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Os fundos de previdência começaram bem o ano. Um levantamento com 2.570 carteiras realizado pela startup Onze, do segmento de previdência privada, mostrou que as três grandes categorias de produtos – renda fixa, ações e multimercados – tiveram desempenho positivo no primeiro trimestre. A dúvida agora é se, diante da virada dos mercados de abril para cá, será possível repetir a dose nos meses seguintes.
De acordo com o levantamento, os fundos de previdência de renda fixa apresentaram, na média, ganhos equivalentes a 104% da taxa do CDI (certificado de depósito interbancário) entre janeiro e março.
Entre os fundos que se saíram melhor, de acordo com a Onze, estão os que possuem alocações maiores em títulos indexados à inflação com vencimentos curtos, beneficiados pelo avanço dos preços da economia no período, e os que concentram os investimentos em papéis pós-fixados, que capturaram os efeitos da elevação da Selic (taxa básica de juros da economia) no período.
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Já os fundos de previdência com grandes posições em títulos prefixados ou em papéis indexados à inflação com vencimentos longos, ambos com preços mais sensíveis aos movimentos dos juros, acabaram sendo prejudicados.
Os fundos de previdência do tipo multimercado – que podem investir em variados tipos de papéis, apostando tanto na alta quanto na desvalorização dos ativos – obtiveram um retorno médio de 162% do CDI, segundo o levantamento da Onze.
“No trimestre, de maneira geral, se beneficiaram os fundos que mantiveram posições compradas em ações brasileiras, aplicadas em títulos indexados à inflação de vencimentos curtos, tomadas em títulos prefixados e compradas em real contra o dólar”, avalia Samuel Torres, consultor financeiro da Onze e autor do levantamento.
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Os fundos de previdência com alta exposição em ações brasileiras, por outro lado, refletiram o bom desempenho da Bolsa durante o primeiro trimestre. Na média, essas carteiras renderam o equivalente a 368% do CDI no período.
Os mais beneficiados, segundo Torres, foram os de maior concentração em ações ligadas ao segmento de commodities, que se saíram bem dada elevação dos preços das matérias-primas no mercado internacional – especialmente as agrícolas e de energia, consequência da restrição de ofertada ocasionada pela guerra entre Ucrânia e Rússia, dois grandes produtores.
Daqui por diante, não será simples manter os resultados, avalia a Onze. “Dado o desempenho até o momento, acredito ser difícil uma performance positiva para ativos de renda variável, e até para alguns de renda fixa, no segundo trimestre”, afirma Torres.
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Para o consultor, a elevação dos juros nos Estados Unidos tem sido um dos principais fatores a pressionar as cotações dos ativos. “Contudo, com os preços descontados, é possível que os investidores voltem a comprar os ativos com o fim da alta dos juros”, afirma. “Seus preços podem se recuperar”.
Ainda não é possível saber que mudanças os gestores dos fundos de previdência estão realizando nas carteiras, dado que a composição delas só precisa ser divulgada publicamente depois de três meses. “Porém, é esperado que fundos de gestão mais ativa, principalmente os multimercado, que têm maior liberdade de escolha dos investimentos, tenham feito modificações, já que o cenário mudou substancialmente nos últimos meses”, diz Torres.