Opções de investimentos mudam de acordo com o valor disponível para aplicação?

Alguns investimentos exigem um tíquete maior de entrada e outros podem não valer a pena quando se tem poucos recursos

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Já faz muito tempo que investir não é privilégio apenas de pessoas com muitos recursos. Cada vez mais democráticas, as aplicações financeiras atingem a todos os tipos de investidores, de todas as classes sociais.

Mas será que as opções de investimento mudam de acordo com o valor disponível para a aplicação? De acordo com especialistas, sim.

Isto porque alguns investimentos exigem um tíquete maior de entrada e outros, apesar de não terem este tipo de exigência, podem não valer a pena quando se tem poucos recursos.

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Poucos recursos
Com pouco dinheiro por mês, é possível aplicar na tradicional caderneta de poupança ou até mesmo sofisticar um pouco mais e optar pelo Tesouro Direto. “O mercado brasileiro está evoluindo muito, e hoje existem investimentos para todos os gostos e bolsos. Por exemplo, na poupança (o investimento mais popular do Brasil) não há aplicação mínima. Já o tesouro direto tem aplicação mínima de 100 reais (que deverá cair para R$ 30,00 no ano que vem)”, afirma o especialista da MoneyFit, André Massaro.

Ele também lembra que existem outras aplicações, como CDBs (Certificado de Depósito Bancário) e fundos de investimentos que exigem um valor baixo para investimento inicial e que também podem oferecer uma rentabilidade interessante. “A maioria dos CDBs e muitos fundos de investimento (inclusive em renda variável) têm investimentos iniciais de 100 reais, o que os torna muito acessíveis para quem tem pouco dinheiro”, lembra Massaro.

Entretanto, no caso do CDB, é importante se atentar para a taxa oferecida pelo banco e procurar negociar com a instituição para obter um percentual maior do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) – no caso de CDBs pós-fixados.

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Já se a opção forem os fundos, o mais importante é olhar a taxa de administração e o histórico de rentabilidade.

Renda variável
O planejador financeiro Valter Police, da Police Consultoria, aponta que alguns investimentos, como as ações, não impõem uma aplicação mínima inicial, mas podem não valer a pena para quem tem pouco dinheiro, por conta das taxas cobradas.

“Para alguém que dispõe de R$ 100, por exemplo, investir na bolsa por meio de uma corretora dificilmente será um bom negócio, já que as taxas de corretagem vão corroer o investimento logo de cara”, afirma.

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Segundo ele, para quem quer investir em renda variável, mas ainda não conseguiu acumular uma quantia razoável, o melhor é optar pelos fundos. “Investimentos inferiores a R$ 1 mil têm altos custos (taxas de corretagem) e eu recomendo que sejam aplicados em fundos de ações, que têm taxas de administração menores”, diz o planejador.

O especialista da MoneyFit concorda. “Comprar ações diretamente na bolsa é um pouco mais complicado para quem tem pouco dinheiro. O investidor com poucos recursos pode optar por um fundo, clube ou ETF, mas não é recomendado que ele compre ações diretamente”, diz.

Ele lembra que um lote típico de ações de 1ª linha vale, em média, entre 2 a 4 mil reais. “Mas não é interessante um investidor ter ações de uma única empresa em seu portfólio. Para poder ter um portfólio diversificado e balanceado, seria preciso pelo menos uns 10 ou 20 mil reais (há a opção de comprar ações no mercado fracionário, mas a liquidez é ruim e os custos podem não compensar)”, ressalta Massaro.

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De acordo com ele, opções de investimento não faltam e o mais importante é se acostumar a aplicar sempre. “O que importa mesmo é a pessoa desenvolver o hábito de investir regularmente, de preferência um percentual da sua renda (entre 10 a 20% é o ideal)”, afirma o especialista da MoneyFit.

Colchão financeiro
Segundo Police, também é preciso lembrar que a primeira aplicação recomendada é o colchão financeiro (ou reserva de emergência), que deve ter um valor que cubra entre 6 e 12 meses do custo de vida do investidor.

“Esse investimento deve ter muita liquidez e segurança e a poupança é bastante recomendada neste caso, já que é isenta de IR e não se sabe quando se dará a utilização deste dinheiro”, afirma.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip