Foram alguns altos e muitos baixos. Em 2021, a maior parte dos investimentos perdeu para a inflação, tanto medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) quanto pelo IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado). As exceções foram o Bitcoin e os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), recibos de ações de empresas estrangeiras listados na B3.
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“Havia muita expectativa quanto a uma recuperação rápida das economias globais e com o fim da pandemia e a normalização das relações econômicas”, diz Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante, em relatório. “Parte disso ocorreu de fato. No entanto, ao longo de todo o ano, os investidores tiveram de conviver com movimentos inesperados dos preços dos ativos”, avalia.
A notícia é ruim para os investidores, porque significa que foi mais difícil obter retorno real – acima da inflação – nas aplicações. Na prática, é ele que representa o quanto o investidor ganhou de fato, assegurando a manutenção e o crescimento do poder de compra do dinheiro ao longo do tempo. Entenda a importância da rentabilidade real dos investimentos clicando aqui.
Na Bolsa, o Ibovespa, principal índice de ações brasileiras, amargou uma queda de 11,93% no ano, marcado pela forte turbulência em meio à percepção de maiores riscos fiscais. Com eleições presidenciais à frente, além do noticiário sobre a pandemia e a pressão inflacionária aqui e no mundo, o prenúncio é de volatilidade continuada em 2022.
O desempenho, é claro, não foi uniforme entre as ações. Houve destaques, como os papéis de empresas de exportadoras – a Embraer (EMBR3), por exemplo, avançou mais de 180% no ano, enquanto as ações da Braskem (BRKM5) subiram mais de 170%. Por outro lado, para as empresas ligadas ao consumo doméstico, principalmente com exposição ao e-commerce, o ano foi ruim, após terem brilhado em 2020.
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Até houve algumas tentativas de “rali de fim de ano” – entre os fundos imobiliários, por exemplo. Depois de quatro meses no campo negativo, o IFIX – índice dos FIIs mais negociados na Bolsa – subiu 8,78% em dezembro, maior alta mensal desde dezembro de 2019. Trouxe alento aos investidores. Não foi o suficiente, no entanto, para reverter as perdas dos meses anteriores (o índice encerrou o ano com queda de 2,28%).
“A expectativa de menores juros à frente e o desconto significativo com que as cotas dos fundos imobiliários estavam sendo negociadas representavam uma oportunidade para novas alocações”, avalia Rafaela Vitória, analista do Inter, em relatório sobre FIIs.
Embora índices recentes de inflação ainda indiquem que o avanço dos preços permanece forte, Rafaela prevê um arrefecimento daqui por diante, com uma consequente acomodação dos juros. “Mantemos nossa visão de que serão necessárias menos altas da Selic em 2022, na medida em que a inflação comece a ceder e a atividade econômica também continue mais fraca”, diz.
Renda fixa
Apesar da elevação dos juros ocorrida ao longo do ano, quem aplicou em investimentos conservadores de renda fixa também não conseguiu obter retorno real positivo. A taxa básica (Selic) saiu de 2% ao ano em janeiro e chegou a 9,25% em dezembro. No acumulado, no entanto, a taxa do CDI – principal referência para aplicações de renda fixa – ficou em 4,35%.
Da mesma forma, quem manteve o dinheiro na poupança também não se saiu bem: a caderneta rendeu 2,99% no ano, mesmo com a mudança na forma de remuneração precipitada pela elevação da Selic, a partir de dezembro.
Já quem buscou proteção contra a inflação nos títulos públicos indexados ao IPCA precisou conter as emoções. Por conta da volatilidade dos juros ao longo dos meses, esses papéis desvalorizaram – a queda, na média, foi de 1,51% no ano, como mostra o resultado do IMA-B, índice que acompanha os preços dos títulos Tesouro IPCA+ (Notas do Tesouro Nacional Série B).
Quem manteve os papéis na carteira não embolsou esse prejuízo. É bom lembrar que, se preservados até a data de vencimento, os títulos de inflação rendem exatamente o que foi combinado na data do investimento (uma taxa prefixada mais a variação do IPCA). Resgates no meio do caminho, no entanto, estão sujeitos às variações do mercado, porque são pagos seguindo os preços de negociação dos títulos no momento.
Em função da volatilidade tanto nos mercados de renda variável quanto de renda fixa, os fundos multimercados – que investem o dinheiro dos cotistas em diferentes classes de ativos – penaram para entregar rentabilidade. Muitos não conseguiram, como indica o resultado do IHFA (Índice de Hedge Funds Anbima), que acompanha a categoria. Na média, os fundos multimercados de gestão ativa tiveram ganhos acumulados de apenas 1,85% em 2021.
Exceções à regra
Dentre as aplicações financeiras listadas pelo InfoMoney, as que conseguiram superar a inflação foram o Bitcoin e os BDRs.
Depois de ganhar força entre os investidores de varejo em 2020 com a tese de ativo descorrelacionado à economia tradicional, o Bitcoin caiu nas graças dos institucionais. Em 2021, a maior criptomoeda do mundo alcançou a máxima histórica de US$ 69 mil, no mês de novembro.
Alguns analistas acreditavam que ela poderia chegar a US$ 100 mil ainda neste ano – mas quando o assunto são as criptomoedas, volatilidade é o nome do jogo. Desde a cotação recorde, o humor do mercado virou e levou o Bitcoin para menos de US$ 50 mil. Ainda assim, o ganho acumulado em 2021 foi de cerca de 60%.
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Os BDRs renderam, em média, 33,65% no ano, como mostra o BDRX, índice que acompanha os papéis. O bom desempenho das ações estrangeiras se reflete também na performance dos índices de ações americanos, que bateram recordes atrás de recordes nos últimos meses.
Com fartos programas de estímulos à economia, os Estados Unidos conseguiram recuperar boa parte das perdas ocasionadas pela pandemia – a taxa de desemprego no país recuou para pouco mais de 4%, enquanto a expectativa é de que o PIB encerre o ano com avanço de 5,6%, segundo o Conference Board. O mesmo se viu em outros mercados.
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