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Após os abalos desencadeados pela revelação da crise da Americanas (AMER3) em janeiro, parte dos fundos de renda fixa voltou a apresentar desempenho acima da taxa do CDI (indicador de referência para a classe) em fevereiro. Em alguns casos, a diferença é significativa.
Entre as 16 subclasses de fundos de renda fixa monitoradas pela Anbima (Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais), duas – de fundos “indexados” e “duração alta soberanos” – se destacam, com retorno médio de 1,20% e 1,19% acumulado neste mês, até a última quinta-feira (23). No mesmo intervalo, o CDI avançou 0,76%, segundo dados da Economatica.
Outra categoria que está superando o indicador é a de fundos “duração alta grau de investimento”, com rentabilidade média de 0,82% no mês.
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Em janeiro, nenhuma das 16 subclasses de fundos de renda fixa bateu o CDI, que acumulou retorno de 1,12% no mês. O desempenho foi em grande parte atribuído ao estresse no mercado de crédito, que refletiu a percepção de risco exacerbada com a exigência de taxas cada vez mais altas nas negociações de títulos emitidos por empresas.
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Nas primeiras semanas desse mês, o movimento foi o oposto. Com a poeira baixando no mercado de crédito e o esfriamento do embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – que vinha questionando a meta de inflação adotada no Brasil – e o Banco Central, o mercado de juros amainou.
“As taxas de juros caíram um pouco”, diz Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Research – embora não tenham sido recuos expressivos. Títulos públicos atrelados à inflação, que vinham oferecendo juros na casa dos 6,5% ao ano mais a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumido Amplo) no fim de janeiro chegaram a meados de fevereiro com remuneração nos arredores de 6,10% ao ano. “Isso favoreceu a marcação a mercado dos fundos de renda fixa indexados”, explica.
Os fundos de investimento têm o valor das cotas marcado a mercado – ou seja, atualizado de acordo com as condições vigentes de negociação dos ativos – diariamente. E quando há fechamento (ou redução) nas taxas de juros dos títulos públicos e privados, os preços dos papéis que os fundos possuem na carteira aumentam. Isso beneficia o retorno do produto.
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Considerando uma janela de tempo maior, de 12 meses, os eventos recentes – seja o estresse no mercado de crédito, seja o avanço dos juros registrado ao longo de 2022 – ainda deixam marcas na rentabilidade dos fundos de renda fixa.
À parte as carteiras que investem no exterior e são influenciadas pela cotação do dólar, as subclasses de fundos de renda fixa apresentam rentabilidades médias entre 8,18% e 12,65% nos últimos 12 meses, contra 12,93% do CDI. “A performance de fevereiro é algo momentâneo dentro de uma janela um pouco ruim”, diz Marília.