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SÃO PAULO – A regulação é uma das principais preocupações comuns entre os gestores e investidores de hedge funds (fundos de proteção, em tradução livre), de acordo com pesquisa da consultoria Ernst & Young.
Segundo o levantamento, os impactos da regulação são citados como a principal preocupação por 48% dos gestores deste tipo de fundo e por 36% dos investidores ouvidos pela consultoria.
Os hedge funds são utilizados como instrumento de proteção (os gestores fazem operações com derivativos, no mercado futuro, com objetivo de proteger a carteira). Ao mesmo tempo, por operarem altamente alavancados, estes fundos podem proporcionar fortes perdas aos seus investidores em casos de estratégias equivocadas. Comuns em outros países, no Brasil não há fundos especificamente classificados como de hedge – apesar de alguns fundos multimercados adotarem a estratégia de proteção de carteira.
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Governança
Outras questões também foram citadas por investidores e por gestores destes fundos, mas com uma divergência maior de opiniões. Em relação à governança dos fundos, por exemplo, apenas 45% dos investidores afirmam que o conselho de administração de seus fundos é muito efetivo no cumprimento de suas obrigações, enquanto 68% dos gestores deram a mesma resposta.
Ainda segundo o levantamento, os investidores desejam mais prestação de contas por parte do conselho sobre cumprimento das diretrizes de investimentos (36%) e determinação de políticas de riscos e limites (38%), entre outros pontos. Entretanto, 69% dos gestores dizem que na maioria das vezes são eles – e não o conselho – que prestam contas e são responsáveis pelo cumprimento das diretrizes de investimentos, e 72% afirmam que eles estabelecem toda a política de riscos e limites.
“A recuperação do mercado de hedge funds tem sido encorajada, mas, após a crise, os investidores estão cada vez mais interessados em governança e supervisão de áreas em que ainda há gaps (buracos) consideráveis entre percepção e realidade”, afirma o sócio de auditoria para serviços financeiros da Ernst & Young Terco, Flavio S. Peppe. “Para continuar a satisfazer as demandas dos investidores e fomentar o cumprimento das regras, precisamos garantir que os investidores e os gestores de hedge funds falem a mesma língua”, continua.
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Outros pontos
Em relação à administração dos fundos, três quartos dos investidores afirmam ser importante que o hedge fund terceirize totalmente o processo de precificação (valuation) para um administrador, enquanto 71% dos gestores veem riscos nessa prática.
Segundo o levantamento, o acompanhamento do processo é considerado como uma necessidade por 76% dos investidores. Ao mesmo tempo, em muitos casos, este acompanhamento pode resultar na reprodução do trabalho executado pelos administradores.
“Os resultados revelam esforços em dobro e um modelo de negócio que é caro e único na indústria de hedge funds. No longo prazo, provavelmente os hedge funds vão repensar o acompanhamento de suas atividades e começarão a criar um ambiente de controle que tire proveito dos pontos fortes do administrador”, afirma Peppe.
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Já quando o assunto é planejamento sucessório, a pesquisa mostra que os gestores subestimam a importância, para os investidores, de uma estratégia de sucessão clara. Enquanto dois terços dos investidores dizem que ter um plano de sucessão bem articulado é importante para o seu nível de conforto, apenas 38% dos gestores afirmam que isto é importante.
Pesquisa
Os dados do estudo Coming of Age foram compilados para a Ernst & Young pela empresa de consultoria Greenwich Associates.
Em 2011, participaram da pesquisa 92 gestores de hedge funds dos Estados Unidos, Europa, Ásia e África, que administram cerca de US$ 600 bilhões, e 42 investidores institucionais, com mais de US$ 130 bilhões alocados em hedge funds.