Mercado Livre, locadoras de veículos e Alpargatas: os nomes por trás do retorno de 42% do fundo da Sharp em 2020

Por outro lado, Azul e Aliansce Sonae deixaram o portfólio de ações dos fundos da casa como reflexo da pandemia

Lucas Bombana

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – Que o segmento de e-commerce foi um dos grandes vencedores de 2020, agora todo mundo já sabe. No entanto, no meio do turbilhão de incertezas despertadas pelo coronavírus, em meados de março no caso do Brasil, não era assim tão óbvia a resiliência do modelo de negócio para atravessar um momento histórico tão atípico.

No início da crise, lembram os gestores da Sharp Capital em carta aos investidores, o Mercado Livre, por exemplo, chegou a ter queda nas vendas, uma vez que dois segmentos-chave para a empresa praticamente cessaram as operações: autopeças e vestuário.

Além disso, prosseguem os gestores, a capacidade operacional e logística do Mercado Livre foi colocada em prova, com o risco do aumento da demanda se transformar em uma experiência ruim aos clientes.

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“Dito isso, a companhia mostrou mais uma vez por que é a mais robusta plataforma da América Latina, respondeu com excelência aos desafios presentes e teve um ano memorável”, diz a Sharp, em referência a um dos nomes que mais contribuiu para a rentabilidade de 42% do fundo long biased da casa em 2020, e de 17% do long only.

Em 2020, os papéis do Mercado Livre negociados na B3 subiram nada mais do que 277%, segundo dados da Economatica, bem acima da alta de 2,92% do Ibovespa e da variação de 2,76% do CDI no intervalo.

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Além da empresa de e-commerce, Localiza e Locamerica foram citadas pela Sharp entre as maiores responsáveis pelo resultado do fundo, bem como Alpargatas.

Em relação às locadoras de veículos, “talvez o teste mais desafiador de um importante investimento do fundo”, os gestores escrevem que foi necessário repensar a tese praticamente do zero.

“Dezenas de reuniões e reflexões depois, concluímos que o caso dessas duas companhias era diferente a ponto de resistir à pressão, e inclusive realizamos um aumento importante do investimento em março”, diz a Sharp, acrescentando que os resultados trimestrais subsequentes mostraram que o negócio era de fato mais resiliente do que parte do mercado apostava.

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Um oásis ou uma miragem?

Segundo a gestora, “mudanças abruptas no ambiente econômico geralmente expõem fragilidades em investimentos que dependem quase exclusivamente de um cenário específico para serem vencedores. Eventos dessa natureza, como mudanças em perspectivas eleitorais ou o fatídico Joesley Day, quase não impunham mudanças em nossa carteira”.

A pandemia do coronavírus, contudo, fez as condições se alterarem de “tal maneira que foi necessário repensar premissas básicas de negócios, desde forças e fraquezas corporativas, até o funcionamento social em termos gerais”, frisa a Sharp, aos cotistas.

Por conta dessa reflexão, a gestora excluiu do portfólio papéis dos setores mais penalizados pelo distanciamento social, como Azul e Aliansce Sonae, mas manteve outros como B3 e Omega.

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Os gestores da Sharp dizem ainda na carta que, se por um lado a preocupação excessiva com eventos raros gera o risco de torná-los pessoas neuróticas e desfocadas, por outro, “se nos preocupamos de menos, corremos o risco de nos tornarmos extintos.”

Na busca constante por esse equilíbrio delicado, a aparente beleza de um investimento que aprecia sem grandes perdas diárias é extremamente sedutora, escrevem os profissionais da Sharp, que citam entre os exemplos as LFTs, o crédito privado com resgate diário ou as “empresas-sensação” da vez. “Caberá ao investidor avaliar se está contemplando um oásis ou uma miragem.”

Por fim, os especialistas preveem que em 2021 deve ser possível começar a descobrir quais serão os resultados recorrentes de diversas companhias, uma vez que tendem a se esvair os efeitos do auxílio emergencial, da flexibilidade temporária das regras trabalhistas e da rolagem automática de principal e juro pelos grandes bancos.

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Já a relevante alteração no mix de consumo observada no ano passado, pró eletroeletrônicos e itens ligados à moradia, em detrimento dos gastos em transporte e lazer, deveria carregar pelo menos parcial efemeridade, diz a Sharp na carta.

“Tudo em um contexto de grande desvalorização cambial, de cenário incerto para a reorganização das cadeias produtivas e inflação, acompanhado de um permanente turbilhão político”, afirmam os gestores.

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