Poupança tem rendimento real negativo pelo 13º mês seguido; desempenho é o pior desde 1991

A rentabilidade real indica se um investimento é capaz de recompor a perda de poder de compra - o que não é o caso da poupança atualmente

Mariana Segala

(Feverpitched/GettyImages)
(Feverpitched/GettyImages)

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SÃO PAULO – A rentabilidade real da poupança – ou seja, descontando a inflação – acumulada em 12 meses ficou negativa em 7,46% em setembro. Segundo levantamento da plataforma de informações financeiras Economatica, foi o 13º mês consecutivo em que o retorno da caderneta não foi suficiente nem para superar o avanço da inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O desempenho foi o pior registrado desde outubro de 1991, quando a poupança teve rentabilidade real de -9,72% em 12 meses.

A rentabilidade real é um indicador importante para avaliar um investimento porque indica se ele é capaz de recompor a perda de poder de compra para o investidor. Por isso, aplicações que rendem abaixo da inflação – como tem sido o caso da poupança – são consideradas opções ruins pelos especialistas.

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Segundo a Economatica, a maior sequência de retorno real negativo da poupança ocorreu entre fevereiro de 2015 e setembro de 2016, quando houve perda de poder de compra por 20 meses seguidos.

Houve, ainda, outras duas sequências de 13 meses seguidos de desempenho negativo, como a atual. Uma delas aconteceu entre janeiro de 1991 e janeiro de 1992 e outra, entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016.

Acumulado em 2021

Entre janeiro e setembro de 2021, a caderneta apresentou retorno de -4,89% descontando a inflação. Só houve um desempenho pior em 1991, quando, entre janeiro e setembro, a rentabilidade real ficou negativa em 11,3%.

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Nos últimos 30 anos, a poupança só perdeu para a inflação no acumulado de janeiro a setembro em três oportunidades: além de 2021 e 1991, isso também aconteceu em 2015.

Resgates

A poupança encerrou setembro com mais resgates do que depósitos. A saída líquida da caderneta foi da ordem de R$ R$ 7,7 bilhões, segundo dados divulgados na quarta-feira (6) pelo Banco Central (BC).

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Fruto de depósitos de R$ 282,9 bilhões e retiradas de R$ 290,6 bilhões, o resultado representa um valor recorde para o período desde o início da série histórica do BC, iniciada em 1995.

No acumulado do ano, os resgates na poupança também superam os aportes, em R$ 23,3 bilhões. Já o saldo total aplicado soma agora R$ 1,031 trilhão.

Mariana Segala

Editora de Investimentos do InfoMoney