Projeto de criador do ChatGPT suspende registro de íris no Brasil em troca de criptomoeda

Distribuição dos tokens WLD em troca de biometria dos olhos havia iniciado há duas semanas em São Paulo

Paulo Alves

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Após duas semanas, a Worldcoin, projeto de Sam Altman, principal nome por trás da tecnologia de inteligência artificial ChatGPT, suspendeu no Brasil as atividades de registro de interessados em ter os olhos escaneados em troca de uma criptomoeda chamada WLD.

O projeto interrompeu o funcionamento dos quatro pontos de coleta dos dados biométricos no país, situados nas imediações do Itaim Bibi, em São Paulo. Brasileiros visitavam esses locais nos últimos dias — além do evento Campus Party, que aconteceu até o dia 30 de julho — para terem os olhos registrados. Segundo apurado pela reportagem, ao menos um deles seguia funcionando normalmente até ontem.

Para receber o equivalente a pouco menos de R$ 300 em criptomoedas, era preciso baixar um aplicativo, fazer um cadastro e depois ficar frente a frente com uma esfera chamada de “orb“, responsável por escanear o globo ocular e criar uma espécie de identidade digital.

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Contatada pelo InfoMoney, a Worldcoin Foundation, organização por trás da iniciativa, respondeu afirmando que o esforço de verificação de identidade realizado no Brasil fez parte de um projeto-piloto, e que o serviço não foi concebido para ser permanente neste momento.

“Esperamos estabelecer serviços contínuos no Brasil no futuro”, disse a fundação, que recomenda que interessados busquem por novidades no aplicativo oficial “enquanto o projeto lida com o aumento da demanda”.

Estima-se que a Worldcoin tenha registrado 2,2 milhões de pessoas globalmente.

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Pressão de governos

Embora tenha sido lançada há pouco tempo, a Worldcoin já coleciona problemas com autoridades. Na semana passada, o governo do Quênia ordenou a suspensão do registro de íris dos interessados afirmando que precisaria investigar possíveis perigos à segurança pública.

Já nesta semana, a Agência de Acesso à Informação Pública (AAIP) da Argentina afirmou que está investigando eventuais violações às leis de segurança e privacidade do país cometidas pela Worldcoin, devido à coleta de dados de cidadãos do país.

No Brasil, segundo o jornal Folha de S.Paulo, a ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados) ainda avalia a necessidade de verificar se a Worldcoin cumpre com os requisitos da LGPD, que trata como prioridade o tratamento de dados biométricos.

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A turbulência com governos começou a afetar a cotação do token WLD, que até quarta-feira (9) aparentava romper a lógica de novas criptomoedas, que costumam passar por forte volatilidade após o lançamento. Dois dias depois de operar na faixa entre US$ 2 e US$ 2,50, o ativo digital recuou cerca de 20%, sendo negociado na tarde desta sexta-feira (11) a US$ 1,69.

A queda afeta diretamente a recompensa oferecida a quem topa ter os olhos gravados pela empresa, fixada em 25 unidades do token: de cerca de R$ 260 há dois dias, os ativos passam a valer R$ 206 (a conta considera também a variação do dólar no período).

Paulo Alves

Editor de Criptomoedas