Investidores consideram ações de empresas de pequeno porte arriscadas

Para 36%, investir nestas empresas só é recomendado para quem aceita muito risco, segundo enquete do portal InfoMoney

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – “Qual a sua opinião sobre o investimento em ações de empresas de menor porte, como Mundial, Telebras etc?”. A enquete do portal InfoMoney, respondida por 2.070 usuários, mostrou que para mais de um terço dos respondentes (36%), investir nestas empresas só é recomendado para quem aceita muito risco.

Já para 28%, investir em ações destas empresas é “loucura”, já que existem opções muito melhores no mercado. Ainda de acordo com a enquete, 21% dos respondentes disseram que depende da empresa, por isso é preciso ser seletivo, e 15% afirmaram que esta é uma ótima alternativa para especular e ganhar mais, como mostra a tabela a seguir:

Qual é a sua opinião sobre o investimento em ações de empresas de menor porte, como Mundial, Telebras etc.? 
Resposta %
Uma ótima alternativa para especular e ganhar mais 15%
Depende da empresa, é necessário ser seletivo 21%
Algo recomendado só para quem aceita muito risco 36%
Loucura, existem opções muito melhores 28%
Fonte: Enquete InfoMoney realizada com 2.070 usuários;
O resultado não tem valor de amostragem científica 

A opinião dos analistas
O analista da corretora Socopa, Osmar Camilo, concorda que investir neste tipo de ação é uma opção bastante arriscada. “Para o investidor que procura a bolsa como aplicação financeira e não como uma forma de aposta, na expectativa de ganhar dinheiro rápido, investir nessas ações não é uma boa opção”, afirma Camilo.

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De acordo com o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, um dos problemas de operar com este tipo de ação é a baixa liquidez. “Você pode acabar, especialmente em momentos de grande volatilidade do mercado, como agora, tendo dificuldade de vender os papéis e precisar até mesmo vender por um preço muito menor para conseguir comprador”, afirma.

Além disso, o analista ressalta que este tipo de ação normalmente não tem muita cobertura de analistas, por isso o investidor precisa analisar os relatórios por conta própria. “O investidor precisa olhar os fundamentos da companhia, os níveis de governança, para poder ter uma expectativa em relação ao desempenho dos papéis”, afirma Brugger.

Caso Mundial
O caso mais recente de grande oscilação com empresas de pequeno porte foi o da fabricante de tesouras e alicates Mundial. Entre abril e julho deste ano, as ações ordinárias (MNDL3) registraram valorização de 2.700%, enquanto as preferenciais (MNDL4) avançaram 1.600%. Mais rápido do que a forte alta, foi a queda no preços dos ativos.

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Depois de atingirem a máxima, as ações da empresa entraram em queda livre. Em apenas 3 dias, as preferenciais caíram mais de 86%, de R$ 7,01 para R$ 0,94, mesmo percentual de baixa das ordinárias, que passaram de R$ 5,11 para R$ 0,69.

Isso quer dizer que o investidor que comprou R$ 20.000 de ações da Mundial pelo preço máximo e vendeu três dias depois saiu com um prejuízo de R$ 17.200.

Risco de manipulação
De acordo com o analista da Leme, a possibilidade de manipulação dos papéis de empresas menores existe e o investidor também deve ficar atento a isso. “É importante que o investidor saiba que existe um órgão regulador, caso da CVM, que investiga e está sempre muito atenta a este tipo de problema. Mas, por conta da baixa liquidez, com certeza é mais fácil manipular ações de pequenas empresas do que de grandes companhias”, diz.

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No caso da Mundial, depois da forte oscilação, surgiram rumores de uma suposta manipulação nos preços dos ativos. Em nota, a companhia rechaçou a possibilidade e disse que a “pseudo-denúncia” causou danos à imagem da companhia, provocou pânico nos investidores e acionistas e deve ser investigada pelos órgãos reguladores.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip