Investidores buscam títulos indexados à inflação em emergentes

Aposta recai sobre maiores altas dos índices de preço nos próximos anos, com necessidade dos governos de financiar déficits orçamentários cada vez maiores

Bloomberg

(Shutterstock)
(Shutterstock)

(Bloomberg) — Os investidores dos mercados emergentes estão investindo em títulos indexados à inflação em meio à preocupação de que o aumento dos gastos fiscais devido à pandemia acabará por elevar os preços.

A forte demanda por papeis atrelados à inflação reduziu os rendimentos para mínimas históricas em países tão distantes como Polônia, África do Sul e Brasil.

A inflação continua subjugada enquanto o mundo em desenvolvimento luta para encontrar uma saída da crise impulsionada pela pandemia, mas os investidores estão apostando em maiores altas dos índices de preço nos próximos anos, pois os governos precisarão financiar déficits orçamentários cada vez maiores.

Além disso, vários bancos centrais, incluindo o Federal Reserve, sinalizaram que provavelmente permitiriam que a inflação suba a níveis mais altos enquanto a economia se recupera.

“A inflação está voltando à mente das pessoas”, disse Esther Law, gerente de portfólio da Amundi Ltd. em Londres. “Em alguns países, o rendimento real já é negativo, então os títulos indexados à inflação fazem uma proposta melhor aos investidores do que os títulos nominais.”

Leia também:
Dois terços dos investidores planejam maior exposição a ações de emergentes, diz Vontobel

Os rendimentos dos títulos estão caindo em todo o mundo à medida que os investidores empregam a vasta liquidez injetada pelos bancos centrais, mas a queda é ainda mais forte nas notas indexadas à inflação.

À medida que o declínio nos rendimentos supera a variação dos títulos nominais, o spread entre os dois, conhecido como inflação implícita, está subindo.

A inflação implícita de cinco anos da África do Sul subiu de 2,58% para 3,42% em menos de um mês.

Enquanto a crise econômica exacerbada pela pandemia de Covid-19 reduziu o índice de preços ao consumidor para o menor nível em uma década, as expectativas de inflação de longo prazo mostram que os investidores em títulos não confiam no governo para tomar medidas fiscais dolorosas para conter o aumento da dívida, disse em um relatório o analista Walter de Wet, do Nedbank Group Ltd.

É uma situação semelhante no Brasil, onde a inflação implícita em papeis de dois anos subiu para 4%, de 2% em março, e os rendimentos das notas caíram para abaixo de zero.

Enquanto preços ao consumidor estão subindo pelo ritmo mais fraco em mais de 20 anos, os preços no atacado vêm subindo mais rápido do que o esperado.

Os investidores estão procurando capturar o “rendimento total” oferecido pelos títulos indexados, uma vez que os países em desenvolvimento têm taxas de inflação mais altas do que a média mundial, disse Michael Roche, estrategista de renda fixa em mercados emergentes da Seaport Global Holdings LLC em Nova York.

Aprenda a fazer das opções uma fonte recorrente de ganhos, de forma responsável e partindo do zero, em um curso 100% gratuito!