Quais as melhores opções de investimento para autônomos e profissionais liberais?

De acordo com especialistas em finanças, os investimentos destes profissionais são os mesmos, o que muda é o planejamento

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Trabalhar como autônomo ou profissional liberal tem suas vantagens, como uma maior flexibilidade em relação a horários e liberdade para decidir como será feito o próprio trabalho. Entretanto, também existem pontos negativos, como o fato de não ter uma renda mensal fixa.

Sem saber exatamente quanto pode ser poupado todos os meses, como ficam as aplicações financeiras de quem trabalha por conta própria? De acordo com o educador financeiro e fundador do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil, Mauro Calil, os investimentos destes profissionais são os mesmos, o que muda é o planejamento financeiro.

“As opções e os produtos para investir são os mesmos. O mais importante é definir bem o planejamento das finanças”, afirma Calil. Segundo ele, pelo fato de não terem certeza de quanto irão receber no final de cada mês, os profissionais que trabalham como autônomos precisam fazer um planejamento anual das finanças. “Existem meses em que os ganhos são menores e outros que são excelentes. Por isso, o importante é fazer uma média para saber quanto se pode investir do total recebido no ano”, diz.

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O planejador financeiro Valter Police Júnior concorda. “O orçamento doméstico precisa ser pensado de maneira diferente. É importante que este profissional tenha gastos fixos mais baixos, para evitar problemas nos meses em que seus ganhos forem menores”, aponta.

Para Mauro Calil, o ideal é que o profissional some o salário de todos os meses e divida por 12. Desta maneira, terá uma média de quanto recebe por mês e, dentro deste valor, deve usar a regra de 70% e 30%. “É importante ajustar as finanças para que todas as despesas possam ser pagas com 70% do salário. Os outros 30% devem ser utilizados para poupar e investir”, aponta Calil.

Onde investir
Segundo Calil, onde aplicar o dinheiro vai depender dos objetivos e do perfil de risco do investidor. O educador aconselha que, antes de decidir por determinada aplicação financeira, sejam feitas três perguntas: Quanto será investido, por quanto tempo e qual o objetivo do investimento. “Respondendo a estas perguntas, mesmo sem saber, a pessoa já estará fazendo um planejamento e conseguirá encontrar um produto adequado”, diz.

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Para Police, os profissionais que não possuem um salário fixo mensal devem privilegiar os investimentos com maior liquidez, já que podem precisar utilizar o dinheiro em meses que têm menos trabalho. “A própria poupança e o CDB são produtos interessantes para formar o que chamamos de ‘colchão de liquidez’”, diz Police. “Se você investir em ações, por exemplo, pode ter de vender os papéis na baixa em caso de emergência”, completa.

Entretanto, para o longo prazo, estes profissionais também devem diversificar os investimentos e, inclusive, aplicar em ações. “Tudo depende do objetivo e do prazo do investimento”, aponta o planejador financeiro.

Mauro Calil concorda. “Quem não tem apetite a risco, vai precisar poupar muito mais para conseguir alcançar o objetivo de longo prazo. Para quem pensa na aposentadoria, por exemplo, o investimento em ações é recomendado”, afirma.

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Um mês compensa o outro
Quem trabalha como autônomo deve estar preparado para os meses em que o ganhos são menores, até mesmo por questões sazonais. “Os dentistas, por exemplo, já sabem que dezembro e janeiro costumam ser meses em que o número de consultas cai bastante. Por isso, é importante se preparar para esses meses” , afirma Calil.

Segundo o educador financeiro, a melhor maneira de fazer isso é guardando mais nos meses em que os ganhos são mais expressivos. “Em épocas de vacas gordas, é importante ‘criar gordura’ para aos meses de vacas magras”, aponta Calil.

Ele ressalta que os profissionais liberais também têm alguns gastos que precisam ser levados em consideração. O dentista, por exemplo, pode precisar trocar os equipamentos do consultório. O representante comercial precisa trocar de carro com uma certa regularidade, pois precisa do veículo sempre em boas condições para trabalha.

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Por isso, é importante que estes profissionais separem uma parte dos ganhos para este tipo de despesa e formem uma poupança prévia. “Os títulos do Tesouro Direto são atualmente uma das melhores opções para investimentos de até dois anos. O CDB também tem se mostrado uma aplicação interessante neste momento de juros altos, mas é preciso negociar a taxa com o banco para que seja pago pelo menos 98% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), aconselha Calil.

De acordo com ele, para quem não tem nenhuma disciplina para poupar e investir, o consórcio também pode ser uma alternativa. “Hoje em dia, o consórcio é muito mais seguro e acessível”, aponta.

Cuidados
Para Calil, as pessoas que trabalham por conta própria precisam tomar cuidado com dois pontos principais. Em primeiro lugar, ele aponta que os profissionais liberais sabem que o seu ganho mensal depende da quantidade de trabalho e por isso, acabam aumentando o número de horas trabalhadas para atingir algum objetivo financeiro.

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“É a questão da invencibilidade. Um médico, por exemplo, que quer trocar de carro e resolve trabalhar duas horas a mais por dia. Ele acaba não se preocupando com outros aspectos da vida, como a própria saúde. Essa sensação de invencibilidade deixa turva a questão financeira”, afirma Calil.

Outro ponto que deve ser observado pelos profissionais liberais é saber separar a pessoa física da pessoa jurídica. “Depois de três meses de vendas muito boas, o representante resolve trocar de carro, compra joias para a esposa e faz programas caros com filhos. O profissional deve ter claramente qual é a necessidade dele e estabelecer um salário. O resto ele deve economizar e poupar”, aponta o educador financeiro.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip