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SÃO PAULO – Depois de seis meses que mais pareceram alguns anos, o investidor brasileiro se despediu da primeira metade de 2019 com motivos para comemorar. Com o Ibovespa na casa dos 100 mil pontos e com ganhos da ordem de 15% no semestre, acompanhando o movimento das bolsas americanas, com valorizações entre 14% e 20% no período, a Bolsa brasileira continua como a bola da vez dos mercados.
Apesar da volatilidade acentuada, a Bolsa se beneficiou de um cenário de juros baixos (por aqui e no exterior) e com perspectiva de caírem ainda mais neste ano; de um otimismo político que se impõe, apesar das tensões com as relações entre governo e Congresso; de uma expectativa de aprovação da reforma da Previdência; e de uma confiança de que em breve os investimentos privados serão retomados.
As apostas estão nas boas empresas listadas, que estão conseguindo sustentar crescimento dos resultados, mesmo em meio a um ambiente de “paralisia econômica”, como mencionou o gestor Luiz Fernando Alves Junior, da Versa, com sucessivas revisões das perspectivas para o país.
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O Boletim Focus, do Banco Central, mais recente mostrou que o mercado financeiro espera uma expansão de apenas 0,85% do Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano, com inflação de 3,80% e taxa Selic a 5,50% em dezembro, um ponto percentual abaixo do patamar atual.
Retrato dos fundos de investimento
No universo dos fundos de investimento, a tarefa de superar o CDI anda fácil, mas o mesmo não pode ser dito sobre o Ibovespa.
De um total de 142 fundos de ações, 79 superaram o desempenho do Ibovespa (+4,06%) no mês passado, segundo levantamento elaborado pela XP com base em dados da Economatica. No semestre, o número de fundos que batem o principal índice de ações da Bolsa brasileira cai para 74.
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Na categoria de multimercados, 385 de 449 fundos tiveram retornos maiores que o CDI, que costuma ser o referencial desse segmento e teve variação de 0,47% em junho, mas apenas 19 tiveram retornos mais expressivos que o Ibovespa no mês. Em termos semestrais, 369 fundos superaram o CDI e somente 15, o Ibovespa.
Para a análise, foram considerados fundos não exclusivos com a média do patrimônio líquido em 12 meses superior a R$ 100 milhões e mais de 99 cotistas, no fim de junho. No caso dos fundos de ações, foram ainda excluídos os setoriais e monoações.
Confira a seguir os dez melhores fundos de ações junho, observando ainda seu desempenho acumulado em até 36 meses. Retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, mas é interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.
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Fundos de ações | Junho | Semestre | 12 meses | 36 meses |
Alaska Black FIC FIA BDR Nível I | 8,77% | 14,40% | 51,11% | 297,06% |
Fator Sinergia FIA | 8,09% | 20,97% | 50,97% | 169,96% |
FIA Maina | 7,67% | 17,89% | 30,17% | 104,66% |
Itaú Ações Dunamis Fc | 7,22% | 18,16% | 44,75% | – |
Equitas Selection Fc FIA | 7,17% | 22,67% | 61,49% | 142,49% |
Safra Small Cap Fc FIA | 7,16% | 10,37% | 31,31% | 64,85% |
Itaú Ações Estratégia SP 500 FIC FI | 7,05% | 18,06% | 10,65% | 68,54% |
Fama Fc FIA | 6,92% | 12,84% | 41,04% | 86,95% |
Caixa FIA Small Caps Ativo | 6,41% | 17,36% | 38,30% | 109,16% |
Hix Capital Fc FIA | 6,22% | 19,60% | 33,75% | 69,95% |
Ibovespa | 4,06% | 14,88% | 40,69% | 101,91% |
Fonte: XP Investimentos, com base em dados da Economatica.
Na lista dos melhores fundos de ações do semestre, destaque para Dynamo Cougar (24,72%), XP Dividendos (23,94%), BNP Paribas Action (23,70%), Real Investor (23,58%) e Atmos Ações FIC FI (23,48%).
O otimismo continua
Henrique Bredda, gestor responsável pelo fundo Alaska Black BDR Nível 1, liderou os ganhos dentre os fundos de ações em junho, com valorização de 8,8%. Apesar da volatilidade da Bolsa, sentida em grande peso pela estratégia, Bredda segue com visão otimista sobre o cenário, com foco principalmente sobre o desempenho das empresas.
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“O que está impulsionando a Bolsa para cima é o lucro das companhias”, observa o gestor, para quem o “bull market” vai continuar nos próximos anos, apesar das incertezas no caminho.
A virada de página com a reforma da Previdência poderá ser o diferencial do segundo semestre, com potencial para reduzir a volatilidade vista até este momento, diz Bredda.
Na avaliação do gestor, mesmo o PIB enfraquecido pode estar contribuindo para o desempenho das grandes empresas da Bolsa, ao gerar a mortalidade de companhias de menor estrutura, beneficiando as líderes no quesito concorrência.
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E os juros baixos exercem alívio, ao contribuir para o custo da dívida, com efeito sobre o resultado final das companhias. “É um bom cenário para essas empresas que vivem uma realidade paralela”, ressalta Bredda.
O fundo tem aproveitado os últimos meses para aumentar a posição em ações já detidas no portfólio, com destaque para Braskem, Kroton e Klabin. As maiores posições contemplam ainda os papéis da Rumo, Petrobras, Suzano e Vale.
