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Os títulos públicos atrelados à inflação costumam ser indicados por especialistas para proteger o patrimônio dos investidores da alta dos preços. Há uma série de papéis que pagam a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mais uma taxa prefixada – mas existe um jeito de investir em todos eles de uma vez só.
Um ETF (fundo de índice) chamado de IMAB11, que replica a carteira do índice IMA-B, investe em 14 títulos de inflação emitidos pelo Tesouro Nacional – alguns dos quais são oferecidos no Tesouro Direto.
No fechamento desta terça-feira (6), uma cota de IMAB11 custava R$ 93,74 na B3. Neste ano, o ETF já valorizou 11%. Considerando os últimos 12 meses, a alta acumulada foi só ligeiramente maior do que isso – de 11,5%.
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Embora os títulos de inflação estejam entre as principais recomendações na renda fixa, o recente desempenho do IPCA colocou uma pulga atrás da orelha dos investidores. Na manhã desta quarta (7), por exemplo, o IBGE divulgou que a inflação de maio desacelerou para 0,23%, levando a um índice acumulado de 3,94% em 12 meses – dentro da faixa estabelecida como meta pelo governo.
Se a inflação está diminuindo, o IMAB11 de fato continua sendo uma boa opção de investimento?
Renda fixa, e não renda certa
O IMA-B é um índice calculado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) – e o IMAB11 replica a sua carteira, investindo nos mesmos títulos e na mesma proporção deles na carteira teórica do indicador.
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Os prazos dos papéis comprados pelo IMAB11 variam entre 2024 e 2060. O título mais curto tem o maior peso no índice, enquanto o Tesouro IPCA+ 2033 tem a menor representatividade.
A principal vantagem do ETF, na comparação com a compra direta dos títulos públicos, é a diversificação. “O investidor acessa, em uma única operação, uma carteira diversificada, com vencimentos curtos e longos”, diz Renato Eid, superintendente de estratégia beta e integração ESG da Itaú Asset, casa que criou o IMAB11.
Porém, para quem gosta da previsibilidade da renda fixa e de carregar os títulos até o vencimento, o IMAB11 pode gerar certo desconforto. Para se adequar à composição do índice IMA-B, o fundo não mantém os títulos até o vencimento e vende os papéis no mercado periodicamente.
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E assim como os títulos públicos comprados pelo Tesouro Direto, os papéis incluídos na carteira do IMAB11 também são “marcados a mercado” – ou seja, têm seu valor atualizado diariamente de acordo com as condições de negociação entre os investidores.
Como o mercado é movido por expectativas, se os agentes de mercado esperam queda da Selic, a tendência é que o ETF valorize, já que tem na carteira ativos emitidos anteriormente, com remuneração alta.
Foi o que aconteceu em maio, por exemplo. No Tesouro Direto, os títulos atrelados ao IPCA tiveram valorização entre 2,01% e 3,95%. O IMAB11, por sua vez, valorizou 2,39% no mês passado.
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Por outro lado, quando o mercado espera alta na taxa básica de juros a marcação a mercado pode punir os ativos – e o IMAB11 também.
Além disso, o preço das cotas pode subir ou cair devido à demanda dos investidores – maior ou menor – pelo ETF na B3, já que o ativo é listado lá.
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Comprar ou não comprar?
No momento atual, a desaceleração do IPCA está operando a favor do IMAB11. Uma inflação mais baixa que o previsto é mais um fator corroborando a expectativa de queda da Selic. Com isto, os títulos da carteira do IMAB11, que pagam juros até 7,6% ao ano além do IPCA, tendem a valorizar – assim como as cotas do ETF.
Alexandre Yamamoto, analista de renda fixa da Levante Investimentos, diz que o ETF “é uma boa opção para quem quer investir em juro real, mas não quer escolher o vencimento”. O especialista lembra: “nós normalizamos isto, mas juro real acima de 5% é muito alto”. Hoje, nenhum título de inflação do Tesouro Direto entrega rentabilidade real (além da inflação) menor que 5% ao ano.
Eid, do Itaú, pondera que o IMAB11 não é concorrente do Tesouro Direto, mas uma opção para diversificação da carteira. O especialista diz que é possível – e recomendado – investir diretamente nos títulos públicos e também via ETF. “Se quero receber meu dinheiro de volta com taxa e datas específicas, o Tesouro Direto vai ser melhor”, exemplifica.
O aspecto tributário também é fator relevante ao considerar o investimento. Quem aplica seu dinheiro no ETF paga 15% de Imposto de Renda sobre os ganhos, independentemente do período em que fica com o papel. No Tesouro Direto, é preciso deixar o dinheiro aplicado por pelo menos dois anos para chegar à alíquota de 15%, antes disso, é possível pagar até 22,5% de IR.