Conteúdo editorial apoiado por

Para diretor da JPMorgan Asset, crédito corporativo resistirá à turbulência bancária: “É parte da solução”

Segundo Jed Laskowitz, embora ainda haja muito a fazer sobre setor bancário, respostas rápidas limitarão contágio e não há razão para ser super pessimista

Bloomberg

Publicidade

(Bloomberg) – Jed Laskowitz, diretor de investimentos da J.P. Morgan Asset Management, está otimista com os títulos corporativos do tipo high grade (de empresas com baixo risco de crédito) para enfrentar uma tempestade global após falências de bancos em ambos os lados do Atlântico.

No que provavelmente é a maior alocação em suas carteiras de múltiplos ativos, ele está overweight (alocação acima da média) em crédito de grau de investimento, uma posição feita principalmente com seu caixa, disse Laskowitz à Bloomberg News. Isso oferece retornos “em um mundo em que o crescimento permanece lento e os ganhos nos Estados Unidos são incertos”, afirmou.

Sua visão geral é de que, embora ainda haja muito a ser feito sobre o setor bancário, as respostas rápidas das autoridades limitarão o contágio, portanto não há razão para ser super pessimista. Os preços, por sua vez, estão mais atraentes após a liquidação, com títulos de empresas rendendo quase o dobro da média desde 2018, de acordo com um índice de crédito global da Bloomberg.

Continua depois da publicidade

Os ganhos nas ações de bancos elevaram cautelosamente os mercados globais no início da semana, enquanto os títulos do Tesouro americano recuaram, à medida que diminuíam os temores de um abalo mais amplo.

Os riscos permanecem, no entanto. O perigo de um pouso forçado na economia dos EUA aumentou, disse Laskowitz, apesar de o comunicado do Fed (Federal Reserve, banco central americano) após o aumento dos juros da semana passada ter sugerido que o fim do aperto monetário estava próximo. O executivo está “mais ou menos” neutro em ações, preferindo as europeias e de mercados emergentes, liderados pela China, às da América do Norte.

“É importante não capitular na hora errada, o que tende a acontecer na psicologia do investidor – vender no fundo do poço, comprar no topo”, disse Laskowitz. “O perigo mais claro e presente aqui é a segurança do sistema financeiro, mas os eventos foram razoavelmente isolados e tratados com agilidade. Sentimos que há estabilidade suficiente.”

Continua depois da publicidade

“Ainda não chegamos lá”

Laskowitz está observando de perto como a menor liquidez e as condições de crédito mais apertadas – resultado da alta de juros mais agressiva do Fed em pelo menos 40 anos – afetaram o consumidor, as pequenas empresas e os imóveis comerciais. Os saldos do cartão de crédito, por exemplo, já estão em alta.

“Esses riscos, por enquanto, não são suficientes para assumirmos grandes posições underweight [abaixo da média, recomendação equivalente à venda] em ações”, disse. “É importante não perder as oportunidades. O risco é de que o aperto do Fed e uma recessão mais profunda possam levar a uma queda maior dos lucros. Mas ainda não chegamos lá.”

Laskowitz tem aumentado sua posição em títulos de renda fixa com grau de investimento desde o quarto trimestre, com a visão de que o Fed diminuiria o aperto para evitar “quebrar a espinha” da economia para esfriar a inflação.

Continua depois da publicidade

No mercado de ações, ele tomou decisões de valor relativo, como comprar ações europeias e vender ações americanas. Ele prefere grandes companhia a pequenas empresas, e consideraria mudar para uma posição overweight se a inflação diminuir e houver uma melhora nas expectativas de ganhos em resposta a um crescimento melhor.

O papéis de crédito com grau de investimento que ele está comprando oferece “carrego”, gerando cerca de 125 a 150 pontos-base acima dos títulos do Tesouro americano de cinco anos. Ele tem estendido o perfil de vencimento dos títulos do governo e algumas de suas carteiras estão overweight nos prazos.

Outra vantagem para os investidores é o retorno de uma correlação negativa entre ações e títulos de renda fixa, disse. Os investidores equilibrados, que alocam 60% em ações e 40% em títulos, tiveram um ano difícil em 2022, pois foi a primeira vez desde 1974 que ações e títulos caíram em conjunto, segundo dados da gestora.

Continua depois da publicidade

Com isso, os títulos de renda fixa não ofereceram proteção para as perdas nas ações.

“Os títulos agora são parte da solução, e não do problema, dado o ponto de partida nos rendimentos”, disse. “Os investidores devem usar o lastro que os títulos estão dando como uma forma de navegar em um ambiente volátil de ações.”