PEC da Transição está se tornando “trem da alegria brasiliense” com gastos “descontrolados”, diz Verde

De olho em possíveis solavancos, gestora informou que iniciou proteções na Bolsa brasileira; casa também está com forte aposta no petróleo

Bruna Furlani

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O anúncio da PEC da Transição, que busca abrir espaço na lei orçamentária para o pagamento do benefício de R$ 600 do Auxílio Brasil a partir de janeiro, gerou incômodo no mercado financeiro por abrir uma “porta” que pode ser acompanhada por novas “bombas fiscais” no futuro.

De forma bastante crítica, a gestora Verde, comandada por Luis Stuhlberger, disse ver que a PEC da Transição está se tornando “mais um trem da alegria brasiliense” de crescimento dos gastos de forma “descontrolada”, ao se falar de um montante de mais de R$ 200 bilhões. “Algo completamente descabido”, destacou a casa em carta mensal divulgada nesta terça-feira (8).

Na avaliação da gestora, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), garantiu, ao longo da campanha, que teria responsabilidade fiscal. Mas agora é o momento de apresentar algo mais concreto.

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“Essa espécie de ‘la garantia soy yo’ [a garantia sou eu, em tradução livre] ‘periga’ ter vida bastante curta se não for seguida de decisões e comportamentos que a corroborem”, disseram os analistas da casa. “Seria salutar que os integrantes do novo governo estudassem o que aconteceu com o malfadado governo de Liz Truss no Reino Unido”, completaram, fazendo referência ao pacote polêmico anunciado no mês passado pela ex-primeira ministra britânica.

De olho em possíveis solavancos no mercado local, a gestora informou que iniciou algumas proteções (hedges) na Bolsa brasileira. Já na parte de juros, a casa afirma que manteve a posição comprada em inflação implícita no Brasil, com operações em que os gestores ganham quando a expectativa de inflação sobe ao longo do tempo, além de uma alocação que se beneficia da alta (comprada) de papéis de crédito.

Já ao comentar sobre as posições internacionais, a casa se mostrou bastante otimista com a posição em petróleo, que foi aumentada na passagem de setembro para outubro.

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A gestora defendeu que há uma tendência para um petróleo mais forte nos próximos anos e elencou dois fatores para isso: a economia chinesa está caminhando em ritmo fraco por causa da política de covid-19 zero, e os Estados Unidos liberaram, sem precedentes, barris da sua reserva estratégica. “Algo insustentável para os próximos anos”, ponderou a equipe da Verde.

Além de ter aumentado a aposta no petróleo, a Verde informou que aumentou a posição que se beneficia da queda (vendida) da Bolsa americana, por meio de opções. A gestora também preferiu zerar a venda de libra na passagem de setembro para outubro.

Por outro lado, a casa seguiu com uma posição vendida em euro e comprada em crédito no Brasil e no exterior.

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No ano, o fundo Verde sobe 15,20%. Já no mês, o ganho é de 3,51%, segundo maior retorno neste ano.