Na contramão, Absolute aposta em alta das Bolsas americanas e faz paralelo com década de 90

Em evento, Fabiano Rios disse que prevê crescimento forte dos lucros com inovações promovidas pelo uso da IA

Bruna Furlani

Publicidade

Com uma aposta fora do consenso da maior parte dos gestores de multimercados, a Absolute Investimentos avalia que o mercado acionário nos Estados Unidos poderia estar no começo de uma reprecificação das ações e que valeria a pena ter uma posição em Bolsa americana neste momento.

“O consenso mundial é que a Bolsa tem que cair e ninguém tem. Na Absolute, pensamos que teremos um crescimento de lucro forte. Tivemos surpresas positivas agora e, consequentemente, teremos uma reprecificação do mercado acionário”, avaliou Fabiano Rios, CIO e fundador da gestora, durante o evento Itaú BBA Macro Vision 2023, nesta quinta-feira (9).

Para justificar a aposta fora do padrão, Rios fez um paralelo do momento atual com a situação vivenciada pelo mundo na década de 1990, período em que houve uma alta significativa do lucro das empresas e das ações.

Continua depois da publicidade

Na visão do gestor, as inovações trazidas pela inteligência artificial (IA) poderiam gerar ganhos de produtividade expressivos nos Estados Unidos e permitir que houvesse um crescimento mais elevado, sem gerar fortes pressões em termos de inflação — o que, de certa forma, aconteceu há 30 anos, com o Produto Interno Bruto (PIB) americano crescendo sem provocar grandes incrementos nos preços.

“Tivemos uma ‘quebradeira’ na década e 90, mas era de quem estava muito alavancado. Quem está alavancado hoje é o próprio governo. Acho muito difícil quebrar”, observou o gestor, que coloca uma chance de 30% para esse cenário de alta das ações nas Bolsas americanas.

À espera de uma desaceleração menos brusca da economia mundial, Carlos Woelz, sócio-fundador e gestor da Kapitalo Investimentos, que também participou do evento, concordou com a probabilidade de que a Bolsa americana possa apresentar uma alta no curto e médio prazos.

Continua depois da publicidade

“Se tiver um soft landing [pouso suave], a chance é razoável. Acho um cenário plausível [para alta da Bolsa nos EUA]”, defendeu o gestor, que acredita que já é hora de comprar ações que estão muito baratas.

Leia também:

Embora não descarte uma possível valorização das ações americanas, o executivo da Kapitalo parece estar mais atraído por posições que se beneficiam da queda dos juros (aplicadas).

Continua depois da publicidade

“Ficar aplicado no curto parece muito bom com a virada global e ida dos juros para níveis mais baixos”, pondera Woelz.

Cautela do BC para não repetir erro do Chile

A expectativa de que os Estados Unidos estejam perto do fim do ciclo de aperto monetário tem afetado também o Brasil e exigido uma cautela maior por parte do Banco Central, postura vista como importante pelo mercado para não levar a uma forte desvalorização da moeda, como ocorreu no Chile.

“Temos uma economia americana resiliente e a eficiência da política monetária sendo testada. Isso sem dúvida coloca um piso nas taxas de juros ao redor do mundo”, defendeu André Raduan, sócio-fundador e gestor da Genoa Capital, que também participou do painel.

Continua depois da publicidade

Na avaliação do executivo, o forte movimento de desvalorização da moeda chilena após o País ter incrementado o ritmo de cortes para 1 ponto percentual é um “teste do novo mundo”. “Foi um bom exemplo do que não fazer aqui. O BC está fazendo cortes relativamente moderados”, completou.

Leia também:

Ao contrário das expectativas, o real tem mantido certa estabilidade desde o início dos cortes da taxa Selic, na visão da Absolute.

Continua depois da publicidade

A explicação é que a projeção para a conta corrente do Brasil no ano que vem estaria zerada, o que é raro para economias emergentes e representa um ajuste de grande magnitude. Para a casa, trata-se de um indicativo de que o câmbio estaria desvalorizado, lembra Rios.

“Essa é a grande convicção que temos no momento. A margem para erro está grande. Mas se não tiver nenhuma aventura fiscal ou de política monetária, o câmbio tende a se valorizar”, afirma o executivo da gestora.