SÃO PAULO – Em um cenário de juros baixos, inflação ancorada e perspectivas positivas para a economia brasileira em 2020, gestores de fundos de ações seguem enxergando potencial de valorização para a Bolsa, mesmo após alta de 32% do Ibovespa em 2019. O otimismo, contudo, exige que o crescimento do PIB neste ano não decepcione.
Essa é a avaliação dos gestores de fundos de ações Cesar Paiva (Real Investor), Ary Zanetta (Brasil Capital) e Luis Felipe Amaral (Equitas), ganhadores do prêmio ranking InfoMoney-Ibmec 2020.
Na visão de Zanetta, da Brasil Capital, a Bolsa, no geral, não está cara. “Quando comparamos com o preço das ações em 2016, os preços estão mais convidativos”, disse durante o evento da premiação, em São Paulo.
Paiva, da Real Investor, vê oportunidades hoje no setor financeiro e em blue chips como Petrobras e Vale, com planos de negócios e preços “interessantes”. Mas discorda de Zanetta: o Ibovespa não está barato, diz.
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Com preços acima da média em alguns setores da Bolsa, como o de empresas do setor doméstico, Paiva afirma que o risco é não sobrar margem de segurança caso o crescimento da economia decepcione: “Está embutido no preço que o cenário vai dar certo e que, de fato agora, em 2020, o país volta a crescer”, diz. O gestor destaca ainda a importância das reformas, afirmando que, se não houver avanço, haverá uma frustração do mercado e a realização de lucro na Bolsa, levando à queda dos preços.
A opinião é compartilhada por Amaral, da Equitas: “É uma variável que tem que acontecer.”
Empresas voltadas ao setor doméstico
Um dos segmentos com preços mais esticados na Bolsa, segundo Amaral é o formado por empresas expostas à atividade doméstica. Os preços, contudo, são justificados e pautados em uma expectativa de crescimento da economia brasileira, diz.
O gestor lembra que, durante a crise financeira, essas companhias reagiram a uma queda do lucro com corte de custos e buscando eficiência.
Ele destaca que, justamente pela quantidade ainda limitada de empresas listadas na Bolsa, a concorrência dessas empresas acaba sendo menor, uma vez que competem, na maioria dos casos, com outras que não têm acesso a capital e que saíram muito fragilizadas da recessão brasileira. “Apesar da valorização das empresas domésticas, vemos o fundamento e uma tendência positiva”, diz.
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