Petrobras (PETR4), Marfrig (MRFG3) e Vale (VALE3) foram campeãs em dividendos no 3º tri; veja ranking

Retorno em dividendos da petroleira chegou a 24,10% no período, segundo levantamento do TradeMap

Katherine Rivas

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No terceiro trimestre de 2022, Petrobras, Marfrig e Vale foram as que mais encheram o bolso dos investidores de dividendos, segundo um levantamento feito pelo TradeMap para o InfoMoney.

Estas três companhias lideraram no retorno em dividendos de julho a setembro, com dividend yield de entre 4% e 24% no período. O levantamento considerou os dividendos com “data ex” no terceiro trimestre. Além disso, foram consideradas apenas ações do índice Ibovespa como critério de liquidez, que apresentam facilidade de negociação.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) foram as que apresentaram o maior retorno em dividendos no período, de 24,10%, seguidas pelos papéis ordinários (PETR3) com dividend yield de 22,04% no terceiro trimestre. Em relação aos dividendos por ação, as ações da petrolífera também foram destaque, por conta dos R$ 6,73 pagos aos acionistas em duas parcelas – no dia 31 de agosto e em 20 de setembro.

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Nos últimos 12 meses, de setembro de 2021 até 30 de setembro de 2022, as ações da Petrobras também são as melhores pagadoras, com um retorno em proventos de 61,11% e 59,11%, respectivamente.

Na terceira posição está a Marfrig (MRFG3), que no terceiro trimestre teve um dividend yield de 6,26%, após ter pagado R$ 0,76 por ação em setembro. Já no quarto lugar, a mineradora Vale (VALE3) conseguiu entregar um retorno em dividendos de 4,67%, após ter feito o pagamento de R$ 3,57 por ação, também em setembro.

A lista das cinco melhores inclui ainda duas ações que costumam ser chamadas de “previdenciárias”, por integrar setores perenes e com resiliência nos resultados e dividendos. São a BB Seguridade (BBSE3) e a Taesa (TAEE11), que tiveram um dividend yield de 3,99% e 3,81% no terceiro trimestre de 2022. Ambas as companhias remuneraram os seus investidores em agosto.

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10 maiores pagadoras de dividendos do 3º trimestre de 2022

Ação  Dividend yield no 3º trimestre de 2022 Dividendos pagos no 3º trimestre de 2022 (R$ por ação) Dividend yield nos últimos 12 meses  Dividendos pagos nos últimos 12 meses (R$ por ação)
Petrobras (PETR4) 24,10% R$ 6,73 61,11% R$ 16,64
Petrobras (PETR3) 22,04% R$ 6,73 59,11% R$ 16,64
Marfrig (MRFG3) 6,26% R$ 0,76 10,09% R$ 2,59
Vale (VALE3) 4,67% R$ 3,57 9,56% R$ 7,29
BB Seguridade (BBSE3) 3,99% R$ 1,04 9,84% R$ 1,96
Taesa (TAEE11) 3,81% R$ 0,49 14,82% R$ 1,77
Gerdau Met (GOAU4) 3,77% R$ 0,36 18,52% R$ 2,30
Gerdau (GGBR4) 3,18% R$ 0,71 11,44% R$ 3,10
Banco do Brasil (BBAS3) 3,17% R$ 1,06 12,40% R$ 3,58
Energisa (ENGI11) 2,87% R$ 0,23 7,65% R$ 0,67

Fonte: TradeMap

10 maiores pagadores de dividendos dos últimos 12 meses

Ação   Dividend yield últimos 12 meses  Dividendos pagos por ação R$ (12 meses)
Petrobras (PETR4) 61,11% R$ 16,64
Petrobras (PETR3) 59,11% R$  16,64
Gerdau Met (GOAU4) 18,52% R$  2,30
Copel (CPLE6) 16,07% R$  1,17
Braskem (BRKM5) 15,56% R$  9,24
Taesa (TAEE11) 14,82% R$  1,77
CPFL Energia (CPFE3) 14,63% R$  3,94
Bradespar (BRAP4) 14,58% R$ 7,62
Cemig (CMIG4) 12,78% R$ 1,38
Banco do Brasil (BBAS3) 12,40% R$  3,58

Fonte: Levantamento TradeMap

**Dados do 3º trimestre de 2021 até o 3º trimestre de 2022

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O que esperar da Petrobras (PETR4)?

Analistas têm visões ligeiramente diferentes para o futuro dos proventos da Petrobras. Enquanto alguns apontam maiores chances de redução caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vença o segundo turno das eleições presidenciais, outros acreditam que as mudanças podem não ser tão grandes.

Para Flavio Conde, analista da Levante Investimentos, mesmo que se inclinasse ao centro, o candidato petista “já deixou clara a sua vontade de reduzir os dividendos para não enriquecer o investidor estrangeiro”. “Lula também já falou de abrasileirar o preço da gasolina e combustíveis, deixando de seguir a paridade com o mercado internacional. A ex-presidente Dilma Rousseff já fez isso, e a Petrobras teve lucros pífios”, aponta.

Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, por outro lado prevê um payout (parcela do lucro destinada a dividendos) de 80% em 2023, com uma possível distribuição de R$ 118,3 bilhões ao longo do ano. O dividend yield alcançaria 28,5%. Arbetman cita o arcabouço jurídico complexo da companhia e mecanismos como a Lei das Estatais, que evitariam mudanças bruscas.

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Para ele, três pilares devem se manter sólidos para garantir um bom retorno com dividendos para os acionistas nos próximos anos. Primeiro, a manutenção dos preços dos combustíveis alinhado com a paridade internacional. Depois, o foco dos investimentos no pré-sal. E por último, a diligência financeira da empresa, vista nos últimos anos, com boa alocação de capital e desinvestimentos.

O analista cita que o custo de extração de pré-sal atualmente é de US$ 5 o barril para a companhia. Considerando ainda fretes, royalties e outras despesas, o custo total chega a US$ 40. “Mesmo com uma queda recente do petróleo Brent, de US$ 110 para US$ 90 o barril, acredito que a Petrobras ainda está em um cenário que possibilita uma forte geração de caixa”, destaca.

Luan Alves, head de equity da VG Research, destaca que o principal risco está na política de investimentos da Petrobras. A tendência seria de redução nos dividendos caso haja uma aposta nas refinarias em 2023. Conde, da Levante, e Arbetman, da Ativa, também veem essa possibilidade como um ponto negativo, já que esses investimentos se mostraram pouco eficientes em gestões passadas. Arbetman destaca que as refinarias correspondem a apenas 15% da margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), enquanto o pré-sal rende mais de 70%.

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No que resta de 2022, contudo, ainda há chances de dividendos extraordinários da Petrobras, relacionados ao lucro da empresa no terceiro trimestre. A visão de Conde é de que a companhia tenha ganhos de R$ 30 bilhões no período e distribua 100% dele em proventos até o fim do ano. “Pelo menos R$ 7,5 bilhões devem ir para o caixa do governo, para ajudar a financiar o Auxílio Brasil”, destaca. Segundo o analista, os investidores deveriam manter posição na empresa até receber esses valores. “A partir de 1º de janeiro, isso pode mudar”, afirma.

Vale (VALE3) e BB Seguridade (BBSE3)

A Vale é a ação mais recomendada nas carteiras de dividendos acompanhadas mensalmente pelo InfoMoney desde maio. Em relatório recente, o BTG Pactual diz esperar que a economia chinesa melhore gradualmente em 2023, à medida que o governo relaxe as restrições da Covid-19 e o mercado imobiliário se acomode – o que deve beneficiar a mineradora.

“Vemos a administração da Vale se mantendo como altamente disciplinada em sua estratégia de alocação de capital (muito pouco capex [investimento] de crescimento) e esperamos que a maior parte da agenda dependa dos retornos de caixa para os acionistas”, afirma a instituição.

O BTG avalia também que a companhia não possui um “call eleitoral”, ou seja, suas ações não sofrem uma volatilidade extra por conta da corrida presidencial – algo que considera um fator importante para a tese de investimento. A estimativa do BTG é de que a Vale entregue um dividend yield de 11,8% em 2022 e 10,5% em 2023.

Já a BB Seguridade, braço de seguros do Banco do Brasil e outra ação que ficou entre as mais rentáveis em dividendos no terceiro trimestre, é vista como uma empresa previsível na distribuição de proventos.

Guilherme Tiglia, sócio e analista da Nord Research, explica que a companhia tem como prática remunerar os seus acionistas semestralmente, geralmente em fevereiro e agosto. Na sua política de dividendos, a BB Seguridade estabelece um dividendo mínimo obrigatório de 25% do lucro líquido. Nos últimos cinco anos, no entanto, a companhia pagou bem acima deste patamar.

O analista independente Ricardo Schweitzer explica que a BB Seguridade se divide hoje em quatro linhas de negócio. A seguradora BrasilSeg, concentrada nos segmentos rural, prestamista e vida, é responsável por cerca de 20% da receita da empresa. Já a BrasilPrev, administradora de planos de previdência, responde por 25% do resultado.

O destaque na receita da BB Seguridade fica por conta da BB Corretora, com 50% da receita, enquanto a Brasilcap (títulos de capitalização) e a Brasildental (seguro odontológico) respondem pelos 5% restantes.

Segundo os analistas, a principal vantagem competitiva da BB Seguridade frente aos seus concorrentes é ter o Banco do Brasil como plataforma de distribuição dos seus produtos, seja via agência, plataforma do banco ou na internet. No entanto, essa dependência pode também representar um risco. “A não renovação do contrato com o Banco do Brasil poderia implicar em perdas para a BB Seguridade, no entanto, isso não é algo para monitorar agora”, destaca Tiglia, da Nord.

Tiglia afirma que a BB Seguridade é uma empresa madura que apresenta boas perspectivas operacionais e financeiras para 2022. Ele acredita que a BB Seguridade está em um bom ponto de entrada, negociando a 9,0 vezes lucros futuros, com possibilidade de entregar um dividend yield de 7,9% em 2022 e 9% em 2023.  A companhia representa 11,6% da carteira de dividendos da Nord.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.