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O tom um pouco mais otimista com os ativos locais em maio impulsionou um rali para a Bolsa e um forte movimento de alta para ações de empresas de menor valor de mercado (small caps) e outros papéis ligados à economia doméstica, como Lojas Renner (LREN3).
Fundos de ações expostos a esses ativos e a companhias com valor de mercado médio (mid caps) acompanharam a maré positiva e registraram ganhos que chegaram a quase 19% em maio, mostra levantamento realizado pelo InfoMoney.
O resultado superou com folga o retorno do principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, que avançou 3,74% no período, e dos 13,54% obtidos pelo índice de small caps da B3 ([ativo=SMLL) no mês passado.
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O InfoMoney levou em conta dados extraídos da plataforma TC/Economatica em 12 de junho. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de maio. Fundos monoações não foram considerados. Confira a lista abaixo:
Fundos de ações com melhor retorno em maio 2023 | Retorno em maio (%) |
Organon FIC FIA | 18,83 |
Fama Fc FIA | 18,37 |
4um Small Caps FIA | 17,64 |
Leblon Acoes Fc FIA | 15,59 |
Quantitas FI A Montecristo Bdr Nivel I | 15,18 |
Fonte: TC/Economatica
No Organon FIA, fundo de ações da Organon Capital, papéis como os da empresa de identificação digital Valid ([ativo=VLID3]) e da fabricante de carroceria para ônibus Marcopolo (POMO4) responderam pelas maiores contribuições no mês, explica o CIO da gestora, Raphael Maia.
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A razão para o bom desempenho é que as teses das duas ações “maturaram”, resume Maia. Apenas em maio, a Valid obteve uma alta de 36%, enquanto a Marcopolo subiu 29%.
O executivo observa que a Valid vem melhorando a parte operacional desde o começo da pandemia, ao realizar desinvestimentos e buscar a redução da sua despesa financeira. O profissional também destaca os avanços vistos nas divisões da empresa, com o aumento de receita e de margem.
No primeiro trimestre, o lucro líquido consolidado da companhia chegou a R$ 59,6 milhões, revertendo o prejuízo líquido de R$ 16,5 milhões no mesmo período do ano passado.
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A receita líquida da companhia também se destacou ao bater R$ 529 milhões, alta de 18% na comparação anual. No mesmo período, os custos da empresa somaram R$ 321,8 milhões, avanço anual de 8,5%.
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• Valid (VLID3) reverte prejuízo e registra lucro líquido consolidado de R$ 59,6 milhões no 1º trimestre
Já o destaque na Marcopolo está na lição de casa feita pela companhia durante a pandemia. Maia destaca que a empresa fechou fábricas, cortou custos e “preparou a casa” para quando o mercado voltasse – com a retomada das viagens e da circulação de pessoas.
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“Ela entregou margens e receita recordes. Esperamos um ano muito bom”, diz. No primeiro trimestre, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 236,3 milhões, montante 141,1% maior do que o visto no mesmo período do ano passado. Já o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 292,8 milhões no 1T23, um crescimento de 470,8% em relação ao primeiro trimestre de 2022.
A produção consolidada da Marcopolo, por sua vez, chegou a 3.465 unidades no trimestre. Levando em conta apenas o Brasil, a produção atingiu 2.975 unidades, 9,6% superior à do 1T22.
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• Marcopolo (POMO4) lucra R$ 236,3 milhões no primeiro trimestre, alta anual de 141%
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Lojas Renner, quase uma unanimidade
Além do bom desempenho registrado por small caps, um dos consensos nas carteiras vencedoras de fundos de ações em maio vieram dos papéis da Lojas Renner (LREN3).
As ações da varejistas apareceram como uma das maiores contribuições em maio para os fundos Fama FIC FIA, Leblon Ações e Quantitas FIA Montecristo BDR Nível I, que terminaram maio com ganhos de 18,37%, 15,59% e 15,18%, respectivamente.
Para Vinicius Piccinini, co-gestor do fundo da Quantitas, o mercado precificou a “perpetuação de um cenário difícil” para a Lojas Renner – com a ação saindo de R$ 42,34 em junho de 2021 para R$ 14,57 em 3 de maio, terminando a última quarta-feira (14) de volta aos R$ 21,49. Não parecia razoável, diante da solidez e do caminho de crescimento que a empresa pode ter, afirma.
O forte da companhia está na sua capacidade de ganhar participação de mercado em momentos de crise.
“Custa caro para o varejo físico ir para o online, ser omnichannel, e várias [varejistas] concorrentes estão tirando o pé”, observa Piccinini. “Elas estavam na mesma batida de investimento, mas dado o custo ou a falta de funding [financiamento], adotaram uma postura mais conservadora e a Renner tem capacidade financeira para continuar e colher frutos mais à frente”.
Outra questão envolve a presença de gigantes do varejo chinês no Brasil, como a Shein. Na avaliação do executivo, a expectativa é de que o governo passe a cobrar um imposto sobre as compras feitas em plataformas como essas – nos moldes do que existe hoje na Amazon internacional. Dessa forma, Piccinini defende que o produto chegaria ao Brasil já com o imposto pago, o que criaria condições iguais de competição e poderia beneficiar a Renner.
Apesar da polêmica gerada no começo do ano após declarações de membros do governo indicando uma eventual tributação sobre esses produtos, o gestor acredita que não haverá outra saída. Para ele, é preciso aumentar a arrecadação e os Estados já se movimentaram para que haja essa cobrança.
Em reunião no começo deste mês, o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz) definiu, por unanimidade, que será adotada uma alíquota comum de 17% de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para compras feitas em plataformas como Shein, Shopee, Wish e AliExpress, por exemplo.
A proposta já foi oficializada ao Ministério da Fazenda, mas ainda não tem prazo para entrar em vigor, porque é preciso passar por alguns trâmites legais.
Nos multimercados, destaque para setor financeiro
Já entre os multimercados, fundos com alocação em ações do setor financeiro registraram bons desempenhos em maio. É o caso das carteiras da Truxt Investimentos e da Helius Capital, que estão entre os cinco com melhor retorno no mês. Veja a lista abaixo:
Fundos multimercados com melhor retorno em maio | Retorno em maio (%) |
Versa Long Biased FI Mult | 23,39 |
Gonorth American Equity Reais Mult Ie FI | 11,31 |
Truxt I Long Bias FICFI Mult | 10,14 |
Helius Lux Long Biased FICFI Mult | 9,54 |
Safari 30 Fc FI Mult II | 9,29 |
Fonte: TC/Economatica
O levantamento do InfoMoney levou em conta dados extraídos da plataforma TC/Economatica em 12 de junho. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de maio. Fundos monoações não foram considerados. Não foram considerados fundos de crédito privado.
Em carta mensal, a Helius informou que maio foi o melhor mês para o fundo Long Biased, que subiu 9,54%, com destaque para o setor financeiro – com ênfase para a posição em XP (XPBR31).
Na avaliação da gestora, a expectativa de redução da taxa de juros poderia ajudar a companhia com a retomada do mercado de capitais. Com as incertezas sobre o arcabouço fiscal mais diluídas, leituras mais benignas de inflação e provável manutenção da meta de inflação em 3,0%, a casa acredita que o BC poderá sinalizar o corte já na reunião da próxima semana e iniciar mesmo o ciclo de afrouxamento monetário em agosto.
Declarações mistas de dirigentes do Banco Central, porém, podem frustrar a expectativa de alguns agentes. No começo desta semana, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pontuou que os juros futuros têm tido uma contração mais significativa. “A curva de juros futuro tem tido queda relevante. Isso significa que o mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para atuação de política monetária à frente”, observou.
Um dia depois, a entrevista do diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, Renato Dias Gomes, ao jornal O Estado de S. Paulo voltou a jogar “água no chope”, ao dizer que não tem “pressa para baixar os juros”, adotando uma “posição de cautela”.
Apesar das incertezas sobre o início do corte de juros, outro fator positivo sobre a ação são os resultados mais fortes do que o esperado e a contínua evolução na estrutura de custos, de acordo com a Helius.
No primeiro trimestre, o balanço da empresa mostrou que o ajuste de custos em pessoal e outras despesas realizado no ano passado pela XP Inc (XPBR31) na esteira de seu projeto de eficiência começou a apresentar resultados um pouco mais visíveis.
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• Disciplina de custo melhora margem da XP (XPBR31); lucro líquido é de R$ 796 milhões no 1º tri
Na ocasião, a XP reportou um lucro líquido de R$ 796 milhões, 2% acima do resultado no quarto trimestre de 2022. Se for excluído o efeito não-recorrente de perdas com uma empresa de varejo, o lucro passa a R$ 927 milhões, 8% acima do verificado no primeiro trimestre do ano passado e 18% acima do resultado do quatro trimestre de 2022, apesar do cenário macroeconômico mais fraco no início deste ano.
Além de seguir otimista com o setor financeiro, a gestora indicou também que vem aumentando a exposição do fundo à Bolsa brasileira, com ênfase em ações mais ligadas à economia doméstica, diante da maior clareza no cenário macroeconômico e de uma temporada de resultados mais forte do que o esperado no primeiro trimestre.