC3).
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Petrobras: primeiro investimento em 21 anos
No caso da Petrobras, o executivo conta que a posição foi montada primeiramente em 2020, quando houve a queda do petróleo com a explosão dos casos de coronavírus no mundo. Mais para frente, em 2021, na saída de Roberto Castello Branco, ex-presidente da petroleira, Magalhães explica que a casa aumentou novamente a posição.
“A gente não gosta de investir em estatal na Guepardo, mas é uma coisa que de vez em quando acontece”, afirmou. “A gente vai completar 21 anos agora em maio, e em 21 anos de história aconteceu no ano passado, a gente ter que montar uma posição na Petrobras, que ficou ridiculamente descontada”.
Para o gestor da Guepardo, a ação segue interessante, especialmente porque a empresa possui custo baixo de produção e é bem gerida.
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Mas a petroleira não é a única que está mal precificada. Na avaliação de Magalhães, os papéis da Ânima hoje são os mais descontados da Bolsa. Ele detalha que recentemente a Inspirali, uma de suas subsidiárias, recebeu investimento de R$ 1 bilhão da DNA Capital.
O ponto é que com a transação, a DNA atribuiu um valor de R$ 3 bilhões para a empresa, o que é maior do que o market cap [valor total de mercado da companhia] da Ânima hoje. Ou seja, era suficiente para comprar toda ela na Bolsa e “levar o resto de graça”, disse.
Outro nome pouco visado que entregou resultados excepcionais foi a Fras-le. O papel foi um dos que mais ajudaram no desempenho positivo do Tarpon GT. Quem explica é Maisonnave. Segundo ele, ao longo dos últimos anos, a empresa de auto-peças realizou um processo de consolidação “impecável” e conseguiu crescer com muita sinergia, após ter realizado uma grande aquisição no fim de 2019, com a compra da Nakata Automotiva.
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De olho no agro e nas commodities
Além de nomes fora do radar das casas de análise, um setor que ajudou boa parte dos fundos a garantir bons resultados foi o agronegócio. Maisonnave, da Tarpon, afirma que, em janelas de três a cinco anos, é possível perceber que o setor foi o único que conseguiu crescer com consistência e que foi capaz de se adaptar à realidade brasileira de altos e baixos.
Entre os investimentos no setor, ele cita o caso da Kepler Weber, uma companhia focada em armazéns e silos para grãos, que deve seguir com bons desempenhos, segundo o gestor.
Outro que aproveitou a entrada de novas companhias do agronegócio na Bolsa foi Saldanha, da SulAmérica. Ele afirma que hoje o setor representa cerca de 25% do portfólio do SulAmérica Selection, com posições em nomes como Kepler Weber e Vittia Fertilizantes (VITT3), que estreou na B3 em setembro de 2021.
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Destaque também para as commodities que ajudaram no resultado do fundo da SulAmérica, como é o caso das posições em Petro Rio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3). Sem dar muitos detalhes, o gestor pontuou que o tema é bastante importante para a casa.
Entrada de capital estrangeiro e Bolsa em 200 mil pontos
Embora o cenário siga mais conturbado para a Bolsa em um ambiente de juros mais elevados, Maisonnave, da Tarpon, disse que a entrada relevante de capital estrangeiro que ocorreu em janeiro de 2022 surpreendeu o gestor. “Eu não esperava esse começo de ano da forma como tem sido”.
Para ele, esse fluxo de capital é reflexo da elevação de juros pelo Federal Reserve (Fed), que é o banco central americano. Tal movimento ajuda a fazer com que a renda fixa fique mais atrativa nos Estados Unidos e acaba promovendo uma rotação de carteiras ao redor do mundo.
O executivo afirma que o movimento vem ajudando a trazer certo alívio para o câmbio e que é positivo ao mostrar uma certa redução da percepção de risco local.
Embora esse fluxo traga uma certa esperança, a indústria de fundos de ações segue em um cenário complicado. Na visão de Saldanha, da SulAmérica, muitas empresas foram compradas a preços pouco “justificáveis” e vários vendedores agora estão oferecendo no mercado a “qualquer preço”.
“Tivemos muita desvalorização de empresas que vão crescer resultados e que apresentam liquidez para quem quiser comprar”, afirma o gestor da SulAmérica.
Nesse cenário, Magalhães, da Guepardo, diz que a Bolsa deveria estar valendo muito mais. “O valor justo está muito mais próximo dos 200 mil pontos. Se ela está em 100 mil, 110 mil, ela está muito barata”, finalizou o gestor.
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