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SÃO PAULO – A forte injeção de liquidez na economia por partes de vários bancos centrais ao redor do mundo ajudou não só a evitar uma queda mais profunda da atividade econômica provocada pela pandemia, como foi especialmente positiva para ativos de risco nos Estados Unidos, como as ações.
Em live no evento Melhores da Bolsa 2021, do InfoMoney, Ruy Alves, gestor global de portfólio dos fundos multimercado da Kinea, Rodrigo Lobo, sócio da Nextep Investimentos, destacaram que, depois da “fase de esperança”, agora chega a hora do “acerto de contas”, em que é preciso verificar quais múltiplos estão “esticados” nas ações americanas, país ao qual ambos dedicam a parte mais parte da alocação das carteiras.
“Não é a gente esteja pessimista, mas chegou a hora de não estar tão otimista”, afirmou Alves.
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Segundo o gestor, os fundos que gere estavam bem comprados [apostando na alta dos ativos] em ações americanas, mas hoje as posições líquidas vendidas estão maiores do que as compradas. A razão é que o momento seria o que ele chama de “fim do começo do ciclo econômico”, período em que os bancos centrais ao redor do mundo começam a tirar um pouco do “excesso de álcool da festa” e o mercado passa a ficar mais “sóbrio”.
Ações preferidas
A visão é compartilhada por Lobo, que diz priorizar ainda mais empresas sólidas, com boa posição competitiva e soluções de governança em momentos de grande incerteza e crises. Um exemplo disso são os papéis da Berkshire Hathaway, empresa do megainvestidor Warren Buffett.
Ao ser questionado se a tese de investimento teria mudado com a entrada de um novo presidente na companhia, o gestor afirmou que o movimento de sucessão já estava precificado, porque o mercado esperava que o responsável pela supervisão dos negócios não relacionados a seguros do conglomerado, Greg Abel, fosse substituí-lo.
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“Nossa tese é de soma das partes. Você vê a operação de seguros, a posição das demais empresas operacionais e a posição das empresas que ele tem em bolsa. Isso tudo dá muito mais do que o mercado diz que vale”, destacou Lobo.
Já ao falar das ações do setor de tecnologia, o gestor da Nextep Investimentos diz acreditar que as representantes das FAAMGs (Facebook, Amazon, Apple, Microsoft e Google) podem “de fato conquistar o mundo”. O ponto é que boa parte desse valor a mais que elas poderiam agregar já parece “estar no preço”.
Também atento às mudanças no mundo, o gestor da Kinea destaca que as carteiras que gere voltaram a ficar compradas em empresas grandes e de tecnologia, como Google, Facebook e Microsoft. “A gente se viu numa situação em que as pessoas esqueceram dessas ações. Elas ficaram largadas por algumas semanas após os seus balanços”, ressalta o gestor.
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Além de estar comprado em papéis de tecnologia, Alves diz ter ainda posições em empresas de commodities e em algumas commodities propriamente. Mas conta ter feito várias mudanças na carteira após a divulgação de notícias positivas sobre a eficácia de vacinas contra a Covid-19.
“Na metade do ano passado, compramos cassino, restaurantes e tudo o que representasse a normalização da economia global. Com a chegada das vacinas, reduzimos a posição e fomos pra empresas de commodities. Agora, estamos vendidos em consumo discricionário”, afirmou Alves.
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Taxas de juros e inflação
De olho na retomada econômica nos Estados Unidos, Alves diz que vem olhando com certa preocupação os dados sobre o aumento dos salários, assim como a falta de semicondutores e o aumento dos custos dos bens na economia americana. Segundo ele, tais fatores podem mostrar que a pressão inflacionária está vindo com maior força do que era esperado.
“Achamos que o processo inflacionário pode sair de controle. Acho que o pessoal está brincando com fogo. E o melhor hedge [proteção] para ter nesse momento é estar tomado [apostando na alta] em taxas de juros, nominais ou reais”, pontua o gestor.
Segundo o gestor da Kinea, as taxas de juros globais têm que normalizar. “Elas estão num patamar errado. Já há vários países normalizando, como Brasil, Hungria, Canadá. O Fed [banco central americano] talvez tenha dado o primeiro passo na última reunião.”
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