Legacy zera aposta na queda da Bolsa brasileira e prevê que BC inicie corte da Selic em agosto

Nas projeções da gestora, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve terminar o ano em 5,2% e encerrar 2024 em 4,1%

Bruna Furlani

Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)
Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)

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A melhora da inflação corrente e a perspectiva de aprovação do arcabouço fiscal nas próximas semanas provocaram mudanças significativas nos investimentos da gestora Legacy Capital. Em carta divulgada a cotistas, a casa informou que, em maio, zerou uma posição que se beneficiava da queda das ações brasileiras.

Segundo a Legacy, a mudança teve como foco a aproximação do ciclo de corte de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que deve ter início no começo do segundo semestre. “Admitindo, novamente, que a meta de inflação não sofra alteração em seu ponto central, e a inflação corrente prossiga dando sinais de desaceleração, o Banco Central deverá dar início às quedas de juros na reunião do Copom de agosto”, destacou a gestora.

Em sua justificativa, a casa defendeu que a inflação vem mostrando melhora mais “consistente” – com destaque para componentes de bens industriais e alimentação. Movimento que tem sido ajudado por três fatores: normalização das cadeias de produção globais, apreciação cambial e a queda nos preços de commodities.

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Pelas projeções da gestora, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve terminar o ano em 5,2% e encerrar 2024 em 4,1%.

As estimativas da casa para este ano são mais agressivas do que as projeções de parcela dos agentes financeiros. Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (5), o ponto médio das expectativas para o IPCA em 2023 está em 5,69%, prevendo um recuo para 4,12% no ano que vem.

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“Esperamos que a mediana das expectativas de inflação dos analistas siga reduzindo para 2023, 2024 e mesmo para os anos subsequentes, admitindo, para esses últimos, que a meta de inflação não sofra alteração em seu ponto central”, afirmou a Legacy.

Maior otimismo na Verde

A mudança de posição na gestora surpreendeu agentes de mercado e a carta da Legacy chegou a ser um dos assuntos financeiros mais comentados em redes sociais como o Twitter, na manhã desta segunda-feira (5).

Na semana passada, evento realizado pela Verde Asset – do lendário gestor Luis Stuhlberger – já tinha causado surpresa entre investidores pelo tom mais otimista com o Brasil adotado pelo economista-chefe da casa, Daniel Leichsenring.

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Na ocasião, o executivo da Verde destacou que o Brasil ganhava tempo e estava tirando da frente um risco relevante com a aprovação do arcabouço fiscal pelo Congresso.

O texto foi aprovado pela Câmara e agora é apreciado pelo Senado. Segundo o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o projeto pode ser enviado para sanção presidencial ainda neste mês, após o aval dos senadores.

A relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB) também foi um ponto de atenção na palestra do economista da Verde. Leichsenring defendeu que a relação entre ambos poderia ser estabilizada em um ou dois anos em um cenário de juros mais baixo e de dólar mais fraco ao redor do mundo.

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No evento, a Verde afirmou que 19,5% da alocação estava em ações brasileiras. Embora a posição seja considerada “razoável” pela própria gestora, a casa ressaltou que a exposição está ligeiramente abaixo da sua média histórica.