Por que Petrobras (PETR4) saiu do índice de dividendos da B3 (IDIV) justo quando passou a ser vista como boa pagadora?

Estatal planeja distribuir até US$ 70 bilhões em proventos entre 2022 e 2026, com pagamento de dividendos trimestrais

Mariana Segala

(Foto: Shutterstock)
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A nova carteira teórica do IDIV, índice da B3 que reúne as ações com destaque no pagamento de dividendos, passou a vigorar na segunda-feira (3) com uma mudança que chamou atenção dos analistas. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) foram excluídas do indicador, assim como as de outras cinco companhias: Syn Prop Tech (SYNE3), antiga Cyrela Commercial Properties; Vibra (VBBR3), antiga BR Distribuidora; Ferbasa (FESA4), líder nacional na produção de ferro-ligas; GetNet (GETT11), empresa de meios de pagamento; e Mahle Metal Leve (LEVE3), do segmento de autopeças.

No caso da Petrobras, a exclusão chamou atenção porque se seguiu ao anúncio, em novembro de 2021, da nova política de distribuição de dividendos da estatal – que, aliada aos bons resultados graças à alta do preço do petróleo, transformaram a empresa em uma das principais apostas de boas pagadoras para 2022.

Segundo o plano estratégico para o período de 2022 a 2026, a estatal planeja distribuir entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões em proventos durante esse período. A companhia adotou como critério um dividendo mínimo de US$ 4 bilhões para os anos em que o preço médio do petróleo tipo Brent for superior a US$ 40 o barril.

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O novo planejamento prevê o pagamento de dividendos trimestrais, com a possibilidade de distribuições extraordinárias, independente do nível de endividamento. “Em todos os parâmetros de distribuição, os dividendos não poderão comprometer a sustentabilidade financeira da companhia no curto, médio e longo prazo”, pondera o documento.

Por essa razão, alguns analistas passaram a incluir a Petrobras em suas recomendações de investimentos. Reportagem publicada pelo InfoMoney mostra que as ações da empresa estão entre as principais apostas dos especialistas para estratégias focadas em dividendos em 2022.

“Nem passava pela nossa cabeça, no início de 2021, colocar a Petrobras em uma carteira de dividendos”, disse Pedro Serra, gerente de research da Ativa Investimentos, na reportagem. E a constatação de Serra dão pistas do que motivou a exclusão das ações da empresa do IDIV justo agora.

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Como o IDIV é calculado?

Para serem incluídas na carteira teórica dos índices da B3, as ações precisam cumprir uma série de requisitos, cuja avaliação se baseia em indicadores históricos. E nos últimos anos, a Petrobras não tem sido uma das ações de maior destaque na distribuição de dividendos.

“A Petrobras foi prejudicada pelo alto endividamento e por desvios, o que a limitou a pagar menos ou nada”, diz o Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Corretora, lembrando que a baliza do IDIV é o histórico, e não o potencial.

Segundo a metodologia do IDIV, os critérios de inclusão são:

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  1. Estar entre os ativos elegíveis que, no período de vigência das três carteiras anteriores, em ordem decrescente, representem em conjunto 99% do somatório do Índice de Negociabilidade (IN);
  2. Estar presente em 95% das sessões de negociação no período de vigência das três carteiras anteriores;
  3. Não ser classificado como penny stock (com cotação inferior a R$1);
  4. Estar dentro dos 33% de ativos com os maiores dividend yields (taxa de retorno com dividendos) distribuídos nos últimos três anos;
  5. Ter o somatório dos dividend yields de cada 12 meses consecutivos, nos últimos três anos, maior do que zero.

Há ainda critérios de exclusão de ações do IDIV, que são os seguintes:

  1. Não atender os critérios de inclusão 1, 2 e 3;
  2. Estar, em ordem decrescente de dividend yield, classificados acima dos 44% de ativos elegíveis;
  3. Ter o somatório dos seus dividend yields dos últimos quatro quadrimestres iguais a zero;
  4. Passar, durante a vigência da carteira, a ser listado em situação especial (recuperação judicial, por exemplo). Nesse caso, serão excluídos do índice ao final do primeiro dia de negociação nesse enquadramento.

Segundo a B3 informou ao InfoMoney, o motivo da saída da Petrobras – e das outras cinco ações – do IDIV foi o segundo critério de exclusão. Segundo ele, para não serem excluídos, os ativos precisam estar classificados entre as “top 44%” ações com maior dividend yield.

“Dentro de um ranking das maiores pagadoras de dividendos nos últimos 3 anos, nenhuma delas permaneceu entre as 44% primeiras”, explicou a B3 em nota.

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Na visão de André Vidal, responsável pelo setor de Óleo, Gás e Materiais Básicos no research da XP, com sua nova política de distribuição de dividendos a Petrobras “deverá retornar ao IDIV em breve”. “Temos uma projeção de dividend yield para Petrobras ao redor de 25% para 2022 e montando a quase 100% no somatório de 2022 a 2026″, explica.

Carteira do IDIV

Confira a composição completa da nova carteira teórica do Índice Dividendos da B3:

Empresa Ticker Participação no IDIV (%)
ABC BRASIL ABCB4                    0,6
BANRISUL BRSR6                    1,1
BBSEGURIDADE BBSE3                    3,5
BRADESCO BBDC3                    3,6
BRADESCO BBDC4                    3,7
BRADESPAR BRAP4                    3,6
BRASIL BBAS3                    3,1
BRASILAGRO AGRO3                    0,9
CCR SA CCRO3                    2,7
CEMIG CMIG3                    3,0
CEMIG CMIG4                    3,4
CESP CESP6                    2,3
COPASA CSMG3                    1,4
COPEL CPLE3                    1,1
COPEL CPLE6                    2,8
CPFL ENERGIA CPFE3                    2,9
CYRELA REALT CYRE3                    2,6
DIRECIONAL DIRR3                    0,6
ELETROBRAS ELET3                    2,9
ELETROBRAS ELET6                    3,2
ENAUTA PART ENAT3                    0,6
ENERGIAS BR ENBR3                    2,8
ENGIE BRASIL EGIE3                    2,6
INDS ROMI ROMI3                    0,4
IOCHP-MAXION MYPK3                    1,2
ITAUSA ITSA4                    3,4
ITAUUNIBANCO ITUB3                    2,9
ITAUUNIBANCO ITUB4                    2,6
JHSF PART JHSF3                    1,0
MRV MRVE3                    2,0
PORTO SEGURO PSSA3                    2,2
QUALICORP QUAL3                    2,7
SANEPAR SAPR4                    0,4
SANTANDER BR SANB11                    4,3
SID NACIONAL CSNA3                    2,9
TAESA TAEE11                    4,6
TEGMA TGMA3                    0,3
TELEF BRASIL VIVT3                    6,2
TRAN PAULIST TRPL4                    4,5
UNIPAR UNIP6                    2,7
WIZ S.A. WIZS3                    0,4

Fonte: B3

Mariana Segala

Editora de Investimentos do InfoMoney