Confira a seguir os dez melhores fundos multimercados de junho, observando ainda seu desempenho no semestre, nos últimos 12 meses e em 36 meses.
Fundos multimercados | Junho | Semestre | 12 meses | 36 meses |
Versa Long Biased FI Mult | 15,49% | 13,87% | 25,59% | 638,56% |
Itaú Private Mult S&P 500 BRL FIC FI | 7,16% | 18,99% | 12,30% | – |
Bradesco H FI Mult Bolsa Americana | 7,14% | 18,85% | 12,09% | 73,89% |
WA US Index 500 FI Multi | 7,12% | 18,92% | 12,61% | 76,41% |
Bradesco FI Mult SP 500 Mais | 7,06% | 18,06% | 11,09% | 62,54% |
Safra SP Reais Fc FI Mult | 7,01% | 18,33% | 11,33% | 72,94% |
WM American Equities FICFI Mult | 6,79% | 17,88% | 11,63% | 72,28% |
Ibiuna Long Biased Fc de FI Mult | 5,84% | 12,50% | 27,95% | 78,53% |
CSHG Portfolio Fut Trends Fcfi Mult Ie | 4,95% | 17,71% | 9,23% | – |
Ibiuna Hedge Sth Fc de FI Mult | 4,67% | 8,04% | 8,37% | 47,4% |
CDI | 0,47% | 3,07% | 6,35% | 28,94% |
Fonte: XP Investimentos, com base em dados da Economatica.
Na lista dos melhores fundos multimercados do semestre, destaque para Tavola Absoluto (20,72%), Itaú Private Mult S&P 500 BRL (18,99%), WA US Index 500 FI Multi (18,92%), Bradesco H FI Mult Bolsa Americana (18,85%) e M Square Global Equity Managers Inst Fc FI Mult Ie (18,62%).
Um dos destaques de junho, o fundo Versa Long Biased teve retorno de 15,5%, com ganho de 13,9% no semestre. O fundo se propõe a superar o CDI no longo prazo, por meio de uma estratégia long & short.
Na visão do gestor do fundo, Luiz Fernando Alves Junior, o cenário segue benéfico para ações, em meio à expectativa de aceleração da economia, com impacto na receita e nas margens das empresas.
“Ainda enxergamos o segundo semestre com otimismo, com um programa agressivo de licitações e outros estímulos a investimentos privados. E boa parte desse dinheiro vai vir de fora, por isso que temos posição em real vendida em dólar”, diz.
“Não é necessariamente investimento em fábrica, mas em infraestrutura, através de licitações”, explica o gestor, que vê oportunidades nos setores de óleo e gás e no pré-sal.
A expectativa é de que a aprovação da reforma previdenciária destrave esses investimentos. Em relação ao risco externo, vinculado à desaceleração global, Alves ressalta que, embora seja uma fonte de incerteza para a economia brasileira, não se configura em uma crise.
“Acreditamos que seja uma desaceleração na margem, e não uma crise, porque não tem inflação. Os bancos centrais ainda têm como recurso baixar juros, o que dá algum folego para a economia.”
Sem mudanças na alocação, o fundo Versa tem como principal posição a compra de moeda brasileira. As ações da Hering e da Brasil Properties também respondem por parte relevante da exposição, assim como as da Vale, que exercem, inclusive, um certo hedge à posição cambial, já que a empresa é beneficiada por um dólar mais valorizado.
Na ponta contrária, Natura lidera as posições vendidas do fundo, reforçadas depois do anúncio de fusão com a Avon –, ao lado dos papéis do Banco Inter e de Raia Drogasil.
Mais valorização nos EUA?
O fundo Western Asset US Index 500 FI Multimercado também tem se destacado em 2019, com ganho de 18,9% no semestre e da ordem de 7% apenas em junho. Com desempenho atrelado ao mercado acionário americano, mesmo com a maior volatilidade também experimentada por lá, a estratégia tem conseguido se sustentar no campo positivo.
Mauricio Lima, gestor de portfólio da Western Asset no Brasil, ressalta que as oscilações estão vinculadas basicamente à percepção do mercado em relação ao desempenho da economia americana, vis a vis a inflação e a atitude do banco central do país.
“A partir de junho, vimos uma mudança da postura do Fed, que se tornou mais claro ao dizer que está preocupado o com nível de inflação e que possivelmente agirá cortando juros, se a inflação se mantiver nesse patamar”, diz, ressaltando que a diferença de indicação já faz com o que mercado se anime.
Animação nesse caso pode ser lida como um fechamento da curva de juros futuros, com maior inclinação para ativos de risco, beneficiando as bolsas americanas. Embora a guerra comercial travada entre EUA e China pese, Lima vê o episódio mais como um ponto de retórica que de prática. Da mesma forma, o risco de recessão está descartado, pelo menos por ora, com uma percepção “apenas” de desaceleração.
De toda forma, com uma sequência tão expressiva de alta, inclusive com o índice S&P 500 com novo recorde na abertura deste mês, o mercado americano já não ficou caro? Não para a Western.
“Os resultados das empresas têm vindo fortes, os níveis de dívidas estão mais baixos com juros menores e a liquidez também está em níveis recordes. Portanto, juntando com o nosso cenário fundamentalista de sustentação do crescimento econômico, nos parece haver espaço para a melhora de resultados corporativas continuar”, afirma o gestor. O movimento pode perder intensidade, mas não tem dado sinais de reversão, reforça Lima.
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